Mostrando postagens com marcador Ateismo. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Ateismo. Mostrar todas as postagens

sábado, 23 de setembro de 2023

A ASTROBIOLOGIA, A CIÊNCIA E AS CONCEPÇÕES TEOLÓGICAS SOBRE O SURGIMENTO DA VIDA

 

 



A ASTROBIOLOGIA, A CIÊNCIA E AS CONCEPÇÕES TEOLÓGICAS SOBRE O SURGIMENTO DA VIDA

Escrito por

M.´.I.´. Luis Genaro Ladereche Fígoli (Moshe)

Grau 33°

 

Em ciência, a gente tem que ver para crer.

 Você observa a natureza, você observa o mundo,

obtém dados sobre como o mundo funciona,

analisa esses dados e entende

Pela fé, você crê para ver.

 A crença vem antes da visão.”

Marcelo Gleiser

 

A busca por respostas sobre a origem da vida é um empreendimento que tem intrigado tanto cientistas quanto filósofos e teólogos ao longo dos séculos. A disciplina da astrobiologia surge como um campo interdisciplinar que procura investigar a possibilidade de vida além da Terra e, por consequência, impacta diretamente nas concepções teológicas sobre o surgimento da vida.

A astrobiologia explora diversos aspectos, desde a compreensão das condições necessárias para a existência de vida até a busca por sinais de vida em outros planetas. A descoberta de exoplanetas em zonas habitáveis tem suscitado debates sobre a probabilidade de vida extraterrestre e suas implicações. Enquanto alguns argumentam que a existência de vida em outros mundos seria uma evidência da diversidade da criação divina, outros questionam se tal descoberta contradiz as narrativas religiosas tradicionais sobre a Terra ser o centro da criação divina.

Nas concepções teológicas, diferentes religiões e tradições têm abordado o tema de maneiras variadas. Algumas interpretações literais de textos sagrados podem entrar em conflito com a ideia de vida extraterrestre, enquanto abordagens mais simbólicas podem permitir uma maior flexibilidade na reconciliação entre fé e ciência. A descoberta de microrganismos extremófilos em ambientes inóspitos na Terra também levanta questões sobre a definição de vida e como ela se relaciona com as crenças religiosas.

É interessante notar que a astrobiologia e as concepções teológicas não precisam ser mutuamente excludentes. Muitos teólogos argumentam que a busca por vida além da Terra pode enriquecer a compreensão da criação divina, destacando a magnitude da obra divina em todo o universo. Além disso, a possibilidade de vida extraterrestre pode desafiar as religiões a repensar suas visões antropocêntricas, promovendo uma reflexão sobre o lugar da humanidade no cosmos.

A interação entre astrobiologia e concepções teológicas sobre o surgimento da vida reflete a constante busca da humanidade por respostas profundas e significativas sobre sua existência. Enquanto a ciência explora o universo físico em busca de pistas, a religião busca dar sentido a essas descobertas à luz de suas crenças espirituais. Em vez de um conflito inevitável, essa interação pode conduzir a diálogos enriquecedores que enriquecem tanto nosso conhecimento científico quanto nossa compreensão espiritual.

I - A ORIGEM DA VIDA (CONCEPÇÕES)

A origem da vida no planeta Terra é, sem dúvidas, um assunto que intriga toda a humanidade. Várias já foram as hipóteses criadas para explicar tal evento, porém até os dias atuais nenhuma foi completamente comprovada. Neste texto abordaremos algumas das principais ideias de gênese da vida.

a.     Criacionismo



De acordo com o Criacionismo, todos os seres vivos surgiram na Terra por meio de uma Criação Divina. Segundo essa ideia, Deus criou todos os seres vivos, incluindo os seres humanos, como está relatado na Bíblia. Essa ideia de origem da vida é uma das mais antigas e até hoje é aceita por muitos fiéis em torno de todo o planeta

Ao contrário do que muitos pensam, as diferentes religiões do mundo elaboraram uma versão própria da teoria criacionista.

a.1 Mitologia grega: A mitologia grega atribui a origem do homem ao feito dos titãs Epimeteu e Prometeu. Epimeteu teria criado os homens sem vida, imperfeitos e feitos a partir de um molde de barro. Por compaixão, seu irmão Prometeu resolveu roubar o fogo do deus Vulcano para dar vida à raça humana.

a.2 Mitologia chinesa: atribui a criação da raça humana à solidão da deusa Nu Wa, que, ao perceber sua sombra sob as ondas de um rio, resolveu criar seres à sua semelhança.

a.3 Criacionismo no cristianismo: O cristianismo adota a Bíblia como fonte explicativa sobre a criação do homem. Segundo a narrativa bíblica, o homem foi concebido depois que Deus criou céus e terra. Também feito a partir do barro, o homem teria ganhado vida quando Deus assoprou o fôlego da vida em suas narinas. Outras religiões contemporâneas e antigas formulam outras explicações, e algumas chegam a ter pontos de explicação bastante semelhantes.

 b. Panspermia



Panspermia é uma hipótese que afirma que a vida no planeta pode ter sido iniciada com base em partículas da vida que chegaram à Terra através do espaço. De acordo com o filósofo grego Anaxágoras, existiam sementes da vida em todo o Universo. Desse modo, a vida pode não ter sido originada aqui, e sim ter chegado ao planeta depois.

Essa ideia criou força no século XIX, quando os químicos Thenard, Vauquelin e Berzelius descobriram compostos orgânicos em amostras de um meteorito. Em 1871, o físico William Thomson propôs que meteoros ou asteroides, ao colidirem com planetas que continham vida, poderiam ter ejetado rochas contendo seres vivos. Assim, rochas contendo vida podem ter trazido ou colaborado com a origem da vida na Terra. De acordo com a teoria da panspermia, a vida pode ter chegado ao planeta por meio de um meteorito.

Fragmentos do meteorito Murchison, por exemplo, contêm mais de 80 aminoácidos diferentes. Além disso, esses fragmentos, que caíram na Austrália em 1969, contêm, além de aminoácidos, outras moléculas orgânicas fundamentais. Caso tenha maior interesse no assunto, leia nosso texto: Panspermia.

c.     Teoria de Oparin e Haldane



De forma independente, os cientistas Oparin e Haldane levantaram uma hipótese que é hoje considerada a mais aceita de origem da vida. Eles propuseram que a atmosfera primitiva da Terra apresentava compostos que sofreram a ação de raios e da radiação ultravioleta, dando origem a moléculas simples. Essas moléculas orgânicas ficavam nos oceanos primitivos, formando uma espécie de “sopa primitiva”.

De acordo com os pesquisadores, a atmosfera primitiva terrestre era composta basicamente por amônia, hidrogênio, metano e vapor d'água. O vapor d'água da atmosfera condensava-se e dava origem a chuvas. A água, ao cair no solo, evaporava-se rapidamente, uma vez que a superfície terrestre ainda era quente, dando início, desse modo, a um ciclo de chuvas. Nesse cenário observava-se ainda descargas elétricas e a radiação ultravioleta do Sol, que fazia com que os elementos atmosféricos reagissem e formassem compostos, os aminoácidos.

A água das chuvas levou esses aminoácidos à superfície terrestre. Esses, ao encontrarem condições favoráveis, começaram a formar estruturas semelhantes a proteínas. Com a formação dos oceanos, essas “proteínas primitivas” foram arrastadas para esses locais e formaram os coacervados, os quais podem ser definidos como agregados de proteínas rodeados por água. Após algum tempo, esses coacervados tornaram-se estáveis e mais complexos.

A ideia de Oparin-Haldane foi posteriormente testada pelos pesquisadores Miller e Urey, em 1953. Eles criaram um experimento em que foi possível simular as condições da Terra primitiva. O resultado foi impressionante, tendo sido eles capazes de produzir aminoácidos e outros compostos orgânicos. Desse modo, ambos concluíram que moléculas orgânicas podiam ser geradas de maneira espontânea em condições equivalentes às da Terra primitiva.

Entretanto, posteriormente, descobriu-se que a atmosfera primitiva provavelmente não era um ambiente como o sugerido por Oparin e Haldane. Ainda assim, mesmo considerando as novas descobertas para as características da atmosfera da Terra primitiva, foi possível produzir moléculas orgânicas.

Vale salientar também que a atmosfera primitiva poderia ser redutora em pequenas porções, como aquelas perto de aberturas de vulcões. Experimentos realizados nessas condições também geraram aminoácidos.

d.     Alimentação do primeiro ser vivo: hipóteses autotrófica e heterotrófica

Além de compreender como os seres vivos surgiram, os cientistas também buscam saber como esses sobreviveram em um ambiente tão remoto. Muito se discute ainda se o primeiro ser vivo era autotrófico ou heterotrófico, sendo possível observar muita discordância entre os autores de livros didáticos nesse sentido. Veja a seguir essas duas hipóteses:

Hipótese heterotrófica: afirma que o primeiro ser vivo não era capaz de produzir seu próprio alimento. Desse modo, esses primeiros seres alimentavam-se de moléculas orgânicas que estavam presentes no meio. Os que defendem essa ideia afirmam que os seres vivos primitivos seriam muito simples e incapazes de produzir seu próprio alimento. Provavelmente esses organismos extraiam energia dos alimentos por meio da realização da fermentação.

