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quarta-feira, 23 de abril de 2025

A Vida: Entre a Causa Perdida e a Oportunidade

 Por: Luis Genaro L. Fígoli (Mestre Moshe 33°)


A Vida: Entre a Causa Perdida e a Oportunidade (Ampliado)

A vida é, paradoxalmente, o mais profundo mistério e o mais cotidiano dos fenômenos. A cada instante, somos confrontados com a sua fragilidade e transitoriedade, mas também com o seu brilho fugaz – aquele que nos convida a explorá-la, a encontrar significados, a criar. Pensar a vida como uma "causa perdida" ou como uma "oportunidade" é enfrentar a própria condição humana: somos seres conscientes da nossa finitude, mas, ao mesmo tempo, desejosos de transcendê-la. Essa tensão é o motor de muitas das reflexões filosóficas mais profundas.

A vida como causa perdida: a sombra da morte

A morte é a única certeza que carregamos desde que nascemos. Para alguns, isso basta para declarar a vida como uma causa perdida. Afinal, para que nos esforçarmos, amarmos ou construirmos, se tudo será apagado pela passagem do tempo? Essa visão, por vezes associada ao niilismo, foi explorada por filósofos como Arthur Schopenhauer, que via a existência como um ciclo de desejos insaciáveis e sofrimentos inevitáveis. Para ele, viver era ser arrastado por uma força cega e irracional – a "vontade de viver" – que nos condenava ao desespero.

No entanto, mesmo Schopenhauer encontrava alguma beleza na contemplação estética. A arte, para ele, era um refúgio da dor da existência, um momento em que podíamos nos libertar temporariamente da tirania da vontade. Assim, mesmo na visão mais pessimista da vida, há espaço para algo que transcenda a pura negatividade.

Por outro lado, filósofos contemporâneos como Martin Heidegger ampliaram essa ideia, argumentando que a morte não é apenas um fim, mas uma presença constante na vida. Em sua obra Ser e Tempo, Heidegger descreve o ser humano como um "ser-para-a-morte". Isso não significa que vivemos obcecados pela morte, mas que ela é o horizonte último que dá sentido às nossas escolhas. A consciência da finitude não nos paralisa, mas nos desperta para a urgência de viver autenticamente.

A vida como oportunidade: a celebração da existência

Se a morte é inevitável, a vida, em contrapartida, é uma oportunidade única. Muitos filósofos e pensadores encontraram na transitoriedade da vida uma razão para celebrá-la. Friedrich Nietzsche, por exemplo, rejeitava o pessimismo de Schopenhauer e colocava a vida como algo que deve ser afirmado em toda a sua complexidade. Sua ideia do "amor fati" – o amor ao destino – nos convida a aceitar tudo o que a vida traz, tanto as alegrias quanto os sofrimentos, como partes intrínsecas de uma existência plena.

Nietzsche propôs o conceito do eterno retorno, uma ideia hipotética segundo a qual cada momento da nossa vida se repetiria infinitamente. Para ele, a verdadeira medida de uma vida bem vivida seria a capacidade de desejar que ela fosse repetida da mesma forma, eternamente. Essa visão nos desafia a viver com intensidade, a aproveitar cada instante como se fosse eterno.

Outro exemplo é Albert Camus, que, ao refletir sobre o absurdo da existência, encontrou um sentido paradoxal na própria falta de sentido. Em O Mito de Sísifo, Camus afirma que, embora a vida não tenha um propósito intrínseco, ela pode ser vivida plenamente ao abraçarmos o absurdo. A imagem de Sísifo, condenado a rolar eternamente uma pedra montanha acima, não é a de um homem derrotado, mas de alguém que encontra alegria no próprio esforço. Para Camus, "a luta para alcançar o cume é suficiente para preencher o coração de um homem".

Os ciclos da vida: equilíbrio entre perda e renovação

A vida é marcada por ciclos: nascimento e morte, crescimento e decadência, começos e fins. Esses ciclos nos lembram que a existência é impermanente, mas também cheia de renascimentos. O filósofo estoico Marco Aurélio refletia sobre essa natureza cíclica da vida em suas Meditações, observando que tudo na natureza segue um fluxo. Para ele, aceitar esse fluxo era a chave para viver com tranquilidade e sabedoria. "Tudo o que acontece é tão natural quanto as flores que desabrocham na primavera e as folhas que caem no outono", escreveu.

Essa percepção também aparece nas tradições orientais, como no budismo. O conceito de impermanência (ou anicca) é central na filosofia budista, que nos ensina a aceitar que tudo na vida é transitório. A dor, a alegria, as perdas e os ganhos – todos passam. No entanto, essa impermanência não deve ser motivo de tristeza, mas de gratidão. Cada momento é único precisamente porque é passageiro.

A alegria como resistência

Como, então, encontrar alegria em meio à transitoriedade e à certeza da morte? A resposta pode estar na forma como vivemos o presente. A alegria, nesse sentido, não é um estado permanente, mas uma atitude, um modo de estar no mundo. Viktor Frankl, psiquiatra e sobrevivente do Holocausto, descreveu em Em Busca de Sentido como, mesmo nas condições mais extremas, o ser humano pode encontrar sentido e beleza. Para Frankl, o sentido da vida não é algo dado, mas algo que criamos, mesmo nas situações mais adversas.

Além disso, a alegria pode ser vista como uma forma de resistência. Em um mundo marcado pela fragilidade e pela incerteza, celebrar a vida é um ato de coragem. É o que nos ensina o poeta Fernando Pessoa, quando diz: "Tudo vale a pena, se a alma não é pequena." A vida, com todos os seus desafios, ainda é um presente incomensurável.

A vida como paradoxo: causa perdida e oportunidade

No fundo, a vida é simultaneamente uma causa perdida e uma oportunidade. É perdida porque sabemos que terá um fim, mas é uma oportunidade porque, enquanto dura, podemos preenchê-la com significado. Essa dualidade é o que torna a existência tão rica e fascinante. Como escreveu o filósofo francês Blaise Pascal: "O homem não é nem anjo nem besta, mas algo entre os dois." Vivemos divididos entre a nossa fragilidade e a nossa capacidade de transcendê-la.

Talvez, portanto, a melhor maneira de viver seja aceitar esse paradoxo. Não precisamos escolher entre a causa perdida e a oportunidade – podemos abraçar ambos. A morte, longe de ser um inimigo, pode ser um lembrete constante de que cada momento conta, de que cada encontro é precioso, de que cada dia é uma chance de recomeçar. Afinal, como disse o poeta Mario Quintana: "A vida é o dever que nós trouxemos para fazer em casa."

E que tarefa mais nobre poderíamos desejar?

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sexta-feira, 3 de novembro de 2023

A VOLTA DO MESTRE – Conversa com o Aprendiz

 

A VOLTA DO MESTRE – Conversa com o Aprendiz

 

Por M.´.I.´. Luis Genaro L. Figoli (Moshe)

Grau 33° REAA

 

No Templo:

Mestre: Bem-vindo, meu jovem. Hoje, vamos explorar juntos alguns dos conceitos mais profundos da existência humana. Vamos começar pela natureza da vida. O que você acha que é a vida, meu aprendiz?

Aprendiz: Mestre, a vida, em sua essência, é um presente. É a capacidade de experimentar, aprender, crescer e evoluir. É a manifestação da energia e da consciência em um corpo físico.

 Mestre: Excelente observação. A vida é, de fato, um presente precioso. Mas também é efêmera. Cada ser vivo, incluindo nós, tem um tempo limitado neste mundo. E é essa finitude que nos leva a refletir sobre a justiça e a moral. O que você pensa sobre a justiça, meu aprendiz?

Aprendiz: Justiça é o princípio que visa a equidade e a imparcialidade. Envolve dar a cada um o que é devido, baseado em regras e valores estabelecidos. É a busca por um equilíbrio entre o certo e o errado.

 Mestre: Você está certo. A justiça é a base da sociedade. Ela assegura que as pessoas sejam tratadas com dignidade e respeito. No entanto, a moral desempenha um papel igualmente importante. Qual a sua compreensão da moral, meu aprendiz?

Aprendiz: A moral é o conjunto de princípios e valores que guia nosso comportamento. Ela determina o que é certo e errado, muitas vezes baseada em normas culturais e éticas pessoais. A moral nos ajuda a fazer escolhas que são consistentes com nossas crenças e valores.

Mestre: Exatamente, a moral é uma bússola interna que nos ajuda a navegar pelas complexidades da vida. É importante notar que a moral varia de pessoa para pessoa e de cultura para cultura. E isso nos leva a uma questão crucial: como podemos discernir o que é verdadeiramente sábio em meio a tantas perspectivas diferentes?