Hipótese autotrófica: afirma que os primeiros seres vivos eram capazes de produzir seu próprio alimento. Os autores que sustentam essa ideia acreditam que a Terra não possuía moléculas orgânicas suficientes para alimentar esses primeiros seres. Entretanto, vale destacar que provavelmente os primeiros organismos conseguiram obter seu alimento pelo processo de quimiossíntese, que não necessita de energia luminosa, como a fotossíntese. Na quimiossíntese os seres vivos produzem moléculas orgânicas utilizando a energia química.

 

II - EXPLOREMOS MAIS OS CONCEITOS:

1.     Astrobiologia:

A astrobiologia é uma disciplina científica que explora a possibilidade de vida em outras partes do universo, além da Terra. Ela engloba várias áreas, como a astronomia, biologia, química e geologia, para entender as condições necessárias para a existência de vida e procurar por sinais de vida em outros planetas, luas e exoplanetas. A astrobiologia também explora ambientes extremos na Terra, como fontes termais e ambientes subterrâneos, para entender a diversidade da vida e como ela poderia se manifestar em condições diferentes das encontradas em nosso planeta.

Um dos mais influentes Astrofísicos brasileiros, que atua nos EUA, explica que sim, existe uma fronteira entre ciência e religião, mas não, não é necessário haver um conflito entre ambas, conhecido por seu trabalho de divulgação da ciê Gleiser sustenta uma postura de demarcação entre ciência e religião sem que por isso haja conflito entre ambas.

O método científico, propõe Gleiser, caracteriza-se pelas evidências empíricas sobre as quais ele se apoia. O cientista não pode acreditar em algo simplesmente porque ele deseja — ele deve fundamentar sua opinião em dados empíricos.

Gleiser ainda argumenta que a “guerra” entre ciência e religião é fabricada: nos EUA, aproximadamente 40% dos cientistas dizem acreditar em Deus de alguma maneira. Portanto, a crença religiosa não entra necessariamente em conflito com a atividade científica: para esses cientistas, a ciência ajuda a revelar a beleza da Criação. Essa complementaridade é perturbada apenas quando esquecemos do propósito de cada uma dessas atividades.

2.     Concepções Teológicas:

As concepções teológicas sobre o surgimento da vida variam de acordo com as diferentes religiões e interpretações de textos sagrados. Para algumas tradições religiosas, como o cristianismo, o judaísmo e o islamismo, a criação da vida é vista como um ato divino, geralmente retratado em narrativas religiosas como o Livro do Gênesis. Essas interpretações literais podem entrar em conflito com as descobertas científicas, como a evolução das espécies proposta por Charles Darwin.

No entanto, muitos teólogos adotaram uma abordagem mais simbólica e metafórica para a criação, permitindo uma conciliação entre a fé e a ciência. Eles veem as narrativas religiosas como expressões profundas da relação entre a humanidade e o divino, em vez de descrições literais de eventos históricos. Isso abre espaço para interpretar as descobertas científicas, como a evolução, como parte do plano divino.

3.     A Astrobiologia e a Teologia:

O diálogo entre astrobiologia e concepções teológicas é uma área em constante evolução. Enquanto algumas pessoas veem a ciência e a religião como duas perspectivas inconciliáveis, muitos especialistas e pensadores argumentam que esses campos podem se complementar e enriquecer mutuamente. A busca por vida extraterrestre pode inspirar novas reflexões sobre o propósito da criação, a diversidade da vida e a posição da humanidade no cosmos.

Além disso, a descoberta de exoplanetas em zonas habitáveis e a pesquisa de ambientes extremos na Terra podem lançar luz sobre a resiliência da vida e a variedade de formas que ela poderia assumir. Essas descobertas podem levar a uma compreensão mais ampla da complexidade da existência e da maravilha do universo, tanto do ponto de vista científico quanto espiritual.

Em última análise, a interação entre a astrobiologia e as concepções teológicas sobre o surgimento da vida é um lembrete poderoso de que a busca pelo conhecimento e a exploração da espiritualidade podem coexistir de maneira harmoniosa, enriquecendo nossa compreensão do mundo ao nosso redor e do nosso lugar nele.

4.     O Diálogo entre a Ciência e a Religião

O diálogo entre ciência e religião é uma questão complexa que tem uma história longa e diversificada, e continua a evoluir à medida que avançamos para o futuro.

a.     História do Diálogo:

A história do diálogo entre ciência e religião é repleta de momentos de tensão e cooperação. Na Idade Média, por exemplo, a Igreja Católica desempenhou um papel fundamental na preservação e tradução de textos científicos clássicos. No entanto, também houve episódios de conflito, como o julgamento de Galileu Galilei no século XVII, quando suas descobertas astronômicas foram consideradas heréticas pela Igreja.

No século XIX, com o advento da teoria da evolução de Charles Darwin, houve um novo conflito entre ciência e religião. Alguns setores religiosos se opuseram vigorosamente à ideia de evolução, enquanto outros buscaram integrar a teoria da evolução em suas crenças, argumentando que a evolução era o método divino de criação.

b.     Tendências Atuais:

Hoje em dia, o diálogo entre ciência e religião continua, mas de maneira mais complexa e matizada. Muitos cientistas e religiosos procuram encontrar maneiras de reconciliar suas crenças religiosas com as descobertas científicas. Por exemplo, teólogos e filósofos da religião exploram como a teoria do Big Bang se relaciona com a ideia de criação divina.

Além disso, algumas religiões, como o judaísmo, o cristianismo e o islamismo, têm tradições teológicas que acomodam bem a ciência, enquanto outras, como o criacionismo literal, ainda estão em conflito direto com certas áreas da ciência.

c.     O Futuro do Diálogo:

O futuro do diálogo entre ciência e religião é incerto, mas parece que a tendência é para uma maior compreensão e colaboração. À medida que a ciência avança e desvenda mais mistérios do universo, as religiões podem continuar a adaptar suas interpretações para acomodar essas descobertas.

Por outro lado, a ética e os valores também desempenham um papel importante nesse diálogo. À medida que a tecnologia avança, questões éticas relacionadas à engenharia genética, inteligência artificial e outras áreas da ciência emergem, e as religiões podem fornecer orientação moral nesses debates.

O diálogo entre ciência e religião, enfim, é uma questão em constante evolução, que reflete as mudanças na sociedade, na ciência e nas crenças religiosas. O futuro desse diálogo dependerá de como as partes envolvidas abordam questões complexas e desafiadoras à medida que avançamos no entendimento do mundo que nos rodeia.

5.     Visão Filosófica:

A relação entre ciência e religião tem sido um tema central na filosofia da religião e na filosofia da ciência. Os filósofos buscam entender como essas duas áreas do conhecimento se relacionam e se complementam, ou se entram em conflito.

a.  Agostinho de Hipona (354-430): Agostinho, também conhecido como Santo Agostinho, teve uma influência significativa na filosofia da religião. Ele argumentou que a fé e a razão podem coexistir, mas a fé deve estar acima da razão. Para ele, a razão é importante para compreender o mundo material, enquanto a fé é necessária para compreender as verdades espirituais.

b.     Tomás de Aquino (1225-1274): Aquino, um teólogo e filósofo, desenvolveu a ideia de que a razão e a fé não estão em conflito, mas podem complementar-se mutuamente. Sua obra "Summa Theologica" explora como a filosofia aristotélica pode ser usada para explicar e compreender os ensinamentos religiosos.

c.     Immanuel Kant (1724-1804): Kant abordou a questão da relação entre ciência e religião de uma maneira diferente. Ele propôs a ideia de que a religião é uma questão de fé prática, não de conhecimento teórico. Ele argumentou que a moralidade e a religião são domínios separados da experiência humana.

d.     Ian Barbour (1923-2013): Barbour, um físico e teólogo, é conhecido por seu trabalho em ética e religião na era científica. Ele cunhou o termo "diálogo construtivo" para descrever a interação entre ciência e religião, argumentando que eles podem se influenciar de maneira positiva.

e.     Albert Einstein (1879-1955), o renomado físico teórico, tinha uma visão complexa sobre a relação entre ciência e religião. Sua posição geralmente é descrita como sendo não religiosa ou deísta. Aqui estão alguns pontos chave sobre a posição de Einstein em relação a esses dois domínios:

Deísmo: Einstein acreditava em um Deus que estava ligado à ordem e à harmonia do universo, mas sua concepção de Deus era mais impessoal e deísta do que a de uma divindade pessoal envolvida em assuntos humanos. Ele muitas vezes se referia a Deus como "o Espírito Superior" ou "o Deus de Spinoza", em referência ao filósofo Baruch Spinoza, que também tinha uma visão deísta da divindade.

Religião Organizada: Einstein era crítico em relação à religião organizada e às instituições religiosas. Ele via muitas formas de religião como dogmáticas e limitadoras da liberdade de pensamento. No entanto, ele respeitava a espiritualidade pessoal e a busca individual por significado.

Ciência e Religião: Einstein via a ciência e a religião como duas abordagens diferentes para compreender o mundo. Ele acreditava que a ciência lida com questões empíricas e verificáveis, enquanto a religião se concentra nas questões de significado e moral. Ele argumentava que esses dois domínios não eram mutuamente excludentes, mas complementares. Para ele, a religião fornecia um senso de admiração e maravilha que inspirava a investigação científica.

Ética: Einstein enfatizava a importância da ética e da responsabilidade humana. Ele acreditava que a ciência deveria ser usada para o benefício da humanidade e que a moralidade era fundamental para a nossa sobrevivência.

A posição de Einstein sobre ciência e religião pode ser resumida como uma crença em um Deus deísta, uma crítica à religião organizada, e a visão de que ciência e religião abordam diferentes aspectos da experiência humana. Sua perspectiva influenciou o debate sobre a relação entre esses dois domínios e continua sendo objeto de discussão e estudo até hoje.

f.   Stephen Hawking (1942-2018): O renomado físico teórico e cosmólogo, tinha uma visão claramente secular e ateísta sobre a relação entre ciência e religião. Ele expressou suas opiniões em várias ocasiões e em seu livro "Uma Breve História do Tempo". Aqui estão alguns pontos chave sobre a posição de Hawking em relação a esses dois domínios:

Ateísmo: Hawking se descreveu como um ateu. Ele argumentava que não via evidências convincentes para a existência de um Deus ou uma divindade, e considerava a crença em Deus como uma questão de fé pessoal, não de base científica. Ele afirmava que a ciência poderia explicar o universo sem a necessidade de recorrer a uma entidade divina.

Origem do Universo: Hawking fez contribuições significativas para nossa compreensão da origem do universo, como a teoria do Big Bang e os conceitos de buracos negros. Ele argumentava que a ciência oferecia explicações naturalistas para a criação do universo, eliminando a necessidade de uma criação divina.

Filosofia da Ciência: Hawking era conhecido por sua abordagem rigorosa e cética em relação à filosofia da ciência. Ele muitas vezes destacava a importância de testar as teorias científicas por meio de observações e experimentos, em oposição a especulações filosóficas.

Ética e Responsabilidade Humana: Embora Hawking fosse cético em relação à religião, ele enfatizava a importância da ética e da responsabilidade humana. Ele argumentava que, como seres racionais, temos a responsabilidade de cuidar do planeta e de nossos semelhantes, independentemente de crenças religiosas.

Em resumo, a posição de Stephen Hawking sobre a relação entre ciência e religião era claramente ateísta e secular. Ele via a ciência como o meio mais confiável para compreender o universo e argumentava que a crença em Deus era uma questão de fé pessoal, não de evidência científica. Suas opiniões influenciaram o debate sobre ateísmo e religião no contexto da ciência e continuam sendo objeto de discussão e reflexão.

Sua análise é decepcionantemente fraca em pontos muito críticos. O Big Bang, ele argumenta, foi a consequência inevitável das leis da física. “Porque existe uma lei como a gravidade, o universo pode e irá criar a si mesmo do nada.” No entanto, Hawking parece confundir lei com a agência (agency) ou força energia. Leis em si não criam nada. Elas são meramente uma descrição do que acontece sob certas condições. A Lei da Gravidade “explica” porque uma bola chutada, faz uma elipse e acaba caindo na terra, atraída por ela (segundo a física uma massa maior, atrai uma massa menor). Mas não explica um passo atrás: por quê existe uma “lei” da gravidade. Fruto do acaso? Aliás, não somente esta lei, mas todas as outras.

g.     Charles Darwin (1809-1882): o renomado naturalista que desenvolveu a teoria da evolução por seleção natural, teve um impacto significativo nas discussões sobre ciência e teologia durante e após sua vida. Sua teoria trouxe desafios consideráveis para as concepções teológicas tradicionais da criação e da origem da vida. Aqui estão alguns pontos importantes sobre Darwin e sua influência na relação entre ciência e teologia:

 

Teoria da Evolução: A teoria da evolução de Darwin, apresentada em sua obra "A Origem das Espécies" em 1859, postulava que as espécies evoluem ao longo do tempo por meio de um processo de seleção natural. Isso implicava que a diversidade da vida na Terra poderia ser explicada sem recorrer a um ato de criação divina. A ideia de que as espécies mudam gradualmente ao longo das gerações desafiou as interpretações literais de textos religiosos que descreviam a criação em um curto período de tempo.

Conflito Inicial: A teoria de Darwin provocou um conflito inicial entre a ciência e a teologia. Muitos líderes religiosos e crentes viram a evolução como uma ameaça às suas crenças religiosas tradicionais. O debate mais notável ocorreu com a Igreja Católica, que inicialmente condenou a teoria, mas posteriormente acomodou a evolução em sua doutrina, argumentando que a evolução era compatível com a ideia de um Deus criador.

Reconciliação Teológica: Com o tempo, algumas interpretações religiosas adaptaram-se à teoria da evolução. A teologia da criação evolucionista, por exemplo, argumenta que Deus utilizou a evolução como meio de criar e diversificar a vida. Isso permitiu que muitas pessoas reconciliassem suas crenças religiosas com as descobertas científicas de Darwin.

Questões Éticas e Morais: Darwin também contribuiu para o pensamento sobre ética e moral. Ele argumentava que a moralidade humana poderia ser compreendida em termos de evolução, como comportamentos que promovem a sobrevivência e o sucesso reprodutivo. Isso influenciou as discussões sobre ética secular, destacando a importância da cooperação e da empatia na sociedade humana.

Charles Darwin e sua teoria da evolução desempenharam um papel central na relação entre ciência e teologia. Sua teoria inicialmente gerou conflitos, mas também levou a esforços para reconciliar a ciência com as crenças religiosas. A evolução continua sendo um tópico importante no diálogo entre a ciência e a teologia, à medida que as interpretações religiosas continuam a se adaptar às descobertas científicas.

6.     E a Maçonaria:

Entre os autores maçônicos o debate também se deu em vários níveis. Albert Pike (1809-1891) , como uma figura proeminente na Maçonaria do século XIX, não é amplamente conhecido por suas opiniões sobre ciência, o surgimento da vida ou religião em um sentido acadêmico ou científico. Em vez disso, seu foco principal estava na Maçonaria e na filosofia maçônica. É importante ressaltar que as opiniões expressas por Albert Pike não representam uma autoridade na ciência ou na teologia, mas refletem suas visões pessoais e filosofia maçônica. Aqui estão algumas ideias gerais que podem ser associadas a Albert Pike em relação a esses temas:

a.     Ciência: Pike, em sua obra "Morals and Dogma of the Ancient and Accepted Scottish Rite of Freemasonry," aborda questões filosóficas e morais, mas não se concentra especificamente na ciência. No entanto, a Maçonaria em geral valoriza a busca pelo conhecimento e pelo entendimento, o que pode ser considerado um paralelo à ênfase na ciência como uma forma de compreender o mundo natural.

b.     Surgimento da Vida: Como um maçom, Albert Pike não tinha um papel central na discussão científica sobre o surgimento da vida. A questão do surgimento da vida é uma área de pesquisa científica que envolve biologia, química e geologia, enquanto Pike estava mais preocupado com questões filosóficas e morais relacionadas à Maçonaria.

c.     Religião: A Maçonaria, em geral, é uma organização que enfatiza a tolerância religiosa e não prescreve uma religião específica aos seus membros. Albert Pike escreveu sobre temas religiosos em sua obra maçônica, enfatizando a ideia de um Ser Supremo ou Grande Arquiteto do Universo, conceito comum na Maçonaria. Essa ideia não está alinhada com nenhuma religião específica, mas reconhece a existência de um princípio divino.

Em resumo, Albert Pike é mais conhecido por suas contribuições para a Maçonaria e a filosofia maçônica do que por suas opiniões sobre ciência, o surgimento da vida ou religião em um contexto estritamente científico ou teológico. Suas visões estavam mais relacionadas à Maçonaria como uma organização que promove princípios morais e filosóficos, com ênfase na tolerância religiosa e no reconhecimento de um princípio divino que não se alinha com nenhuma religião específica.

Um escritor maçônico que abordou a questão da ciência e da teologia em sua obra é Manly P. Hall[1]. Foi um autor, filósofo e maçom americano que desempenhou um papel significativo na divulgação da filosofia e dos ensinamentos maçônicos. Em sua extensa obra, ele explorou temas relacionados à espiritualidade, simbolismo e a interação entre a ciência e a espiritualidade.

Em várias de suas palestras e escritos, Manly P. Hall abordou como a ciência e a espiritualidade podem ser reconciliadas. Ele argumentava que a ciência e a religião, quando adequadamente compreendidas, não precisam estar em conflito, mas podem ser vistas como duas maneiras de explorar a mesma realidade.

Hall também enfatizou a importância do simbolismo na Maçonaria e em outras tradições esotéricas, argumentando que esses símbolos podem conter conhecimentos profundos sobre a natureza do universo e a relação entre o homem e o divino. Ele acreditava que a Maçonaria, em particular, era uma tradição que preservava antigas verdades espirituais por meio de símbolos e rituais.

Embora Manly P. Hall não fosse um cientista ou teólogo no sentido tradicional, suas obras e palestras sobre a relação entre ciência, espiritualidade e simbolismo exerceram uma influência significativa na compreensão maçônica desses temas. Suas contribuições continuam a ser estudadas e debatidas por aqueles interessados na Maçonaria e na filosofia esotérica.