Aprendiz: Mestre, a sabedoria parece ser a capacidade de aplicar um discernimento profundo e uma compreensão clara para tomar decisões que beneficiem a nós mesmos e aos outros. A sabedoria nos ajuda a encontrar o equilíbrio entre a justiça e a moral, considerando a complexidade da vida.

 Mestre: Você está no caminho certo. A sabedoria é o resultado de uma busca constante pelo conhecimento e pela compreensão, aliada à experiência. É a capacidade de ver a imagem maior, de compreender a interconexão de todas as coisas, e de agir de maneira que promova o bem-estar não apenas no curto prazo, mas a longo prazo.

Aprendiz: Então, mestre, a busca pela sabedoria é a chave para encontrar a justiça e a moral em nossas vidas, mesmo diante das diferenças culturais e individuais?

 Mestre: Sim, meu jovem. A sabedoria nos ajuda a reconciliar as complexidades da vida e a tomar decisões justas e morais, independentemente das circunstâncias. É uma jornada longa e desafiadora, mas é uma jornada que vale a pena. Aprender e crescer juntos é a essência da vida, da justiça, da moral e da sabedoria.

Aprendiz: Mestre, enquanto exploramos a natureza da vida, da justiça, da moral e da sabedoria, surgem questões mais profundas. O que fazemos aqui neste mundo? De onde viemos? Existe um destino predeterminado para cada um de nós?

 Mestre: Excelentes questionamentos, meu aprendiz. A questão do propósito da vida é uma das mais antigas e complexas. Alguns acreditam que nosso propósito é moldado por nossas ações, escolhas e experiências ao longo da vida. Outros pensam que somos parte de um plano divino maior. O que você acredita?

Aprendiz: Mestre, eu acredito que nosso propósito pode ser tanto individual quanto coletivo. Acredito que cada um de nós tem a oportunidade de contribuir para o bem do mundo, deixando um legado positivo. Quanto ao destino, acredito que embora tenhamos escolhas, também somos influenciados por eventos que estão além do nosso controle.

 Mestre: Sua visão é ponderada, meu aprendiz. A ideia de destino versus livre arbítrio é um dilema antigo. Alguns acreditam que estamos predestinados a um caminho específico, enquanto outros afirmam que temos o poder de moldar nosso próprio destino. A verdade pode estar em algum lugar no meio, onde nossas escolhas individuais interagem com as forças do universo.

Aprendiz: Mestre, em meio a todas essas incertezas, o que é a fé? Como ela se encaixa nesse grande quebra-cabeça da existência humana?

 Mestre: A fé, meu jovem, é uma crença profunda e inabalável, muitas vezes transcendendo a razão e a lógica. Ela pode ser direcionada para uma divindade, um conjunto de princípios ou até mesmo na humanidade. A fé nos dá esperança e força em momentos de adversidade e incerteza, permitindo-nos encontrar significado em meio ao desconhecido.

Aprendiz: Então, mestre, a fé pode ser uma força que nos guia em nossa busca por sabedoria, justiça, moral e propósito?

 Mestre: Sem dúvida, meu aprendiz. A fé pode ser um farol que nos ilumina durante nossas jornadas em direção à compreensão mais profunda da vida e à busca por um propósito significativo. No entanto, lembre-se de que a fé é uma questão pessoal e pode variar significativamente de pessoa para pessoa. O importante é que ela nos inspire a buscar o bem e a verdade, independentemente de nossas crenças individuais.

Aprendiz: Obrigado, mestre, por compartilhar sua sabedoria. Essas conversas profundas nos ajudam a navegar pelo labirinto da existência com mais clareza e compreensão.

Mestre: Com certeza, meu aprendiz. Para enriquecer ainda mais nossa conversa, vamos abordar a resiliência, a caridade, o amor ao próximo, o espírito e a quinta essência.

Resiliência, meu jovem, é a capacidade de superar desafios, adversidades e experiências difíceis, mantendo a integridade e a determinação. Ela é um atributo fundamental que nos permite crescer e evoluir, não importa as circunstâncias.

Caridade, por sua vez, é o ato de dar, ajudar e apoiar os outros desinteressadamente. É a expressão do amor e da compaixão em ação, estendendo a mão para aliviar o sofrimento daqueles que precisam.

O amor ao próximo é um princípio que nos lembra da importância de cuidar uns dos outros. É a base da comunidade, do respeito mútuo e da solidariedade. Amar o próximo nos conecta e nos torna mais humanos.

O espírito, meu aprendiz, é a dimensão não material da existência. Envolve a busca por significado, conexão espiritual, e a compreensão do transcendente. Muitas pessoas encontram no espírito um caminho para explorar questões mais profundas da vida.

E finalmente, a quinta essência, ou o quinto elemento, é frequentemente associada ao éter, àquilo que está além dos quatro elementos tradicionais da natureza (terra, água, fogo e ar). A quinta essência representa o aspecto espiritual, etéreo e divino que permeia a existência.

Agora, meu aprendiz, com essas ideias adicionadas à nossa conversa, como você vê a interação entre resiliência, caridade, amor ao próximo, o espírito, e a quinta essência no contexto de nossa busca por sabedoria, justiça, moral e propósito?

Aprendiz: Mestre, com todas essas dimensões adicionadas, vejo que a resiliência é essencial para enfrentar os desafios que encontramos ao longo de nossa jornada em busca da sabedoria, justiça, moral e propósito. A capacidade de superar obstáculos nos ajuda a crescer e aprender com nossas experiências.

A caridade e o amor ao próximo são fundamentais para construir uma sociedade justa e moral. Ao estender a mão aos outros de maneira desinteressada, criamos um ambiente de apoio e compaixão que beneficia a todos.

O espírito, como a dimensão não material da existência, nos leva a explorar questões mais profundas e a buscar um significado mais elevado em nossa jornada. Ele pode nos guiar na direção da sabedoria e da compreensão do transcendente.

Quanto à quinta essência, ela representa a conexão com algo maior, algo divino. É a busca pela verdade absoluta e pela essência mais profunda da existência, que muitas vezes transcende as limitações da compreensão humana.

Portanto, esses elementos se entrelaçam e se complementam em nossa busca por compreender a natureza da vida, a justiça, a moral e a sabedoria. Eles nos lembram da importância de buscar um equilíbrio entre as dimensões materiais e espirituais de nossa existência, enquanto nos esforçamos para viver de acordo com os princípios que consideramos mais significativos.



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domingo, 1 de outubro de 2023

A Natureza dos Vazios na Vida - A Experiência Humana

 


A Natureza dos Vazios na Vida

Por 
M.´.I.´. Luis Genaro Ladereche Fígoli (Moshe)
Grau 33°

"No meio do Inverno, aprendi finalmente que 
havia dentro de mim um Verão invencível.”

Albert Camus

Viver sempre é um desafio. Desde que temos consciência de nossa existência, nos perguntamos, "o que fazemos aqui??". É uma das perguntas que fundaram a Filosofia, ou seja, desde tempos imemoriais, o ser humano tem se questionado sobre "por quê". Esta resposta a ciência não nos dá, ela responde apenas "como". As diversas religiões, a própria filosofia, buscam esta resposta que (provavelmente) explicará todas as dúvidas existenciais, embora creio, que esta resposta nunca nos ficará disponível neste plano, pois ela encerra a Verdade Absoluta.

E como não chegamos à resposta definitiva, nos esforçamos o melhor possível, a viver em busca da felicidade, que parece ser um dos grandes objetivos humanos. Mas a felicidade plena existe? Alguém consegue passar pela existência sem tem que se enfrentar com dificuldades, com problemas, dores, insatisfações, conflitos, dúvidas? O normal é sentirmos depressão pelas experiências passadas, estresse pelas experiências presentes e ansiedade pelas experiências futuras. E neste caminho ao longo da experiência da vida, vamos acumulando vazios que conseguimos ou não preencher dependendo da nossa capacidade de entendermos os momentos. 

Viver é uma jornada repleta de altos e baixos, e esses momentos de vazio são intrínsecos à experiência humana. Eles podem surgir de diversas maneiras, seja como a sensação de vazio existencial que nos faz questionar nosso propósito, a solidão que nos atinge quando nos sentimos desconectados dos outros ou a insegurança que surge em tempos de mudança e incerteza. Esses vazios são inerentes à nossa condição de seres humanos, e a maneira como escolhemos lidar com eles molda nossa trajetória.