Manly P. Hall não desenvolveu uma teoria científica ou teológica específica, mas em suas obras e palestras, ele explorou princípios filosóficos e espirituais que ele acreditava estarem subjacentes às tradições esotéricas, incluindo a Maçonaria. Seu trabalho foi influenciado por uma variedade de filosofias e correntes de pensamento, incluindo o esoterismo, o hermetismo e a tradição platônica. Aqui estão alguns dos fundamentos filosóficos e espirituais que Manly P. Hall abordou em sua obra:

a.     Simbolismo: Hall enfatizou a importância do simbolismo como uma linguagem que carrega significados profundos e universais. Ele argumentava que os símbolos, como os usados na Maçonaria, continham conhecimento espiritual e filosófico que poderia ser compreendido por aqueles que buscavam a sabedoria esotérica.

b.     Unidade de Todas as Religiões: Hall via uma unidade subjacente em todas as religiões e tradições espirituais. Ele acreditava que, no cerne de todas essas tradições, havia um conjunto comum de verdades espirituais que podiam ser descobertas por meio do estudo e da contemplação.

c.     Busca pela Sabedoria Interior: Ele encorajava as pessoas a procurarem a sabedoria dentro de si mesmas, argumentando que cada indivíduo possui uma centelha divina e a capacidade de compreender as verdades espirituais por meio da introspecção e da meditação.

d.     Compreensão da Natureza e do Universo: Hall acreditava que a compreensão da natureza e do universo era fundamental para a busca da sabedoria. Ele via a ciência como uma ferramenta importante para explorar os mistérios do mundo natural e integrar essa compreensão com a espiritualidade.

e.     Ética e Responsabilidade Pessoal: Ele enfatizava a importância da ética e da responsabilidade pessoal como parte da jornada espiritual. Acreditava que a busca da sabedoria deveria levar a uma vida moral e ao serviço à humanidade.

Em resumo, Manly P. Hall fundamentou seu trabalho em princípios filosóficos e espirituais que enfatizavam a busca da sabedoria, a unidade subjacente a todas as tradições espirituais, o simbolismo como uma linguagem de significado profundo e a importância da ética pessoal. Suas obras continuam sendo lidas e estudadas por aqueles interessados na espiritualidade, na Maçonaria e nas tradições esotéricas.

Nos Graus Superiores da Maçonaria temos algumas explicações mais aprofundadas sobre ciência, teologia, origem da vida e uma explicação particular sobre a origem e objetivo do Universo, que não é objeto deste artigo, porquanto não vamos abordar.

 

Em suma, os debates filosóficos sobre questões éticas relacionadas à ciência, como a engenharia genética, a inteligência artificial e a bioética, provavelmente desempenharão um papel importante no futuro. Os filósofos buscarão fornecer insights sobre como as crenças religiosas e os princípios éticos podem guiar nossas decisões em um mundo cada vez mais científico e tecnológico.

Em última análise, o diálogo filosófico entre ciência e religião enriquece nossa compreensão das complexas interações entre fé, razão e conhecimento, e continuará a ser um campo importante de investigação e reflexão no futuro.

*

*         *

SANTOS, Vanessa Sardinha dos. "Origem da vida"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/biologia/origem-vida.htm. Acesso em 23 de setembro de 2023.

https://brasilescola.uol.com.br/biologia/origem-vida.htm

Wikipedia

PIKE, Albert – “Moral e Dogma”;

GLEISER, Marcelo – “Poeira das Estrelas”

HAWKING, Stephen – “Uma Breve História do Tempo”;

HALLS, Manly Palmer – “The Secret Teachings of All Ages: An Encyclopedic Outline of Masonic, Hermetic, Qabbalistic and Rosicrucian Symbolical Philosophy”



[1] Manly Palmer Hall (18 de março de 1901 - 29 de agosto de 1990) foi um autor, conferencista, astrólogo, místico e maçom canadense . Ao longo de sua carreira de 70 anos, ele deu milhares de palestras e publicou mais de 150 volumes, dos quais o mais conhecido é Os Ensinamentos Secretos de Todas as Idades (1928). Em 1934 ele fundou a Sociedade de Pesquisa Filosófica em Los Angeles. Após o sucesso de Os Ensinamentos Secretos de Todas as Idades, Hall publicou vários livros, os principais dos quais incluíam Os Artífices Dionisíacos (1936), Maçonaria dos Antigos Egípcios (1937) e Ordens Maçônicas de Fraternidade (1950). Continuando sua carreira até os setenta anos e além, Hall proferiu aproximadamente 8.000 palestras nos Estados Unidos e no exterior, escreveu mais de 150 livros e ensaios e escreveu inúmeros artigos para revistas . Hall aparece na introdução do filme de 1938, When Were You Born, um mistério de assassinato que usa a astrologia como ponto-chave da trama. Hall escreveu a história original do filme (roteiro de Anthony Coldeway) e também é creditado como narrador.

 

 

Clique para ler mais...

terça-feira, 4 de maio de 2010

SOBRE LA RELIGION, EL ATEISMO Y LA MASONERIA (en Español)

QQ.`. HH.`. del idioma Castellano: Estamos a partir deste artículo, atendiendo pedidos de hermanos de otras latitudes que querian material escrito en la lengua de Cervantes. Estaremos, dentro de lo posíble, atendiendo estos pedidos, com material enviado por los hermanos hispanos y, futuramente, también publicaremos artículos en Inlges.


SOBRE LA RELIGION, EL ATEISMO Y LA MASONERIA


por el Q:.H:. Marcos Desiderio M:. M:.
Logia "Decretos de la Providencia" No. 6
Gran Logia de la Masonería del Uruguay


El problema de la Religión y la Masonería, o mejor dicho el problema de la Masonería en relación con la Religión, es una de las cuestiones más polémicas de la Obediencia. Ligada la temática a cuestiones históricas y atendiendo a las diferentes ópticas ideológicas dentro de nuestro movimiento, se proyecta a nuestro entender la discusión en dos vertientes: 1) Qué relaciones existe entre Religión y Masonería; 2) Si es o no la Masonería una Religión. En tan álgido entredicho pretenderemos sumar nuestro pretendido aporte, que tememos a muchos no conformará o será objeto de refutaciones. Como el tema Religión y el del Ateísmo en la Orden se encuentran entrelezados o poseen ciertos puntos de contacto, en su relación con la Masonería nos gustaría tratarlos dentro de un mismo Capítulo.

La Gran Logia Unida de Inglaterra ha llegado a proclamar a la Masonería ya como una Religión (carta a la Gran Logia de la Masonería del Uruguay en 1950), ya como un Auxiliar de la Religión (1981), y ha llegado a negar a la Masonería como Religión (1985). Muchos Autores y Hermanos autorizados y con todo su derecho han negado a la Obediencia como una Religión. Todas estas opiniones tienes sus razones y fundamentos, y son todas respetables. En definitiva, cada Masón dará al tema la respuesta que él desee.

I. El Fenómeno Religioso y la Masonería

Recordando a Leadbeater en las diferentes teorías sobre el Origen de la Masonería (Auténtica, Antropológica, Mística, Oculta), veremos que sea cual fuere la orientación que se siga siempre encontramos la Masonería asociada o ligada a Creencias de base Teogónicas. Para quienes conciben a la Orden como procedente de antiguos cultos que se pierden en la Historia o en el Antiguo Egipto, siempre se encuentra conectada dentro, paralela o coexistente de las concepciones teológicas y religiosas de la Epoca. Los relatos concernientes a los diferentes GGr.: muestran orígenes vinculados a Cuerpos Teocráticos, Ordenes, Colegios de Profesiones influídos por la Religión institucional oficial de las diferentes épocas. En la Edad Media, las antiguas Corporaciones de Libres Masones tienen una profunda base religiosa, creen en Dios, tienen Santos Patronos Protectores, están destinadas originariamente a la Arquitectura de carácter religioso (Templos, Catedrales). Los primeros importantes doctrinos de la Masonería Moderna fueron Clérigos (Anderson, Desaguliers), y las invocaciones al G.: A.: D.: U.: como Dios son explícitas en muchos textos y RRit.: desde hace ya tiempo inmerorable. El Cuerpo de Doctrina y la Emblemática masónica desde siempre comparten Símbolos de las Religiones (la Menorah, la Estrella de David, la Cruz en ciertos Grados, la Biblia en la Masonería Regular, por citar elementales ejemplos), y en los siglos XVIII y XIX fue tolerada o perseguida como "Secta" por la Iglesia Católica. Pero por otra parte y en contextos históricos de ciertos países como Francia y el Uruguay, polémicas y enfrentamientos temporales con los movimientos religiosos vernáculos llevó a la Masonería a querer distanciarse de lo religioso.

Todos recuerdan la famosa frase de las Constituciones de Anderson que el Masón no puede ser "ni un estúpido ateo ni un libertino irreligioso", cuya Autoridad histórica parece Tabú controvertir para algunos. Cuando se postuló a Sierra Partida como Gran Maestre de la Gran Logia de México, alguien objetó su candidatura recordando esta frase ya que Sierra Partida era precisamente Ateo. Y éste contestó: Sí, es cierto, pero ¿Qué tal un Ateo Inteligente?

Un Landmark de la Masonería Regular ha sido la Creencia en un Gran Arquitecto del Universo o Ser Supremo (en el Uruguay es el Landmark No. II), que en sus orígenes claramente se asociaba a Dios aunque hoy se deja que cada H.: se lo imagine y componga como quiera. Pero el Gran Oriente de Francia, hoy la mayor potencia masónica en ese país, sustituyó la invocación de sus trabajos bajo el lema "A la Gloria de la Humanidad" y borró su Referencia oficial al G.: A.: D.: U.:, lo que le valió la ruptura de relaciones con la Gran Logia de Inglaterra por 1877.

La Masonería se define tradicionalmente como una "Asociación Filantrópica, Filosófica y Progresiva", o "Sistema Moral", para pretender según algunos separarse conceptualmente de una definición como "Religión". De hecho, no se mete con las creencias personales trascendentales de sus miembros, y prohibe todo debate o discusión religiosa en las TTen.:, no pontifica sobre dónde se encuentra la Verdad y deja que cada uno defina y entienda cualquier Principio Superior como él lo desee. Basado en ello muchos H.:, y destacamos en nuestro país los esfuerzos del Il.: y Pod.: H.: Roberto Gerla, han entendido que la Masonería no es una Religión por cuanto no define la verdad, no afirma, no dogmatiza, y deja que cada uno defina al G.: A.: D.: U.: como quiera.

Es cierto que para prohibir las discusiones o debates sobre Religión en las Logias (mejor dicho sobre cuál son las mejores Religiones positivas, ya que nunca se prohibió la discusión de la Religión como Fenómeno Humano en un sentido general y no dogmático), la misma Masonería se sintió en ocasiones necesitada de abjurarse a sí misma como Religión. Pero es ello ante todo, una cuestión metodológica para la viabilidad de su funcionamiento. El Método por sí no determina ni define la Naturaleza de una cosa. Prohibir las discusiones religiosas en la Masonería por tanto no la hace ni irreligiosa, ni intolerante de las Religiones.

No obstante lo expuesto, no podemos negar que en las Emblemas, Signos, Símbolos y Enseñanzas de la Obediencia hay innegables influencias religiosas, al punto de considerársele por algunos a nuestra Augusta Institución como una "Síncresis" de carácter Teocéntrica, malgrado su reniego de ello. Incluso el Elemento "Mágico" que subyace en lo Religioso, es como destaca Gargiulo otra característica que comparte la Masonería.

Hemos oído decir que la Masonería no es una Religión por cuanto no tiene una Doctrina, Credo o Libro oficial, ni es Revelada, ni tiene Sacerdotes, ni Dogmas. Pero éstos no son atributos necesarios de la Religión, o de las Religiones. Los griegos y romanos no tenían una Doctrina, Credo o Libro Oficial u orgánicos. Los hindúes no tienen uno sino varios Libros (a veces tan contradictorios entre sí y según las sectas se toman algunos sobre otros), y la Masonería reconoce como Libro de la Ley a la Biblia pero también al Corán o a los Libros Védicos donde se practica profanamente dichas religiones. Las Religiones romana y griega no eran "reveladas", y en el Judaísmo actual, Hinduísmo, Islamismo o en el Budismo (para quienes consideran al último Religión) no existen Sacerdocios oficialmente organizados o no se precisa Sacerdocio para dirigir el Culto y la Adoración, si bien hay ciertos profesionales del Culto en algunos casos (caso de los Rabinos en el Judaísmo o los Imanes en el Islam, pero no son en sentido estricto "Sacerdotes"). En cuanto a los Dogmas, el Hinduísmo por ejemplo no los tiene, y en cuanto a la Masonería ésta no puede prescindir de nociones tales como la de "Gran Arquitecto del Universo" y tiene criterios precisos en los cuales basa su Regularidad por fuera de los cuales no se reconoce a ninguna organización como masónica, que son los Landmarks.

En otro aspecto debemos recordar que la Obediencia tiene Templos y Rituales, un Sistema de Creencias ilustrado en Alegorías y Símbolos, cierto Cuerpo de acción un Sistema de Creencias ilustrado en Alegorías y Símbolos, cierto Cuerpo de acción Moral (como las Religiones PProf.:), a veces emplea Oraciones o Plegarias rituálicas o improvisadas, y tributa su actuar a la "Gloria del Gran Arquitecto" o "Gran Símbolo" si bien actualmente ese concepto no tiene una concepción definida y queda librado al contenido de cada H.: como ya hemos recordado. Mal que bien, no puede negarse que lo Religioso, de alguna forma u otra, ha influído, influye y no es ajeno a lo masónico. Otra cosa sería ignorar una Realidad. Cox Learche enseña: "Debemos reconocer que la Masonería tiene un origen religioso. ¿Por qué sus Templos? ¿Porqué la invocación al G.A.D.U. en todos sus Rituales?".

Paralelamente existe en la Orden dos vertientes, la Místico-Espiritualista con cortes judeocristianos, rosacrucianos o teosóficos en algunas orientaciones, y la Agnóstico-Racionalista que pretende prescindir del fenómeno Deico, en ocasiones con fuertes vertientes Ateístas y marcada por el Anticlericalismo. Tanto una como otra son hoy aceptadas y reconocidas como válidas por la Masonería. Como sintetiza muy bien el H.: Jorge Caillabet:, las concepciones espiritualistas y racionalistas se enfrentan permanentemente buscando el camino apto, pero la Masonería no puede ni debe descartar ninguna de estas concepciones porque su Esencia, el Libre Pensamiento, hace que cada hombre pueda elegir su pensar. Pero debe analizarse en sentido masónico, o sea, libre de dogmas o ataduras si el camino elegido es el correcto, para que el resultado final sea libre. Para usar las palabras de Alain Bauer, debe existir Equilibrio entre una dimensión íntima y una dimensión racional hacia siempre una forma de Individualidad.

Quedará claro que la Masonería no es una Religión en el sentido institucional y positivo. Tampoco es una "Secta" (movimiento religioso positivo de reducidas dimensiones de adeptos). Debe entenderse el Concepto de Religión desde un punto de vista diferente, mucho más Amplio, Trascendente, Elevado y Universal.

Todos recordamos que la palabra "Religión" deriva del latín "Religo, are" que significa "Volver a unir (lo que estaba separado)". Su contenido se acentúa más en el Reencuentro que en la Sujeción u Obediencia. Supone un Compromiso con lo Trascendental por lo Trascendental mismo y no únicamente una identificación con una Institución. De este modo lo Religioso no tiene que pasar necesariamente sólo por la mediación o supeditación a una organización positiva u organizada, sino que puede aludir a un Comportamiento o Forma de Ser apropiada para aspirar o llegar a ese Reencuentro que reclama el significado de lo Religioso, a una Conducta para poner al Hombre "en Sintonía" o contacto con ese otro Extremo. Si la Orden y cada H.: dedica su tarea y tributa su vivir "A la G.: D.: A.: D.: U.:" o al "Ingens Architectus", podemos ubicar los extremos de la conducta masónica entre el propio Masón por un lado, y nuestro Gran Símbolo por el otro. Más que un Camino, hay un verdadero Espacio entre el Hombre y lo Absoluto donde el M.:, como Hombre de Buenas Costumbres y Libre, tiene posibilidades de ir forjando su propio Sendero. En el Hombre Libre y de Buenas Costumbres lo Religioso no se conforma con lo Institucional puesto que las organizaciones llamadas religiosas positivas no han podido probar sean por sí mismas el Camino y el hecho que no logren convencer a todos muestra su débil relatividad. Las llamadas religiones positivas y organizadas, como dice Cox Learche, tratan de la periferia de la Religión y se apartan de la sencillez de la Verdadera Religión. En Masonería la dimensión de lo Religioso se confunde con una Aventura Espiritual, de contenido más profundo que el que le da la Religión Profana. Así la Masonería, más modesta, no se afirma como "El Camino" y por eso se descarta como Religión positiva u organizada como tal, ofreciendo por su parte Espacio como para que cada uno pueda construir su Camino de Reencuentro, pero para el cual nos da ciertas Pistas que son las Leyendas, Alegorías y Símbolos. Tampoco lo Religioso tiene que ser cuestión necesariamente de Fe revelada, puesto que el Masón es un Investigador y un Trabajador, no pudiendo evitar que su camino hacia el Supremo esté jalonado por la Razón. Aun en sus creencias particulares, el Espíritu masónico no permite al Hermano admitir su doctrina de creencias individuales o positivas sólo por la Fe, porque su Razón no le dejará aceptar lo que no le convence.

En una Tumba del Cementerio Central de Montevideo que recuerda a un antiguo H.: en el O.: E.: encontré esculpido un Círculo dividido en tres partes con la siguiente inscripción: "Hacer el mayor Bien posible. Hacer el menor Mal posible. Creer en algo Superior a nosotros mismos". ¡Sabio legado! ¿Habrá acaso algo más Directo a lo Supremo que éste? Esto es una Religión Natural, una Verdadera Religión Universal en cuanto por su simpleza todos la pueden abrazar sin discusiones, sin instituciones positivas, basada en la más pura Moral y sin más Dogmas y ataduras que estos tres principios. Más que una organización, la Real Religión es una forma de actuar. Más que un Camino, la Religión es Espacio. Cada uno, particularmente, es de este modo un Sacerdote Militante que no pretende hacer conversos sino generar con su Conducta un Crédito para que la Humanidad sea más Justa y Perfecta, para llegar a compartir la Bondad del Supremo Principio y para colaborar como modesto Obrero en la tarea de la Construcción Universal. Ese es nuestro personal aporte al concepto de Religión. Puede ser que se objete que así se estaría identificando el concepto de "Religión" con el de "Sistema Filosófico" o de "Filosofía Práctica". Es una cuestión que nos tiene sin preocupación, del mismo modo que al Budismo se lo parangona como Fenómeno Religioso o Religión cuando en realidad bien podría ser un Sistema Moral con vistas a lo Trascendente, pero en lo práctico aquél se ejerce en abstracción a los debates conceptuales.