A Busca pelo Preenchimento

A busca pelo preenchimento desses vazios é um reflexo da resiliência e da criatividade humana. Cada um de nós desenvolve estratégias únicas para dar sentido à vida. Alguns encontram preenchimento em relacionamentos profundos e significativos. A conexão com outras pessoas, o amor e o apoio emocional podem preencher esses vazios de maneira poderosa.

Outros buscam alcançar a realização profissional, encontrando propósito e satisfação em suas carreiras. A sensação de conquista e contribuição para a sociedade pode ser uma fonte profunda de significado. Além disso, muitos encontram alegria e preenchimento em paixões e hobbies, seja na música, esportes, arte, ou qualquer outra forma de expressão pessoal.

Além disso, a dimensão espiritual ou filosófica da vida também desempenha um papel importante na busca pelo preenchimento. Para alguns, a espiritualidade oferece um caminho para entender o significado mais profundo da existência, enquanto outros buscam respostas filosóficas para questões fundamentais sobre a vida e a mortalidade.

Os Desafios da Busca pelo Preenchimento

Entretanto, a busca pelo preenchimento nem sempre é simples. Muitas vezes, as pessoas enfrentam obstáculos significativos ao longo do caminho. Em um esforço para preencher vazios, alguns recorrem a comportamentos autodestrutivos, como abuso de substâncias ou relacionamentos interpessoais. Esses padrões podem ser uma tentativa equivocada de aliviar a dor do vazio, mas, a longo prazo, geralmente levam a um maior vazio e sofrimento.

A Importância do Equilíbrio

Encontrar um equilíbrio saudável entre preencher vazios e aceitar os momentos de vazio é fundamental para uma vida significativa e equilibrada. Reconhecer que vazios são parte integrante da jornada humana nos permite abraçar esses momentos como oportunidades para o crescimento pessoal.

O autoconhecimento desempenha um papel crucial nesse processo. Conhecer a si mesmo e suas necessidades pessoais ajuda a discernir o que realmente preenche os vazios de maneira autêntica e sincera. É um processo contínuo de exploração interna e reflexão.

Conclusão

A vida é uma dança constante entre vazios e preenchidos. Cada um de nós escreve sua própria história, moldando nossa narrativa de acordo como respondemos a esses espaços em branco. Ao encontrar o equilíbrio entre preencher espaços vazios e abraçar a jornada, somos capazes de viver vidas mais significativas e satisfatórias. Afinal, são os vazios que tornam o preenchimento tão significativo e a vida tão rica de significado. Ao longo dessa jornada, encontramos a verdadeira essência da nossa humanidade e descobrimos que, no final, a vida é um processo de constante autodescoberta e evolução.





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sábado, 23 de setembro de 2023

A ASTROBIOLOGIA, A CIÊNCIA E AS CONCEPÇÕES TEOLÓGICAS SOBRE O SURGIMENTO DA VIDA

 

 



A ASTROBIOLOGIA, A CIÊNCIA E AS CONCEPÇÕES TEOLÓGICAS SOBRE O SURGIMENTO DA VIDA

Escrito por

M.´.I.´. Luis Genaro Ladereche Fígoli (Moshe)

Grau 33°

 

Em ciência, a gente tem que ver para crer.

 Você observa a natureza, você observa o mundo,

obtém dados sobre como o mundo funciona,

analisa esses dados e entende

Pela fé, você crê para ver.

 A crença vem antes da visão.”

Marcelo Gleiser

 

A busca por respostas sobre a origem da vida é um empreendimento que tem intrigado tanto cientistas quanto filósofos e teólogos ao longo dos séculos. A disciplina da astrobiologia surge como um campo interdisciplinar que procura investigar a possibilidade de vida além da Terra e, por consequência, impacta diretamente nas concepções teológicas sobre o surgimento da vida.

A astrobiologia explora diversos aspectos, desde a compreensão das condições necessárias para a existência de vida até a busca por sinais de vida em outros planetas. A descoberta de exoplanetas em zonas habitáveis tem suscitado debates sobre a probabilidade de vida extraterrestre e suas implicações. Enquanto alguns argumentam que a existência de vida em outros mundos seria uma evidência da diversidade da criação divina, outros questionam se tal descoberta contradiz as narrativas religiosas tradicionais sobre a Terra ser o centro da criação divina.

Nas concepções teológicas, diferentes religiões e tradições têm abordado o tema de maneiras variadas. Algumas interpretações literais de textos sagrados podem entrar em conflito com a ideia de vida extraterrestre, enquanto abordagens mais simbólicas podem permitir uma maior flexibilidade na reconciliação entre fé e ciência. A descoberta de microrganismos extremófilos em ambientes inóspitos na Terra também levanta questões sobre a definição de vida e como ela se relaciona com as crenças religiosas.

É interessante notar que a astrobiologia e as concepções teológicas não precisam ser mutuamente excludentes. Muitos teólogos argumentam que a busca por vida além da Terra pode enriquecer a compreensão da criação divina, destacando a magnitude da obra divina em todo o universo. Além disso, a possibilidade de vida extraterrestre pode desafiar as religiões a repensar suas visões antropocêntricas, promovendo uma reflexão sobre o lugar da humanidade no cosmos.

A interação entre astrobiologia e concepções teológicas sobre o surgimento da vida reflete a constante busca da humanidade por respostas profundas e significativas sobre sua existência. Enquanto a ciência explora o universo físico em busca de pistas, a religião busca dar sentido a essas descobertas à luz de suas crenças espirituais. Em vez de um conflito inevitável, essa interação pode conduzir a diálogos enriquecedores que enriquecem tanto nosso conhecimento científico quanto nossa compreensão espiritual.

I - A ORIGEM DA VIDA (CONCEPÇÕES)

A origem da vida no planeta Terra é, sem dúvidas, um assunto que intriga toda a humanidade. Várias já foram as hipóteses criadas para explicar tal evento, porém até os dias atuais nenhuma foi completamente comprovada. Neste texto abordaremos algumas das principais ideias de gênese da vida.

a.     Criacionismo



De acordo com o Criacionismo, todos os seres vivos surgiram na Terra por meio de uma Criação Divina. Segundo essa ideia, Deus criou todos os seres vivos, incluindo os seres humanos, como está relatado na Bíblia. Essa ideia de origem da vida é uma das mais antigas e até hoje é aceita por muitos fiéis em torno de todo o planeta

Ao contrário do que muitos pensam, as diferentes religiões do mundo elaboraram uma versão própria da teoria criacionista.

a.1 Mitologia grega: A mitologia grega atribui a origem do homem ao feito dos titãs Epimeteu e Prometeu. Epimeteu teria criado os homens sem vida, imperfeitos e feitos a partir de um molde de barro. Por compaixão, seu irmão Prometeu resolveu roubar o fogo do deus Vulcano para dar vida à raça humana.

a.2 Mitologia chinesa: atribui a criação da raça humana à solidão da deusa Nu Wa, que, ao perceber sua sombra sob as ondas de um rio, resolveu criar seres à sua semelhança.

a.3 Criacionismo no cristianismo: O cristianismo adota a Bíblia como fonte explicativa sobre a criação do homem. Segundo a narrativa bíblica, o homem foi concebido depois que Deus criou céus e terra. Também feito a partir do barro, o homem teria ganhado vida quando Deus assoprou o fôlego da vida em suas narinas. Outras religiões contemporâneas e antigas formulam outras explicações, e algumas chegam a ter pontos de explicação bastante semelhantes.

 b. Panspermia



Panspermia é uma hipótese que afirma que a vida no planeta pode ter sido iniciada com base em partículas da vida que chegaram à Terra através do espaço. De acordo com o filósofo grego Anaxágoras, existiam sementes da vida em todo o Universo. Desse modo, a vida pode não ter sido originada aqui, e sim ter chegado ao planeta depois.

Essa ideia criou força no século XIX, quando os químicos Thenard, Vauquelin e Berzelius descobriram compostos orgânicos em amostras de um meteorito. Em 1871, o físico William Thomson propôs que meteoros ou asteroides, ao colidirem com planetas que continham vida, poderiam ter ejetado rochas contendo seres vivos. Assim, rochas contendo vida podem ter trazido ou colaborado com a origem da vida na Terra. De acordo com a teoria da panspermia, a vida pode ter chegado ao planeta por meio de um meteorito.

Fragmentos do meteorito Murchison, por exemplo, contêm mais de 80 aminoácidos diferentes. Além disso, esses fragmentos, que caíram na Austrália em 1969, contêm, além de aminoácidos, outras moléculas orgânicas fundamentais. Caso tenha maior interesse no assunto, leia nosso texto: Panspermia.

c.     Teoria de Oparin e Haldane



De forma independente, os cientistas Oparin e Haldane levantaram uma hipótese que é hoje considerada a mais aceita de origem da vida. Eles propuseram que a atmosfera primitiva da Terra apresentava compostos que sofreram a ação de raios e da radiação ultravioleta, dando origem a moléculas simples. Essas moléculas orgânicas ficavam nos oceanos primitivos, formando uma espécie de “sopa primitiva”.

De acordo com os pesquisadores, a atmosfera primitiva terrestre era composta basicamente por amônia, hidrogênio, metano e vapor d'água. O vapor d'água da atmosfera condensava-se e dava origem a chuvas. A água, ao cair no solo, evaporava-se rapidamente, uma vez que a superfície terrestre ainda era quente, dando início, desse modo, a um ciclo de chuvas. Nesse cenário observava-se ainda descargas elétricas e a radiação ultravioleta do Sol, que fazia com que os elementos atmosféricos reagissem e formassem compostos, os aminoácidos.

A água das chuvas levou esses aminoácidos à superfície terrestre. Esses, ao encontrarem condições favoráveis, começaram a formar estruturas semelhantes a proteínas. Com a formação dos oceanos, essas “proteínas primitivas” foram arrastadas para esses locais e formaram os coacervados, os quais podem ser definidos como agregados de proteínas rodeados por água. Após algum tempo, esses coacervados tornaram-se estáveis e mais complexos.

A ideia de Oparin-Haldane foi posteriormente testada pelos pesquisadores Miller e Urey, em 1953. Eles criaram um experimento em que foi possível simular as condições da Terra primitiva. O resultado foi impressionante, tendo sido eles capazes de produzir aminoácidos e outros compostos orgânicos. Desse modo, ambos concluíram que moléculas orgânicas podiam ser geradas de maneira espontânea em condições equivalentes às da Terra primitiva.

Entretanto, posteriormente, descobriu-se que a atmosfera primitiva provavelmente não era um ambiente como o sugerido por Oparin e Haldane. Ainda assim, mesmo considerando as novas descobertas para as características da atmosfera da Terra primitiva, foi possível produzir moléculas orgânicas.

Vale salientar também que a atmosfera primitiva poderia ser redutora em pequenas porções, como aquelas perto de aberturas de vulcões. Experimentos realizados nessas condições também geraram aminoácidos.

d.     Alimentação do primeiro ser vivo: hipóteses autotrófica e heterotrófica

Além de compreender como os seres vivos surgiram, os cientistas também buscam saber como esses sobreviveram em um ambiente tão remoto. Muito se discute ainda se o primeiro ser vivo era autotrófico ou heterotrófico, sendo possível observar muita discordância entre os autores de livros didáticos nesse sentido. Veja a seguir essas duas hipóteses:

Hipótese heterotrófica: afirma que o primeiro ser vivo não era capaz de produzir seu próprio alimento. Desse modo, esses primeiros seres alimentavam-se de moléculas orgânicas que estavam presentes no meio. Os que defendem essa ideia afirmam que os seres vivos primitivos seriam muito simples e incapazes de produzir seu próprio alimento. Provavelmente esses organismos extraiam energia dos alimentos por meio da realização da fermentação.

Hipótese autotrófica: afirma que os primeiros seres vivos eram capazes de produzir seu próprio alimento. Os autores que sustentam essa ideia acreditam que a Terra não possuía moléculas orgânicas suficientes para alimentar esses primeiros seres. Entretanto, vale destacar que provavelmente os primeiros organismos conseguiram obter seu alimento pelo processo de quimiossíntese, que não necessita de energia luminosa, como a fotossíntese. Na quimiossíntese os seres vivos produzem moléculas orgânicas utilizando a energia química.

 

II - EXPLOREMOS MAIS OS CONCEITOS:

1.     Astrobiologia:

A astrobiologia é uma disciplina científica que explora a possibilidade de vida em outras partes do universo, além da Terra. Ela engloba várias áreas, como a astronomia, biologia, química e geologia, para entender as condições necessárias para a existência de vida e procurar por sinais de vida em outros planetas, luas e exoplanetas. A astrobiologia também explora ambientes extremos na Terra, como fontes termais e ambientes subterrâneos, para entender a diversidade da vida e como ela poderia se manifestar em condições diferentes das encontradas em nosso planeta.

Um dos mais influentes Astrofísicos brasileiros, que atua nos EUA, explica que sim, existe uma fronteira entre ciência e religião, mas não, não é necessário haver um conflito entre ambas, conhecido por seu trabalho de divulgação da ciê Gleiser sustenta uma postura de demarcação entre ciência e religião sem que por isso haja conflito entre ambas.

O método científico, propõe Gleiser, caracteriza-se pelas evidências empíricas sobre as quais ele se apoia. O cientista não pode acreditar em algo simplesmente porque ele deseja — ele deve fundamentar sua opinião em dados empíricos.

Gleiser ainda argumenta que a “guerra” entre ciência e religião é fabricada: nos EUA, aproximadamente 40% dos cientistas dizem acreditar em Deus de alguma maneira. Portanto, a crença religiosa não entra necessariamente em conflito com a atividade científica: para esses cientistas, a ciência ajuda a revelar a beleza da Criação. Essa complementaridade é perturbada apenas quando esquecemos do propósito de cada uma dessas atividades.

2.     Concepções Teológicas:

As concepções teológicas sobre o surgimento da vida variam de acordo com as diferentes religiões e interpretações de textos sagrados. Para algumas tradições religiosas, como o cristianismo, o judaísmo e o islamismo, a criação da vida é vista como um ato divino, geralmente retratado em narrativas religiosas como o Livro do Gênesis. Essas interpretações literais podem entrar em conflito com as descobertas científicas, como a evolução das espécies proposta por Charles Darwin.

No entanto, muitos teólogos adotaram uma abordagem mais simbólica e metafórica para a criação, permitindo uma conciliação entre a fé e a ciência. Eles veem as narrativas religiosas como expressões profundas da relação entre a humanidade e o divino, em vez de descrições literais de eventos históricos. Isso abre espaço para interpretar as descobertas científicas, como a evolução, como parte do plano divino.

3.     A Astrobiologia e a Teologia:

O diálogo entre astrobiologia e concepções teológicas é uma área em constante evolução. Enquanto algumas pessoas veem a ciência e a religião como duas perspectivas inconciliáveis, muitos especialistas e pensadores argumentam que esses campos podem se complementar e enriquecer mutuamente. A busca por vida extraterrestre pode inspirar novas reflexões sobre o propósito da criação, a diversidade da vida e a posição da humanidade no cosmos.

Além disso, a descoberta de exoplanetas em zonas habitáveis e a pesquisa de ambientes extremos na Terra podem lançar luz sobre a resiliência da vida e a variedade de formas que ela poderia assumir. Essas descobertas podem levar a uma compreensão mais ampla da complexidade da existência e da maravilha do universo, tanto do ponto de vista científico quanto espiritual.

Em última análise, a interação entre a astrobiologia e as concepções teológicas sobre o surgimento da vida é um lembrete poderoso de que a busca pelo conhecimento e a exploração da espiritualidade podem coexistir de maneira harmoniosa, enriquecendo nossa compreensão do mundo ao nosso redor e do nosso lugar nele.

4.     O Diálogo entre a Ciência e a Religião

O diálogo entre ciência e religião é uma questão complexa que tem uma história longa e diversificada, e continua a evoluir à medida que avançamos para o futuro.

a.     História do Diálogo:

A história do diálogo entre ciência e religião é repleta de momentos de tensão e cooperação. Na Idade Média, por exemplo, a Igreja Católica desempenhou um papel fundamental na preservação e tradução de textos científicos clássicos. No entanto, também houve episódios de conflito, como o julgamento de Galileu Galilei no século XVII, quando suas descobertas astronômicas foram consideradas heréticas pela Igreja.

No século XIX, com o advento da teoria da evolução de Charles Darwin, houve um novo conflito entre ciência e religião. Alguns setores religiosos se opuseram vigorosamente à ideia de evolução, enquanto outros buscaram integrar a teoria da evolução em suas crenças, argumentando que a evolução era o método divino de criação.

b.     Tendências Atuais:

Hoje em dia, o diálogo entre ciência e religião continua, mas de maneira mais complexa e matizada. Muitos cientistas e religiosos procuram encontrar maneiras de reconciliar suas crenças religiosas com as descobertas científicas. Por exemplo, teólogos e filósofos da religião exploram como a teoria do Big Bang se relaciona com a ideia de criação divina.