Pero si definimos a la Religión como una Forma de Ser, de Actuar y de Vivir en la práctica del Bien con vistas al perfeccionamiento del Hombre y la Gloria del Supremo, y si la Masonería busca exactamente lo mismo. ¿Por qué no pueden identificarse así Masonería y Religión como lo mismo?

Mackey asevera que un gran número de escritores de ensayos u obras masónicas en el esfuerzo de probar que la M.: no es una Religión han consumido inútilmente su ingenuidad y su talento, quizá por miedo a pensar que podría sustituir al Cristianismo o para querer diferenciarse de las Religiones positivas existentes y de sus defectos. Para ellos la Ob.: es una institución eminentemente religiosa por los elementos que contiene por su origen y contenido, porque repasa conceptos de Religión e incluye la creencia en el ser y perfecciones del G.: A.: D.: U.:. La devoción y piedad de la vida es invariable para el M.:. La práctica de la Piedad y los Deberes hacia a Dios y con los semejantes. No se hace bien sólo por los Estatutos de la Orden. Pero a diferencia de lo que llamamos las Religiones en sentido institucional, no pretende ser ni asumir un lugar en el mundo como sistema de fe y adoración sectaria, ni pretende ser su sustituto. En todo caso, realza y da nuevos elementos para recalibrar la fe del ya creyente en sus instituciones o sistemas de creencias. Las señales, ceremonias, símbolos y alegorías masónicas inculcan doctrina religiosa, pero es una Religión no sectaria, y no rehusa a ninguno por su posición sectaria. Consideran a la Masonería la Religión trasmitida por el Sacerdocio de Melchisedec que nadie puede definir a qué institución pertenecía. Por ende la Masonería es una institución religiosa y deberá defenderla bajo este principio el M.:.

Nosotros opinamos, dentro de este tema polémico y sin pretender imponerlo como Verdad dejándolo tan sólo como conclusión particular, que la Masonería es conforme a lo dicho una Religión, acorde a nuestra definición de lo que es "Religión". Obviamente, no entendemos a la Religión como una institución positiva u organizada con Dogmas, sino como una Forma de Vivir y de Realizarse Trascendentalmente. Si concibiéramos a la palabra "Religión" como Institución o Sistema de Creencias de Verdad que se suponen provienen de lo Alto y estarían recogido en Escrituras Sagradas, con un Proyecto de Salvación o Culto sistemático, todo Dogmático y Totalizante, es claro que la Mas.: no lo es. La Humanidad ha probado por Experiencia que el Fanatismo y el Sectarismo es desgastante, que destruye y que nos aleja de todo Proyecto Evolutivo; aunque se pretexte como Religioso en la práctica nada tiene que ver con lo Religioso. En verdad, eso es un concepto Profano o Profanizante del sentido "Religión", que no encaja con la Definición Liberadora del Espacio que nos lleva y liga con nuestro Gran Principio y con lo más Profundo de Nosotros. Como el significado del G.: A.: D.: U.:, "Religión" es un concepto que se rellena con el contenido de explicación que le da cada M.:. Porque si "Religión" es para nosotros una Forma de Ser y Actuar con vistas u orientados a un Designio Superior, dentro de un Espacio donde la Libertad es el Límite para que el Obrar y el Pensar sea amplio, creativo, fecundo y constructivo, creyendo en lo que se quiera creer, ¿por qué no admitir que la Masonería no es una Religión en este buen sentido del término? Nuestro Templo es el Universo Entero como tan amplia es la dimensión de la Logia, o sea desde el Centro de la Tierra o desde lo más Profundo de nosotros mismos hasta los confines del Infinito o hacia la Grandeza del Ser Supremo; nuestro Sacerdote es Uno mismo; nuestro Credo es la Libertad y el Amor que se trasunta en la Igualdad y la Fraternidad para los demás; nuestro Libro de la Ley es aquel que cada uno reverencia cuyo Texto se aprende y cuya Enseñanza se atesora en los más Nobles Principios y Virtudes del Corazón; nuestra Doctrina es Hacer el Bien y Honrar con nuestro Trabajo a nuestro Gran Constructor. Esa es nuestra pretendida "Religión Masónica", la Religión en su sentido más Puro que recuerda las Enseñanzas de Grandes Iniciados como Jesús y que resumían la práctica simplemente en Amar a Dios y al Prójimo como a uno mismo. Cualquiera podría practicar esta Religión sin mengua de sus particularidades. Y como la Masonería tiene los fundamentos sobre los cuales se asienta una Religión sin Dogmas y que cualquier Hombre podría aceptar, eso es lo que marca su vocación de Universal.

Dice Buck: "Quitad los agregados teológicos... y os encontraréis con la Masonería". Sí, busquemos lo Coincidente y aquello en lo que están de acuerdo las Religiones, y veremos que hay Unión en lo Principal. En esa "Comun-Unión" está lo más Puro, la Religión Prístina que se hace Universal porque compendia la Sabiduría de todas. ¿Acaso no coincide ese Sendero común con lo que enseñamos nosotros?, por no decir: ¿no es lo mismo que enseñamos nosotros? La Obediencia entonces se constituye en una Real o Verdadera Religión Universal en cuanto compendia lo más puro y noble de todas, y como enseña Swinburne Clymer, sólo por esta razón única y exclusiva de abarcar, recibir y aceptar a todas las Religiones, es Universal. La Masonería, por cuanto predica la Religión Universal, es en cierto modo Religiosa en el sentido más elevado, adogmático y asectario del término. La Masonería es según Wirth, la Iglesia del Progreso Humano. Sin hacer ninguna referencia a las formas o modalidades de la Fe, provee a través de sus Símbolos y Leyendas evidencias indirectas que operan silenciosamente para establecer los grandes principios generales de la Religión, haciendo del Amor a la Humanidad y a la Vida su verdadera Fe. La Religión Masónica no revela, sino que invita a descubrir que hay más allá de lo profanamente perceptible. El acierto de la Obediencia es ofrecer una verdadera Experiencia Religiosa libre de todo sectarismo o exclusivismo, que cualquier persona puede practicar, porque tiene por Base una Mentalidad Amplia. Sin ser cristiana, predica una humildad verdaderamente cristiana que haría la envidia de las Iglesias, con la diferencia que deja los Dogmas y las Teologías a los dogmáticos y a los teólogos. La Libertad, la Igualdad y la Fraternidad, según la "Revue Maconnique de Lyon" de 1840, sería "la doctrina misma de Jesús", lo cual no debería escandalizar porque dicho Gran Maestro vino a enseñarnos a actuar bien y no a fundar una Institución religiosa. A diferencia de las religiones profanas, la Religión Masónica no pretende competir con ellas. El único secreto es que la Religión se convierte en un elemento aglutinador de las creencias de todos los Seres Humanos y no una cuestión que los separa por lo que opinen. Mackey, autoridad doctrinaria indiscutible, proclama que la Masonería es una institución religiosa, pero que preconiza aquella Religión en la que todos los Hombres están de acuerdo, guardando en más cada uno sus convicciones particulares cuyas especificidades la Obediencia tolera libremente y en las cuales no se aventura. Después de todo la Masonería tolera los sentimientos de Creencias de cada H.:, que luego cada uno aporta como Ingrediente a ese Gran Puchero en la Búsqueda colectiva de la Verdad con que todos los Masones hoy nos deleitamos pero del cual cada uno puede escoger lo que más le gusta, con el propósito de Alimentarse y Crecer en el Conocimiento. Parece mentira, pero para saber qué es Religión Verdadera en Masonería, las Fuentes nos siguen abrevando. Dicen las Constituciones de Anderson que la Religión que el Masón profesa es "la que todo hombre acepta, dejando a cada uno libertad en sus opiniones individuales... De este modo, la Masonería es el centro de unión y el medio de conciliar verdadera fraternidad entre personas, que hubieran permanecido perpetuamente distanciadas.". Nuestra Orden sólo pretende rescatar la Tradición más Pura y Universal de nuestra Relación con lo Trascendente o del Fenómeno Religioso, que paradójicamente es la Doctrina más antigua que captamos como la "Fe Masónica".