Além disso, algumas religiões, como o judaísmo, o cristianismo e o islamismo, têm tradições teológicas que acomodam bem a ciência, enquanto outras, como o criacionismo literal, ainda estão em conflito direto com certas áreas da ciência.

c.     O Futuro do Diálogo:

O futuro do diálogo entre ciência e religião é incerto, mas parece que a tendência é para uma maior compreensão e colaboração. À medida que a ciência avança e desvenda mais mistérios do universo, as religiões podem continuar a adaptar suas interpretações para acomodar essas descobertas.

Por outro lado, a ética e os valores também desempenham um papel importante nesse diálogo. À medida que a tecnologia avança, questões éticas relacionadas à engenharia genética, inteligência artificial e outras áreas da ciência emergem, e as religiões podem fornecer orientação moral nesses debates.

O diálogo entre ciência e religião, enfim, é uma questão em constante evolução, que reflete as mudanças na sociedade, na ciência e nas crenças religiosas. O futuro desse diálogo dependerá de como as partes envolvidas abordam questões complexas e desafiadoras à medida que avançamos no entendimento do mundo que nos rodeia.

5.     Visão Filosófica:

A relação entre ciência e religião tem sido um tema central na filosofia da religião e na filosofia da ciência. Os filósofos buscam entender como essas duas áreas do conhecimento se relacionam e se complementam, ou se entram em conflito.

a.  Agostinho de Hipona (354-430): Agostinho, também conhecido como Santo Agostinho, teve uma influência significativa na filosofia da religião. Ele argumentou que a fé e a razão podem coexistir, mas a fé deve estar acima da razão. Para ele, a razão é importante para compreender o mundo material, enquanto a fé é necessária para compreender as verdades espirituais.

b.     Tomás de Aquino (1225-1274): Aquino, um teólogo e filósofo, desenvolveu a ideia de que a razão e a fé não estão em conflito, mas podem complementar-se mutuamente. Sua obra "Summa Theologica" explora como a filosofia aristotélica pode ser usada para explicar e compreender os ensinamentos religiosos.

c.     Immanuel Kant (1724-1804): Kant abordou a questão da relação entre ciência e religião de uma maneira diferente. Ele propôs a ideia de que a religião é uma questão de fé prática, não de conhecimento teórico. Ele argumentou que a moralidade e a religião são domínios separados da experiência humana.

d.     Ian Barbour (1923-2013): Barbour, um físico e teólogo, é conhecido por seu trabalho em ética e religião na era científica. Ele cunhou o termo "diálogo construtivo" para descrever a interação entre ciência e religião, argumentando que eles podem se influenciar de maneira positiva.

e.     Albert Einstein (1879-1955), o renomado físico teórico, tinha uma visão complexa sobre a relação entre ciência e religião. Sua posição geralmente é descrita como sendo não religiosa ou deísta. Aqui estão alguns pontos chave sobre a posição de Einstein em relação a esses dois domínios:

Deísmo: Einstein acreditava em um Deus que estava ligado à ordem e à harmonia do universo, mas sua concepção de Deus era mais impessoal e deísta do que a de uma divindade pessoal envolvida em assuntos humanos. Ele muitas vezes se referia a Deus como "o Espírito Superior" ou "o Deus de Spinoza", em referência ao filósofo Baruch Spinoza, que também tinha uma visão deísta da divindade.

Religião Organizada: Einstein era crítico em relação à religião organizada e às instituições religiosas. Ele via muitas formas de religião como dogmáticas e limitadoras da liberdade de pensamento. No entanto, ele respeitava a espiritualidade pessoal e a busca individual por significado.

Ciência e Religião: Einstein via a ciência e a religião como duas abordagens diferentes para compreender o mundo. Ele acreditava que a ciência lida com questões empíricas e verificáveis, enquanto a religião se concentra nas questões de significado e moral. Ele argumentava que esses dois domínios não eram mutuamente excludentes, mas complementares. Para ele, a religião fornecia um senso de admiração e maravilha que inspirava a investigação científica.

Ética: Einstein enfatizava a importância da ética e da responsabilidade humana. Ele acreditava que a ciência deveria ser usada para o benefício da humanidade e que a moralidade era fundamental para a nossa sobrevivência.

A posição de Einstein sobre ciência e religião pode ser resumida como uma crença em um Deus deísta, uma crítica à religião organizada, e a visão de que ciência e religião abordam diferentes aspectos da experiência humana. Sua perspectiva influenciou o debate sobre a relação entre esses dois domínios e continua sendo objeto de discussão e estudo até hoje.

f.   Stephen Hawking (1942-2018): O renomado físico teórico e cosmólogo, tinha uma visão claramente secular e ateísta sobre a relação entre ciência e religião. Ele expressou suas opiniões em várias ocasiões e em seu livro "Uma Breve História do Tempo". Aqui estão alguns pontos chave sobre a posição de Hawking em relação a esses dois domínios:

Ateísmo: Hawking se descreveu como um ateu. Ele argumentava que não via evidências convincentes para a existência de um Deus ou uma divindade, e considerava a crença em Deus como uma questão de fé pessoal, não de base científica. Ele afirmava que a ciência poderia explicar o universo sem a necessidade de recorrer a uma entidade divina.

Origem do Universo: Hawking fez contribuições significativas para nossa compreensão da origem do universo, como a teoria do Big Bang e os conceitos de buracos negros. Ele argumentava que a ciência oferecia explicações naturalistas para a criação do universo, eliminando a necessidade de uma criação divina.

Filosofia da Ciência: Hawking era conhecido por sua abordagem rigorosa e cética em relação à filosofia da ciência. Ele muitas vezes destacava a importância de testar as teorias científicas por meio de observações e experimentos, em oposição a especulações filosóficas.

Ética e Responsabilidade Humana: Embora Hawking fosse cético em relação à religião, ele enfatizava a importância da ética e da responsabilidade humana. Ele argumentava que, como seres racionais, temos a responsabilidade de cuidar do planeta e de nossos semelhantes, independentemente de crenças religiosas.

Em resumo, a posição de Stephen Hawking sobre a relação entre ciência e religião era claramente ateísta e secular. Ele via a ciência como o meio mais confiável para compreender o universo e argumentava que a crença em Deus era uma questão de fé pessoal, não de evidência científica. Suas opiniões influenciaram o debate sobre ateísmo e religião no contexto da ciência e continuam sendo objeto de discussão e reflexão.

Sua análise é decepcionantemente fraca em pontos muito críticos. O Big Bang, ele argumenta, foi a consequência inevitável das leis da física. “Porque existe uma lei como a gravidade, o universo pode e irá criar a si mesmo do nada.” No entanto, Hawking parece confundir lei com a agência (agency) ou força energia. Leis em si não criam nada. Elas são meramente uma descrição do que acontece sob certas condições. A Lei da Gravidade “explica” porque uma bola chutada, faz uma elipse e acaba caindo na terra, atraída por ela (segundo a física uma massa maior, atrai uma massa menor). Mas não explica um passo atrás: por quê existe uma “lei” da gravidade. Fruto do acaso? Aliás, não somente esta lei, mas todas as outras.

g.     Charles Darwin (1809-1882): o renomado naturalista que desenvolveu a teoria da evolução por seleção natural, teve um impacto significativo nas discussões sobre ciência e teologia durante e após sua vida. Sua teoria trouxe desafios consideráveis para as concepções teológicas tradicionais da criação e da origem da vida. Aqui estão alguns pontos importantes sobre Darwin e sua influência na relação entre ciência e teologia:

 

Teoria da Evolução: A teoria da evolução de Darwin, apresentada em sua obra "A Origem das Espécies" em 1859, postulava que as espécies evoluem ao longo do tempo por meio de um processo de seleção natural. Isso implicava que a diversidade da vida na Terra poderia ser explicada sem recorrer a um ato de criação divina. A ideia de que as espécies mudam gradualmente ao longo das gerações desafiou as interpretações literais de textos religiosos que descreviam a criação em um curto período de tempo.

Conflito Inicial: A teoria de Darwin provocou um conflito inicial entre a ciência e a teologia. Muitos líderes religiosos e crentes viram a evolução como uma ameaça às suas crenças religiosas tradicionais. O debate mais notável ocorreu com a Igreja Católica, que inicialmente condenou a teoria, mas posteriormente acomodou a evolução em sua doutrina, argumentando que a evolução era compatível com a ideia de um Deus criador.

Reconciliação Teológica: Com o tempo, algumas interpretações religiosas adaptaram-se à teoria da evolução. A teologia da criação evolucionista, por exemplo, argumenta que Deus utilizou a evolução como meio de criar e diversificar a vida. Isso permitiu que muitas pessoas reconciliassem suas crenças religiosas com as descobertas científicas de Darwin.

Questões Éticas e Morais: Darwin também contribuiu para o pensamento sobre ética e moral. Ele argumentava que a moralidade humana poderia ser compreendida em termos de evolução, como comportamentos que promovem a sobrevivência e o sucesso reprodutivo. Isso influenciou as discussões sobre ética secular, destacando a importância da cooperação e da empatia na sociedade humana.

Charles Darwin e sua teoria da evolução desempenharam um papel central na relação entre ciência e teologia. Sua teoria inicialmente gerou conflitos, mas também levou a esforços para reconciliar a ciência com as crenças religiosas. A evolução continua sendo um tópico importante no diálogo entre a ciência e a teologia, à medida que as interpretações religiosas continuam a se adaptar às descobertas científicas.

6.     E a Maçonaria:

Entre os autores maçônicos o debate também se deu em vários níveis. Albert Pike (1809-1891) , como uma figura proeminente na Maçonaria do século XIX, não é amplamente conhecido por suas opiniões sobre ciência, o surgimento da vida ou religião em um sentido acadêmico ou científico. Em vez disso, seu foco principal estava na Maçonaria e na filosofia maçônica. É importante ressaltar que as opiniões expressas por Albert Pike não representam uma autoridade na ciência ou na teologia, mas refletem suas visões pessoais e filosofia maçônica. Aqui estão algumas ideias gerais que podem ser associadas a Albert Pike em relação a esses temas:

a.     Ciência: Pike, em sua obra "Morals and Dogma of the Ancient and Accepted Scottish Rite of Freemasonry," aborda questões filosóficas e morais, mas não se concentra especificamente na ciência. No entanto, a Maçonaria em geral valoriza a busca pelo conhecimento e pelo entendimento, o que pode ser considerado um paralelo à ênfase na ciência como uma forma de compreender o mundo natural.

b.     Surgimento da Vida: Como um maçom, Albert Pike não tinha um papel central na discussão científica sobre o surgimento da vida. A questão do surgimento da vida é uma área de pesquisa científica que envolve biologia, química e geologia, enquanto Pike estava mais preocupado com questões filosóficas e morais relacionadas à Maçonaria.

c.     Religião: A Maçonaria, em geral, é uma organização que enfatiza a tolerância religiosa e não prescreve uma religião específica aos seus membros. Albert Pike escreveu sobre temas religiosos em sua obra maçônica, enfatizando a ideia de um Ser Supremo ou Grande Arquiteto do Universo, conceito comum na Maçonaria. Essa ideia não está alinhada com nenhuma religião específica, mas reconhece a existência de um princípio divino.

Em resumo, Albert Pike é mais conhecido por suas contribuições para a Maçonaria e a filosofia maçônica do que por suas opiniões sobre ciência, o surgimento da vida ou religião em um contexto estritamente científico ou teológico. Suas visões estavam mais relacionadas à Maçonaria como uma organização que promove princípios morais e filosóficos, com ênfase na tolerância religiosa e no reconhecimento de um princípio divino que não se alinha com nenhuma religião específica.

Um escritor maçônico que abordou a questão da ciência e da teologia em sua obra é Manly P. Hall[1]. Foi um autor, filósofo e maçom americano que desempenhou um papel significativo na divulgação da filosofia e dos ensinamentos maçônicos. Em sua extensa obra, ele explorou temas relacionados à espiritualidade, simbolismo e a interação entre a ciência e a espiritualidade.

Em várias de suas palestras e escritos, Manly P. Hall abordou como a ciência e a espiritualidade podem ser reconciliadas. Ele argumentava que a ciência e a religião, quando adequadamente compreendidas, não precisam estar em conflito, mas podem ser vistas como duas maneiras de explorar a mesma realidade.

Hall também enfatizou a importância do simbolismo na Maçonaria e em outras tradições esotéricas, argumentando que esses símbolos podem conter conhecimentos profundos sobre a natureza do universo e a relação entre o homem e o divino. Ele acreditava que a Maçonaria, em particular, era uma tradição que preservava antigas verdades espirituais por meio de símbolos e rituais.

Embora Manly P. Hall não fosse um cientista ou teólogo no sentido tradicional, suas obras e palestras sobre a relação entre ciência, espiritualidade e simbolismo exerceram uma influência significativa na compreensão maçônica desses temas. Suas contribuições continuam a ser estudadas e debatidas por aqueles interessados na Maçonaria e na filosofia esotérica.

Manly P. Hall não desenvolveu uma teoria científica ou teológica específica, mas em suas obras e palestras, ele explorou princípios filosóficos e espirituais que ele acreditava estarem subjacentes às tradições esotéricas, incluindo a Maçonaria. Seu trabalho foi influenciado por uma variedade de filosofias e correntes de pensamento, incluindo o esoterismo, o hermetismo e a tradição platônica. Aqui estão alguns dos fundamentos filosóficos e espirituais que Manly P. Hall abordou em sua obra:

a.     Simbolismo: Hall enfatizou a importância do simbolismo como uma linguagem que carrega significados profundos e universais. Ele argumentava que os símbolos, como os usados na Maçonaria, continham conhecimento espiritual e filosófico que poderia ser compreendido por aqueles que buscavam a sabedoria esotérica.

b.     Unidade de Todas as Religiões: Hall via uma unidade subjacente em todas as religiões e tradições espirituais. Ele acreditava que, no cerne de todas essas tradições, havia um conjunto comum de verdades espirituais que podiam ser descobertas por meio do estudo e da contemplação.

c.     Busca pela Sabedoria Interior: Ele encorajava as pessoas a procurarem a sabedoria dentro de si mesmas, argumentando que cada indivíduo possui uma centelha divina e a capacidade de compreender as verdades espirituais por meio da introspecção e da meditação.

d.     Compreensão da Natureza e do Universo: Hall acreditava que a compreensão da natureza e do universo era fundamental para a busca da sabedoria. Ele via a ciência como uma ferramenta importante para explorar os mistérios do mundo natural e integrar essa compreensão com a espiritualidade.

e.     Ética e Responsabilidade Pessoal: Ele enfatizava a importância da ética e da responsabilidade pessoal como parte da jornada espiritual. Acreditava que a busca da sabedoria deveria levar a uma vida moral e ao serviço à humanidade.

Em resumo, Manly P. Hall fundamentou seu trabalho em princípios filosóficos e espirituais que enfatizavam a busca da sabedoria, a unidade subjacente a todas as tradições espirituais, o simbolismo como uma linguagem de significado profundo e a importância da ética pessoal. Suas obras continuam sendo lidas e estudadas por aqueles interessados na espiritualidade, na Maçonaria e nas tradições esotéricas.

Nos Graus Superiores da Maçonaria temos algumas explicações mais aprofundadas sobre ciência, teologia, origem da vida e uma explicação particular sobre a origem e objetivo do Universo, que não é objeto deste artigo, porquanto não vamos abordar.

 

Em suma, os debates filosóficos sobre questões éticas relacionadas à ciência, como a engenharia genética, a inteligência artificial e a bioética, provavelmente desempenharão um papel importante no futuro. Os filósofos buscarão fornecer insights sobre como as crenças religiosas e os princípios éticos podem guiar nossas decisões em um mundo cada vez mais científico e tecnológico.

Em última análise, o diálogo filosófico entre ciência e religião enriquece nossa compreensão das complexas interações entre fé, razão e conhecimento, e continuará a ser um campo importante de investigação e reflexão no futuro.