Ricardo Baronio decía que la Historia de la Religión es la Historia del Progreso, donde la comprensión de los fenómenos del Universo pasa a ser captada en situaciones mas nobles y racionales. La Religión es una actividad del Hombre que experimenta cambios, que empieza a preocuparse de la captación intelectual de la relación del Ser Humano con el Universo a través de una vida de moral coherente y unificada. En su aspecto mas alto y desarrollado aspira a un sentido de comunión con lo divino y a la paz y seguridad que deriva de la entrega del individuo a la voluntad de Dios, pero expresa realmente una necesidad moral objetiva, profundamente sentida y comprendida. Como en el Sendero Camino Iniciático, la Religión es lo que cada hombre hace en su soledad y desde su soledad. Esto lo elemental y primero. Y ello es un objetivo esencial de la Masonería configurando su relación fructífera con el hecho religioso. La Masonería, recuerda Torelló, es esencialmente espiritualista y lo sigue siendo. Por didáctica recurrió a símbolos y se desarrolló a través de Niveles, y posee orientación filosófica como también lo tiene la Religión. Religión no es sinónimo de Iglesia, y debemos terminar con la costumbre de referirnos a la Religión para aludir a instituciones como la Iglesia Católica. El principio religioso no significa la aceptación de una Divinidad Personal ni un concepto único de interpretación, sino que la Idea Moral que subyace respecto al Hombre y a la Humanidad es la esencia de la Religión, aunque cada uno le da su contenido (A. M. Cataldi). La Masonería es Religión puesto que "Religa" a un Grupo de Profanos convirtiéndolos en HH.:. Pero en la Orden nosotros mismos somos los que quedamos.

En cierta forma y como nos recuerda el H.: Goldenberg, la Masonería es la Religión de las Religiones en el sentido que sin practicar ninguna de carácter positivo o institucional, educa a respetar y a amar a todas, como también a la que en Vida cada Profano o H.: para sí elige. La Fe del Masón es la Luz con que el G.:A.:D.: U.: (en que el Masón cree como parte de su responsabilidad con lo Trascendente) ilumina o dirige su Espíritu. Su acción está orientada por una Norma Inspirada se crea en lo Divino o en aquellos Principios Morales en que los Hombres se han puesto de acuerdo, que simbólicamente se dice compendiada en un Libro de la Ley que se representa pero no tiene por qué identificarse necesariamente con la Biblia, el Corán, ciertos Libros Védicos u otros que acostumbre el uso masónico según el ámbito cultural de su región o país. En cuanto a cómo maneja cada Persona su relación con Dios, la Mas.: lo deja librado a su Libre Albedrío y a su Esfera Intima, aunque como Institución en más no acepta ni recomienda la práctica de una Religión Sectarista ni el Fanatismo. Así y sin proponérselo ella misma, sólo como Camino o Propuesta de Perfección, de Amor y de Unión del Hombre con lo Superior y con la Humanidad, la Mas.: es una verdadera Religión "del más Noble y Puro Metal".

Por tanto, afirmamos que la Masonería es para nosotros una Religión, en el sentido más Puro y Universal con que nosotros concebimos y según es para nosotros la palabra "Religión": un simple Camino de Acción en el Bien y de Reencuentro con Uno Mismo y con ese Principio Supremo del que venimos y al que tributamos nuestras Obras. El concepto Masónico de Religión para nosotros es propio, originalísimo y muy diferente al que le da el Mundo Profano. Pero en cuanto al Fin de Búsqueda de la Verdad y Construcción del Templo Espiritual propio y de la Humanidad, si la Masonería y la Religión buscan lo mismo, ¿por qué no pensar que son lo mismo?

No nos asusta como se dice, por algunos y no sin cierto ánimo de tacha, que algunos Grados del Sendero progresivo Masónico sean considerados "Religiosos". En verdad todos los Grados, desde el Primero hasta intuimos el Ultimo inclusive, lo son. En todo caso, son siempre "Religiosos" en el Buen y Constructivo Sentido de la palabra y no con acepción Profana o Profanizante. El concepto de "Religión" debe pues, también interpretarse con otra perspectiva, o sea con el Criterio Masónico y no con la idea mundana de "institución de creencias positivas y axiomáticas" o de "Credo". Quien ve en cualquier etapa del Sendero Progresivo nuestro Dogmas o Religión en criterio positivo u organizacional, a nuestro modo de ver no comprende que en los Estados de Conciencia Acrecentada que representa cada Grado hay que Abrir y Expandir cada vez más la Mente, y que los Conceptos o Símbolos deben captarse no en sentido Profano sino en su Dimensión o Clave Iniciática. Por tanto la palabra "Religión" debe pues, también interpretarse con Calibre Masónico.

La Masonería nos invita y no nos obliga a ser ejemplos vivientes de virtudes y transmutadores de las acciones materiales en nutrientes espirituales, manteniendo la Tradición del culto monoteísta del Dios de cada Corazón (lo que cada uno cree por tal, no el Dios teológico) al que se designa con el nombre genérico de "G.: A.: D.: U.:". Como Persona comprometida con un Ideal Elevado, el Masón debe asegurarse en su Templo Interior la Paz que le permita la comunicación con su Dios personal estableciendo nexos con planos más elevados del ser, ejerciendo un Sacerdocio de la Vida para la G.: D.: G.: A.: D.: U.:, y para una fluida comunicación fraternal que ilumine en el Amor y guíe a la Humanidad en la senda del conocimiento espiritual y la reconciliación, en un Mundo pleno de Armonía y Luz. En una interpretación auténticamente masónica de estos contenidos, vemos que se preconiza un Justo y Perfecto modo de actuar en relación a Uno mismo y de Militancia por los demás, en consonancia con el Supremo Principio. Esto es la forma Realizar la Luz en la Tierra y en el Cielo. Cualquiera puede hacer esta Labor si está imbuido de los Principios de la Obediencia.

Nosotros hemos concluido personalmente que la Masonería es una Religión en lo que interpretamos es nuestro significado de dicho término, y en esta orientación podríamos hablar de una "Religión Masónica". Ojalá, en sentido institucional, la Masonería fuera más Religiosa y la Religión fuera más Masónica. Creemos que así descubrirían algo más de sí mismas y se enriquecerían abriendo nuevas Realidades. El Sentimiento Masónico ofrece Espacio, como la Respuesta de Leuconoe, y no concebimos Religión sin Espacio para permitir volar al Espíritu. Si la Religión como la Masonería ofrecen Espacio para llegar hacia la misma Patria que es nuestro Gran Símbolo, ¿por qué no pensar también que pueden ser complementarios, por no decir que pueden identificarse?

La Masonería prefiere en realidad, más que como Religión, postularse como una Escuela de Moral y de Virtudes. En este aspecto están de acuerdo con que lo es, tanto los que aceptan como los que no a la Obediencia como una Religión. Pero sea que la considere como una Religión o como una Escuela, ello no quita a la Masonería lo que siempre y verdaderamente es: un Camino con Corazón.

II. Del Ateísmo y la Masonería

La cuestión entre el tema del Ateísmo en relación con la Masonería se plantea como un aspecto paralelo al problema de las vinculaciones entre la Obediencia y la Religión. Las profundas raíces religiosas y místicas de la Orden, que ha hecho decir a Cassard que “la Masonería es la verdad y la esencia de todas las religiones. Tan pura es su doctrina y su moral”, hace entender la ligazón especial que existe entre ella y la noción de un Principio o Ser Superior. Porque desde todos los documentos más elementales de la Masonería Regular, y afirmado como Landmark II en el Uruguay, la Orden trabaja y dedica sus actuaciones, desde las administrativas hasta las morales, a un Ente o Idea Elevada que alude con el nombre de G.: A.: D.: U.:. En la Doctrina o en el Arte Real Masónico, el Gran Símbolo es una figura imprescindible en la labor e intimidad de nuestro quehacer. Vale decir que si se prescinde o no se comprende la importancia de concebir o admitir su existencia, o por lo menos la posibilidad de su existencia, no se podría ser verdadero Masón. Masonería sin G.: A.: D.: U.: no es lo mismo, o por lo menos sería otra cosa. Por supuesto no importa la concepción que se tenga sobre la naturaleza de nuestro Gran Símbolo puesto que nada se impone al respecto, pero por lo menos cada M.: debe tener una Idea o Aproximación de aquél. Esto, por cuanto la Figuración del G.: A.: D.: U.: está conectada con el Propósito Trascendente que anima la Obra de la Orden, siendo su Referente u orientador.

No estableceremos una definición de la palabra “Ateo” pero básicamente todos sabemos que el Ateo prescinde o niega de la Idea de un Ser Supremo o de un Dios, para diferenciarlo del Agnóstico que no se introduce ni teoriza en la problemática de Dios aunque no lo niegue eventualmente. Sólo nos interesa qué cabida pueden tener los Ateos o el Ateísmo en la Masonería.

El texto de las Constituciones de Anderson de 1723 es escueto pero contundente: “El Masón... si comprende debidamente el Arte, no será jamás un estúpido ateo, ni un libertino irreligioso”. La Noción o Creencia en un Ser o Idea Superior para el Masón aparece no sólo condición o como una necesidad “sine qua non”, sino como hasta natural para la comprensión del Mester Masónico. La práctica Masónica misma lleva por otro lado a la comprensión del G.: A.: D.: U.: o denota al H.: que la Masonería está animada por la propia Suposición del G.: A.: D.: U:. Y “si comprende debidamente el Arte” no puede el M.: desligarse de la Idea de un Ser Supremo y por eso forzosamente no se puede ser Ateo; no porque no se tenga el derecho de serlo, sino porque no se puede comprender el Arte Masónico sin la Idea del GADU. El Adjetivo “Stupid” (“Estúpido”) original inglés en las Constituciones no sólo se comprende en su sentido literal insultante de “Tonto, Idiota” sino en el sentido que tiene la palabra también de “Insensato”, y también de “Desagradable” o “Rechazable” (“Collins Cobuild English Dictionary”), y se quiso interpretar también como “Silvestre”, Indómito”. Pero de todos modos la expresión “Estúpido Ateo” denota la mala idea que se tiene por algunos estudiosos de ellos como presencia en la Masonería. Sobre este pasaje de las CConst.: de Anderson, Mackey ha explicado que los Masones comprenden lo peligroso de lo que llama “el dogma del Ateísmo” y lo han desvanecido, exigiéndole a cada candidato que declare su confianza en Dios. Otros autores en esta línea han rechazado y condenado al Ateísmo en la Ob.:, como Frau Abrines que lo considerado opuesto a la Masonería por negar verdades y creencias de la Ord.:, Rizzardo da Camino que afirma que bajo lo increíble de esa descreencia (que considera al Ateísmo) organízanse las corrientes de los ateístas, o Nessi que expresa que el Masón no puede ser ateo en forma alguna.

La posibilidad de admitir o no Ateos en el seno de la Orden fue históricamente y aún es a la Actualidad objeto de polémicas por cuanto siempre se venía admitiendo que en nuestra Augusta Inst.: “La primera condición es la Creencia en un Ser Superior”, pero esa frase comenzó a sentir fisuras en la discusión de su alcance, contenido e incluso vigencia. Recordemos los debates ya endémicos entre Sajones y Latinos que llevó a grandes rupturas como entre el Gran Oriente de Francia y la Gran Logia Unida de Inglaterra por 1877, o la problemática vivida por 1948 y 1950 entre la Gran Logia de la Masonería del Uruguay y la Gran Logia Unida de Inglaterra (hoy felizmente superada).

La Idea de que el Masón no puede ser Ateo impone no obstante muchas precisiones. En primer lugar, no puede negarse las corrientes Agnósticas, Racionalistas, Anticlericales (contra las religiones positivas) o incluso Ateístas dentro de la Orden que llegan a no observar incompatibilidad entre la condición de Masón y la condición de Ateo. Asimismo, la interpretación histórica que se dio posteriormente a la frase de Anderson citada fue recreando y dando otras aristas a la polémica de las relaciones entre el Ateísmo y la Masonería. En cierto particular, desde la óptica de la Libertad de Pensamiento o desde una concepción Tolerante, debemos recordar que la Masonería no segrega a nadie por sus opiniones, y renegar o no aceptar a los Ateos podría significar una contradicción con la Filosofía de la Tolerancia y respeto que nos jactamos de profesar. En nombre de la Libertad de Opinión debe respetarse tanto a los que creen en un Principio Superior como los que no. Los Ateos ocupan en la práctica un lugar en la Orden e incluso contribuyen con toda su Inteligencia y capacidad intelectual a ella. Y nos preguntamos: ¿Es incompatible o no el Ateísmo con la Filosofía Masónica? ¿Bajo qué condiciones?

Muchos han planteado el tema del Ateísmo en referencia a la negación de un Ser Espiritual con Personalidad. Pero ya sabemos que el G.: A.: D.: U.: en Masonería como concepto es mucho más amplio y que también puede abarcar la Idea de Orientador Filosófico o de Acción Moral.

Parece para algunos que en principio un Masón puede ser Ateo si lo desea. En cuanto su Creencia o Descreencia no colida con los TTrab.:, aporta y al no estar en contra está a favor de la Obediencia. Como dijera Castellanos, no hay inconveniente entre ser M.: y Ateo siempre que se precise que este Ateísmo no niegue el derecho a los demás a creer lo que les parezca y que se permita la Libertad de Creencias y Conciencias.

Recordamos en el Subcapítulo anterior que cuando se postuló a Sierra Partida como Ven.: Gr.: Maes.: de la Gran Logia de México alguien objetó su condición de Ateo recordando la famosa frase de Anderson de que un Masón no podía ser un estúpido ateo. Y Sierra Partida le replicó: “Sí es cierto, ¿pero qué tal un “Ateo Inteligente”?

A nuestro modo, un Masón no podría ser ni un estúpido ateo, ni un estúpido fanático religioso.

En realidad, un Masón no puede permitirse ser Estúpido, directa y simplemente. Un Masón siempre debe ser Inteligente, crea en lo que crea o no crea en lo que no crea.

Porque el Masón es ante todo un Buscador o un Investigador, que debe tener hasta suficiente Autocrítica para eventualmente tener que corregir sus Postulados. Ahora bien, digamos que si desea profundizar y comprender el Arte en Serio, parecería que tarde o temprano la Noción o Idea de Ateísta o de Negación de un Ser o Postulado Trascendente, podría quedarle a un M.: estrecha. Más que el Rechazo o Creencia en un Ser o Ideal Superior, creemos que a la Masonería le interesa que el H.: tenga una Actitud de Amplitud Mental para no conformarse con lo inmediato, y para que no descarte nunca la posibilidad aunque fuere hipotética, de que puede haber algún Orientador o Guiador, o algo más allá o más permanente a descubrir, se llame como pudiera llamarse. El Masón no tiene por qué creer en un Ser Superior con Personalidad, pero parece pensable que no puede negar Principios o Ideas Superiores de orientación Espiritual o Moral. Ateo o Creyente en Dios, el Masón no puede permitirse el lujo de encarar tales posturas como Dogmas o Postulados inamovibles sino como Hipótesis de Investigación, debiendo comprender que los requerimientos del Arte Real, esencialmente progresivo y dinámico, pueden implicar siempre la Redefinición de Conceptos. Pero determinada Elevación en el Camino del Conocimiento Masónico importa reconocer que sin un Orientador Espiritual o Moral, el Masón no puede continuar en su Investigación sin perjuicio que pueda incluso hasta redefinir o reapreciar qué significa para él tal Orientador. Si no sabe hacia dónde quiere el Masón ir y si no tiene un Propósito Trascendental, se perderá en un lodazal de especulaciones o insensateces.

Un Ateo a nuestro modo es una persona que carece de todo tipo de Orientador Moral o Espiritual, sea una Idea o una Personalidad, y sin esa Guía no podrá comprender realmente el Arte de la Masonería. El concepto de Ateo en Masonería sería en nuestra óptica diferente que el sentido profano referido a quien no cree en un Ser Supremo Espiritual o a quien descree en las Religiones o Verdades Oficiales. El Ateo sería así y supone la asunción lisa y llana de lo cotidiano como única verdad o realidad, privándose del Sabor y de la Ventura de creer que se puede intentar encontrar algo Más Allá. En la resignación a esas Sombras no podrá concebir ni apreciar la probabilidad de la Luz, un verdadero Lujo o Negación que no le permitirá captar qué es la Masonería.

Si un Masón, como dijera Cruz, cumple con todas las exigencias morales y espirituales y quiere llegar hacia una Gran Luz de Verdad, si está dispuesto a que la Masonería lo convierta internamente, jamás será un Ateo. El Masón puede no creer en Dios, pero no sería admisible que careciera de sentido Espiritual y de Espiritualidad. Para recordar una idea de Flores Colombino que nos parece muy apropiada, en la Masonería pueden convivir todos, tanto los que tengan Religión como los que no creen y los que crean en un Dios como quienes no lo creen, mientras sientan una Fe Masónica que es independiente a esos temas y no se modifica.

Y así llegamos a la siguiente Idea: El Masón, sea cual sea la postura que tome en relación al tema de Dios o del G.: A.: D.: U.:, no puede carecer de Orientación o Regulación Espiritual ni de Espiritualidad. Si no posee ese “Minimum” no tendrá la menor Idea de por qué está en la Orden, ni comprenderá ni será penetrado internamente los Secretos del Arte Real aunque pase muchos años. Desde ese punto de vista, si carece de Dimensión o de Referencia Espiritual a nuestro entender será “Ateo” y así será también “Estúpido” porque sólo perderá el tiempo en nuestra Institución. Esto, tanto en el Grado 1o. como en los GGr.: que vengan, todos consagrados “A L.: G.: D.: G.: A.: D.: U.:”.

Sin una noción u orientación de lo Divino o Trascendente, no se puede asumir una Filosofía orientada y referida hacia lo Divino o Trascendente. Por eso un Ateo, en el sentido de negador de todo propósito Espiritual o Superior, no tendrá cabida en la Masonería no por precepto o requerimiento institucional, sino porque la Masonería a la larga o a la corta le resultará algo insípido que no le reportará nada con la pérdida inútil de esfuerzos y de tiempo para su parte. No concebimos como Ateo a quien crea en Algo o tenga un Sostén de su Actividad, sea la Realidad, la Naturaleza, el Destino Humano, El mismo o cualquier otra Idea orientadora de Sentido Elevado; donde ponga su Corazón allá estará su G.: A.: D.: U.: o Dios. Lo que le reclama la Orden, tanto a él como a todo Masón Creyente o No Creyente, es ser Inteligente y Atreverse a Abrir su Capacidad de Comprensión hacia eventuales Realidades Superiores y hacia Altos Valores, que esté en Consonancia, Coherencia o Relación Directa entre quién es y qué lo anima, que mejor potencie y disfrute guiado por un Sentido de Orden el Milagro de Vivir. Creemos que va por allí el Secreto y el Sabor de nuestro Ministerio Sacerdotal en su Concepto más Noble, hasta con prescindencia o independientemente de la polémica entre Ateísmo y Masonería.

Clique para ler mais...