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SANTOS, Vanessa Sardinha dos. "Origem da vida"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/biologia/origem-vida.htm. Acesso em 23 de setembro de 2023.

https://brasilescola.uol.com.br/biologia/origem-vida.htm

Wikipedia

PIKE, Albert – “Moral e Dogma”;

GLEISER, Marcelo – “Poeira das Estrelas”

HAWKING, Stephen – “Uma Breve História do Tempo”;

HALLS, Manly Palmer – “The Secret Teachings of All Ages: An Encyclopedic Outline of Masonic, Hermetic, Qabbalistic and Rosicrucian Symbolical Philosophy”



[1] Manly Palmer Hall (18 de março de 1901 - 29 de agosto de 1990) foi um autor, conferencista, astrólogo, místico e maçom canadense . Ao longo de sua carreira de 70 anos, ele deu milhares de palestras e publicou mais de 150 volumes, dos quais o mais conhecido é Os Ensinamentos Secretos de Todas as Idades (1928). Em 1934 ele fundou a Sociedade de Pesquisa Filosófica em Los Angeles. Após o sucesso de Os Ensinamentos Secretos de Todas as Idades, Hall publicou vários livros, os principais dos quais incluíam Os Artífices Dionisíacos (1936), Maçonaria dos Antigos Egípcios (1937) e Ordens Maçônicas de Fraternidade (1950). Continuando sua carreira até os setenta anos e além, Hall proferiu aproximadamente 8.000 palestras nos Estados Unidos e no exterior, escreveu mais de 150 livros e ensaios e escreveu inúmeros artigos para revistas . Hall aparece na introdução do filme de 1938, When Were You Born, um mistério de assassinato que usa a astrologia como ponto-chave da trama. Hall escreveu a história original do filme (roteiro de Anthony Coldeway) e também é creditado como narrador.

 

 

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quinta-feira, 24 de agosto de 2023

A VIDA É JUSTA OU ALEATÓRIA: HÁ JUSTIÇA NA VIDA?


Por M.´. I.´. Luis Genaro Ladereche Fígoli

33°

Quando nos deparamos com uma morte de uma criança inocente, às vezes por doença, outras por morte violenta. Quando nos deparamos com injustiças com terceiros e conosco mesmo, acusados de crimes que não cometemos. Quando vemos pessoas humildes, sem condições de se alimentar minimamente, sem segurança, vivendo da caridade alheia. Quando nos deparamos com pessoas cheias de vitalidade, jovens, acometidos de doenças graves, às vezes mortais. Quando nos deparamos com violência gratuita que tira a vida de pessoas inocentes, como uma bala perdida. Quando vemos o choro de uma criança ou de um idoso abandonado, depois de ter labutado a vida toda para criar a sua familia e é abandonado na sua velhice. Pensamos: a vida é justa? Devemos esperar justiça e recompensa em nossa vida? Se sim, devemos esperar a justiça humana ou Divina? Por que temos a sensação de abandono, às vezes, mesmo sendo uma pessoa correta e humana?

Talvez a vida seja uma encruzilhada complexa onde a balança do destino pende e oscila com uma indecifrável incerteza. Em um mundo repleto de contrastes, fica difícil definir com exatidão se a vida é justa ou mera expressão de aleatoriedade.

Caminhando pelas ruas da cidade, observo rostos que transitam com sorrisos radiantes e outros com olhares melancólicos. Uma criança brinca despreocupadamente, alheia às preocupações dos adultos, enquanto um idoso carrega consigo os fardos do tempo. E a pergunta ecoa: a vida é justa para todos?

No entanto, é nos desafios que encontramos algumas pistas para essa resposta. Como uma trama complexa, a vida tece suas histórias com momentos de triunfo e derrota. Às vezes, parece que as adversidades são distribuídas sem critério, como se o destino jogasse um dado invisível. Mas, por entre as rachaduras das dificuldades, brotam as sementes da resiliência e da superação.

Contemplando a natureza, percebemos a lei implacável da sobrevivência. O ciclo da vida, onde a presa é caçada pelo predador, sugere uma luta constante pela existência. Pode parecer injusto à primeira vista, mas é nesse equilíbrio frágil que a biodiversidade encontra seu espaço.

Assim, a vida talvez seja uma balança em constante movimento, um jogo complexo de luz e sombra, de alegrias e tristezas. Se a justiça é medida pela igualdade absoluta, talvez a vida não atenda a esse critério. No entanto, se considerarmos a justiça como uma oportunidade de crescimento e aprendizado, mesmo nas circunstâncias mais difíceis, então talvez a vida seja justa, afinal.

Como um pintor que mistura cores contrastantes em sua tela, a vida nos oferece uma paleta de experiências variadas. E enquanto buscamos entender o enigma da justiça, podemos descobrir que é nas entrelinhas dessa questão que encontramos nosso propósito, nossa força interior e, quem sabe, a verdadeira essência da vida.

1. Equilíbrio entre Adversidade e Resiliência: A ideia de que a vida é uma interseção complexa entre desafios e a capacidade de superá-los é um conceito fundamental. A adversidade pode parecer injusta, mas é através dela que crescemos, desenvolvemos resiliência e aprendemos lições valiosas. A resiliência permite que enfrentemos as dificuldades, nos adaptemos e evoluamos, transformando as dificuldades em oportunidades.

2. Diversidade de Experiências: A analogia da vida como uma paleta de cores contrastantes ressalta a diversidade de experiências que encontramos ao longo do caminho. Cada indivíduo tem sua própria jornada, cheia de momentos de alegria e tristeza, triunfo e fracasso. Essa diversidade de experiências torna a vida complexa e única para cada um.

3. Percepção da Justiça: O conceito de justiça não é absoluto e pode ser interpretado de várias maneiras. A busca pela igualdade perfeita pode ser uma aspiração, mas a perspectiva de que a justiça é encontrada na capacidade de encontrar sentido e crescimento em situações desafiadoras adiciona uma dimensão mais profunda. A justiça, nesse sentido, não se limita à distribuição equitativa de recursos, mas à oportunidade de transformar obstáculos em degraus para o amadurecimento pessoal.

4. Ciclo da Natureza e Sobrevivência: Observar a natureza como um sistema em que a vida se equilibra entre predadores e presas ajuda a compreender que a luta pela sobrevivência é uma parte inerente da vida. Essa dinâmica pode ser percebida como injusta, mas também representa um delicado equilíbrio ecológico que sustenta a diversidade da vida no planeta.

5. Propósito e Significado: A busca pelo propósito é uma constante na vida humana. A crônica sugere que a compreensão da justiça da vida pode estar intrinsecamente ligada à descoberta do nosso propósito e significado pessoal. Encontrar significado nas experiências, tanto nas alegrias quanto nas dificuldades, pode ser uma maneira de sentir que a vida é, de fato, justa.

No cerne do artigo, reside a reflexão de que a justiça da vida é uma perspectiva em constante evolução, moldada pela nossa compreensão, experiências e atitudes perante os desafios que encontramos. É a capacidade de enxergar a beleza, a aprendizagem e o potencial de crescimento nas situações que nos leva a concluir que, apesar das aparências, a vida pode, de fato, ser justa em sua própria maneira complexa e singular.



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quarta-feira, 19 de setembro de 2012

MAÇONARIA: O Sentido da Vida. Uma Jornada para a Felicidade



Vida é um tesouro precioso que a vontade Divina nos oferece.

A maneira como pensamos a vida é a condição primeira para que possamos traçar o rumo da nossa evolução, da nossa felicidade e da nossa paz, a famosa jornada para a felicidade.

O caminho é a felicidade. Felicidade não é o destino. Jesus não disse eu sou o destino, ele disse “eu sou o caminho, a verdade e a vida”. São os degraus de nossa evolução, para chegarmos a nosso objetivo.

Para medir a nossa evolução, precisamos saber:
  •  De onde saímos;
  •  Qual o caminho;
  •   Aonde queremos chegar.

Hoje, de maneira muito simples, vamos cuidar do primeiro passo. De onde saímos. 

Como uma árvore poderá ter inúmeros ramos, mas tem um tronco e uma raiz. Não queremos o fruto, queremos é a raiz, de onde viemos porque aonde vamos vai depender de cada um de nos.

Se verificarmos, a mais de 2400 anos, um pensador chamado Tales de Mileto[1] diz que a base da vida é a água. O planeta terra, nós mesmos, temos como composição celular 75% de água. De certa forma este pensador estava certo, pois a base da vida é a água.

Outro pensador Anaximandro[2] (+2400 anos atrás) dizia que a base da vida não é a água, é o ilimitado. Por quê? Muitas coisas têm limite, a altura das pessoas, o tamanho das coisas, etc. O amor tem limite?? Pode ser medido??

Seu discípulo Anaxímenes[3] dizia que a base da vida é o ar. O ar é tão importante para a conservação da vida humana que ninguém consegue se matar prendendo a própria respiração. O instinto de conservação vai falar mais forte e obrigar a respirar.

Outro pensador vai dizer que a base da vida é a Terra. Mergulhe no mais profundo do oceano, vai encontrar a terra. Onde você vive é a Terra. Já Empédocles[4] vai dizer que a base da vida é o fogo. “do Fogo viemos e ao fogo voltaremos”.

Encontramos assim os quatro elementos da natureza: Agua, Ar, Terra e Fogo, tão importantes na antiguidade e tão importante no entendimento dos fundamentos da maçonaria (vide Iniciação).

Pitágoras era um gênio da matemática. Vai morar no Egito e cria uma nova doutrina e torna-se o principal sacerdote, colocando a base da vida como sendo o número, ou a matemática. Ele, por exemplo, descobre a quinta e a sétima nota musical através de cálculos matemáticos. Ele descobriu a oitava que a primeira nota que se repete após a sétima num tom maior. Ele é o autor do Teorema de Pitágoras. Ele vai dizer que ´”AMOR É MATEMÁTICO”. Os mais novos devem lembrar o filme Matrix era uma somatória de  combinações matemáticas. O universo é matemático.

Outro pensador Heráclito[5] vai dizer que a base da vida é algo chamado “mudança”. Ninguém tomará banho de novo no mesmo rio. As águas serão outras. O universo está em movimento. Pegue um livro, leia-o duas vezes. Verá que percebe coisas diferentes. Um filme, igual. A base da vida é a mudança, é o movimento é o que faz a lei do progresso. É a base hoje melhor do que ontem e amanha melhor do que ontem....São os degraus da escada de nossa divina ascensão.

Heráclito foi pai de um filósofo e médico Hipócrates, do juramento da medicina. Para Hipócrates a base da vida é a saúde.

Talvez o melhor pensador de todos os tempos tenha sido Sócrates[6]. Tão importante fora, que a filosofia clássica se divide em antes e depois dele. Sócrates vai dizer que uma vida só vale a pena ser vivida se for pensada. Senão nós não vivemos, sobrevivemos. Pensar sobre a vida é muito importante. Dizem que ele era um homem com uma esposa muito problemática, por isso talvez tenha se dedicado com tanta ênfase a pensar.... Vamos dizer que não era uma acácia, era um cactos. Um homem tem uma luz interior, dizia Sócrates. Só que existe um véu embaçando a luz, e esse véu é a causa de todos os males da humanidade. Esse véu tem nome: a IGNORÂNCIA

Logo qual é o objetivo da filosofia? Arrancar o véu e fazer brilhar a sua luz!!!!! 

Essa frase tem mais de 2300 anos. É nosso segundo parto e talvez o maior e mais importante, a sensação que você vai ter arrancando o véu da ignorância, é o sofrimento, é a dor, dá trabalho. Mas a primeira experiência que você vai ter brilhando a tua luz, e conquistando a sabedoria, é uma felicidade que você nunca experimentou: Conhece-te a ti mesmo, foi a frase que Sócrates viu no Santuário de Delfus que deflagrou toda sua filosofia. O chamado AUTOCONHECIMENTO. 

Luz para os gregos é o que há de mais importante para o homem. Socrates vai falar que a luz não está mais com os Deuses, a luz está com você. Tanto que foi condenado a morte por sua filosofia. Ou seja, se seu destino pertencia aos Deuses, a partir daí passa a pertencer ao homem.

Estes sábios que citamos muito rapidamente servem para demonstrar que essa busca é antiga, importante e decisiva, para que nos consigamos cumprir nosso propósito de existência na terra que é ser feliz. Se não for feliz de nada adiantou nossa existência.

Para que dinheiro, por exemplo, se não traz felicidade. Dinheiro não compra amigos, compra companheiros de farra. Para conhecer os amigos, fique doente ou pobre, daí conhecerá o verdadeiro amigo. Dinheiro não compra saúde, compra tratamento.

Quando começamos a pensar nossa vida diferente, vamos pensando de uma maneira para que possamos estruturar a felicidade verdadeira e vivermos uma vida verdadeiramente feliz, sem as mesmices que vivemos no mundo. Desde criança somos ensinados a esperar a derrota. Quando algo da certo ficamos desconfiados. Pense e verá que é verdadeiro. Reflita.

Nosso papel é pensar positivamente a vida, é questão de opção escolher o caminho a seguir. Na vida tudo vai ser sempre opção. Vivemos decidindo a cada minuto, a cada segundo. Sempre teremos uma escolha. Ser feliz é uma escolha. Ninguém se torna infeliz da noite para o dia. Somos o somatório das decisões que adotamos. Somos não o que realmente somos, mas o que acharmos que somos. Se você acha que consegue vai à luta, e até se não conseguir, aprende com ele e faz do seu sucesso amanhã.

Mudar a maneira de pensar é o segredo. É o que fazemos na Maçonaria. É nisso que nos treinamos. É para isso que estamos aqui.

Cuide-se porque ser feliz é o melhor tesouro, o maior objetivo e o que dá sentido a nossa existência tornando-a verdadeira e significativa.

Pensando sobre a vida, voltando a Sócrates, que nós construiremos uma sociedade mais justa e uma vida mais feliz, que em definitivo, é o principal objetivo da Maçonaria.



[1] Tales de Mileto (em grego antigo: Θαλῆς ὁ Μιλήσιος) foi um filósofo da Grécia Antiga, o primeiro filósofo ocidental de que se tem notícia. De ascendência fenícia,[carece de fontes] nasceu em Mileto, antiga colônia grega, na Ásia Menor, atual Turquia, por volta de 624 ou 625 a.C. e faleceu aproximadamente em 556 ou 558 a.C..Tales é apontado como um dos sete sábios da Grécia Antiga. Além disso, foi o fundador da Escola Jônica. Considerava a água como sendo a origem de todas as coisas, e seus seguidores, embora discordassem quanto à “substância primordial” (que constituía a essência do universo), concordavam com ele no que dizia respeito à existência de um “princípio único" para essa natureza primordial.
[2] Anaximandro (em grego: Ἀναξίμανδρος; 610 — 547 a.C.) foi um geógrafo, matemático, astrônomo, político e filósofo pré-Socrático; discípulo de Tales, seguiu a escola jônica[1]. Os relatos doxográficos nos dão conta de que escreveu um livro intitulado "Sobre a Natureza"; contudo, essa obra se perdeu.Atribui-se a Anaximandro a confecção de um mapa do mundo habitado, a introdução na Grécia do uso do Gnômon (relógio solar) e a medição das distâncias entre as estrelas e o cálculo de sua magnitude (é o iniciador da astronomia grega).
[3] Anaxímenes de Mileto[1] (Grego: Άναξιμένης; 588-524 a.C.) foi um filósofo pré-socrático do Período Arcaico, activo na segunda metade do século VI a.C..[2][3] Foi um dos três filósofos da escola milésia, é identificado como estudante de Anaximandro.[4][5] Anaxímenes, tal como outros na sua escola de pensamento, praticou o materialismo monista.[6][5] Esta tendência para identificar uma específica realidade composta de um elemento material constitui o âmago das contribuições que deu fama a Anaxímenes.Escreveu a obra “Sobre a natureza”, em prosa. Dedicou-se especialmente à meteorologia. Foi o primeiro a afirmar que a luz da Lua é proveniente do Sol.
[4] Empédocles (em grego antigo: Ἐμπεδοκλῆς; Agrigento, 495/490 - 435/430 a.C.) foi um filósofo, médico, legislador, professor, mítico além de profeta, foi defensor da democracia e sustentava a idéia de que o mundo seria constituído por quatro princípios: água, ar, fogo e terra.
[5] Heraclito de Éfeso (Grego: Ἡράκλειτος ὁ Ἐφέσιος—Hērákleitos ho Ephésios, Éfeso, aprox. 535 a.C. - 475 a.C.) foi um filósofo pré-socrático considerado o "pai da dialética". Recebeu a alcunha de "Obscuro" principalmente em razão da obra a ele atribuída por Diógenes Laércio, Sobre a Natureza, em estilo obscuro, próximo ao das sentenças oraculares.Na vulgata filosófica, Heraclito é o pensador do "tudo flui" (panta rei) e do fogo, que seria o elemento do qual deriva tudo o que nos circunda. De seus escritos restaram poucos fragmentos (encontrados em obras posteriores), os quais geraram grande número de obras explicativas.
[6] Sócrates (em grego: Σωκράτης, AFI: [sɔːkrátɛːs], transl. Sōkrátēs; Atenas, c. 469 a.C. - Atenas, 399 a.C.)[1] foi um filósofo ateniense do período clássico da Grécia Antiga. Creditado como um dos fundadores da filosofia ocidental, é até hoje uma figura enigmática, conhecida principalmente através dos relatos em obras de escritores que viveram mais tarde, especialmente dois de seus alunos, Platão e Xenofonte, bem como as peças teatrais de seu contemporâneo Aristófanes. Muitos defendem que os diálogos de Platão seriam o relato mais abrangente de Sócrates a ter perdurado da Antiguidade aos dias de hoje.[2]
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