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sexta-feira, 25 de abril de 2025

Conexões entre as Leis do Hermetismo, Maçonaria e a Filosofia Moderna - Uma Introdução


Por: Luis Genaro Ladereche Fígoli (Mestre Moshe 33°)

Introdução

O Hermetismo, uma tradição espiritual e filosófica que remonta ao Egito antigo, é baseado nos ensinamentos atribuídos a Hermes Trismegisto[1]. As suas sete leis herméticas, que discutem a natureza da realidade e a interconexão do cosmos, encontram ressonância na filosofia moderna, especialmente em áreas como a física quântica, a psicologia e a filosofia da mente. É um conjunto de textos iniciáticos, datados provavelmente do século I ao século III,que representaram a fonte de inspiração do pensamento hermético e neoplatônico renascentista. Na época, acreditava-se que a obra remontasse à antiguidade egípcia, anterior a Moisés, e que nela estivesse contido também o prenúncio do cristianismo. Na Maçonaria, os seus ensinamentos formam incorporados à Moral Maçônica e fazem parte da “coluna vertebral” do ensinamento iniciático, sendo estudado em vários Graus, inclusive no de Apr.´..

 Este artigo explora essas conexões, destacando como os princípios herméticos podem enriquecer a compreensão contemporânea da realidade. Impressiona a conexão de conceitos formulados a milhares de anos, com os conceitos desenvolvidos pela ciência hoje, como a física quântica, a neurociência, a astrofísica, entre outros.

 As Sete Leis do Hermetismo

As sete leis do Hermetismo são:

  1. Mentalismo: O universo é mental; tudo é mente.
  2. Correspondência: "Como acima, assim abaixo; como abaixo, assim acima."
  3. Vibração: Tudo no universo está em constante movimento e vibração.
  4. Polaridade: Tudo possui dois polos; tudo é dual.
  5. Ritmo: Tudo flui e reflui; há um ritmo em todas as coisas.
  6. Causa e Efeito: Cada causa tem seu efeito; cada efeito tem sua causa.
  7. Gênero: O gênero se manifesta em todas as coisas; masculino e feminino são princípios universais.

 Conexões com a Filosofia Moderna

1. Mentalismo e Teorias Quânticas

A primeira lei do Hermetismo, o mentalismo, reflete princípios da física quântica, onde a observação do observador influencia a realidade. O trabalho de físicos como Niels Bohr e Werner Heisenberg sugere que a consciência desempenha um papel crucial na formação do universo. Este conceito é explorado no livro "A Física da Imortalidade" de Fred Alan Wolf, onde ele argumenta que a mente molda a realidade física.

2. Correspondência e Interconexão

A lei da correspondência, refletida na frase "como acima, assim abaixo", ressoa com a ideia de interconexão presente em várias filosofias modernas, incluindo a teoria dos sistemas e a ecologia profunda, que enfatizam a interdependência de todos os seres. Fritjof Capra, em "A Teia da Vida", discute como a vida se manifesta em redes complexas de interações, semelhante à visão hermética.

3. Vibração e Psicologia

A terceira lei, que trata da vibração, pode ser relacionada à psicologia moderna, especialmente às teorias de Carl Jung sobre arquétipos e o inconsciente coletivo. Jung sugere que os padrões de pensamento e comportamento humano ressoam em níveis profundos, refletindo as vibrações descritas no Hermetismo.

 4. Polaridade e Dualidade

A polaridade, como descrita na quarta lei, é uma ideia que encontra paralelo na filosofia moderna, especialmente em dialética hegeliana e teorias de yin e yang na filosofia oriental. A compreensão de que opostos são interdependentes é central para muitas tradições filosóficas contemporâneas.

5. Causa e Efeito e a Nova Física

A lei de causa e efeito se alinha com os princípios da causalidade na física moderna e os conceitos de causação em filosofia. O filósofo David Hume debateu a natureza da causalidade, questionando a relação entre eventos e suas causas, um tema que ecoa as complexidades das relações herméticas.

Conclusão

As Leis do Hermetismo oferecem uma perspectiva rica e profunda que dialoga com a filosofia moderna. À medida que a ciência avança e novas descobertas são feitas, a intersecção entre o Hermetismo e a filosofia contemporânea se torna um campo fértil para exploração e reflexão. O estudo dessas conexões não só enriquece a compreensão das realidades espirituais e materiais, mas também promove uma visão holística do universo e da existência.

Bibliografia

  1. Wolf, Fred Alan. A Física da Imortalidade. Editora XYZ, 1999.
  2. Capra, Fritjof. A Teia da Vida: Uma Nova Visão da Natureza Humana. Editora ABC, 1996.
  3. Hume, David. Um Tratado da Natureza Humana. Editora DEF, 1739.
  4. Jung, Carl. O Homem e Seus Símbolos. Editora GHI, 1964.

Essas conexões entre o Hermetismo e a filosofia moderna oferecem um espaço para reflexão sobre a natureza da realidade e o papel da consciência na criação do mundo que habitamos.



[1] Hermes Trismegisto (em latim: Hermes Trismegistus "Hermes, o três vezes grande") é uma figura mítica de origem sincrética. Essa figura mítica indica o deus Thoth dos antigos egípcios, considerado o inventor das letras do alfabeto e da escritura, escrita dos deuses, e portanto, revelador, profeta e intérprete da divina sapiência e do divino logos. Quando os gregos tiveram conhecimento desse deus egípcio, descobriram que apresentava muitas analogias com seu deus Hermes, intérprete e mensageiro dos deuses, e o qualificaram com o adjetivo “Trismegisto” que significa “três vezes grandíssimo”. Na antiguidade tardia, especialmente nos primeiros séculos da era imperial (sobretudo nos séculos II e III depois de Cristo), alguns teólogos e filósofos pagãos, em contraposição ao cristianismo galopante, produziram uma série de escritos, conhecidos como literatura hermética, apresentando-os sob o nome desse deus, com a evidente intenção de opor às Escrituras divinamente inspiradas dos cristãos, como outras escrituras difundidas como divinas “revelações”. A literatura hermética hoje em dia está quase perdida. As pesquisas modernas já acordaram, sem sombra de dúvida, que sob a máscara do deus egípcio se escondem autores diversos, e que os elementos “egípcios” são exíguos. Na realidade, trata-se de uma das últimas tentativas de resgate do paganismo, amplamente fundado em doutrinas do platonismo da época (o médio platonismo).

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sábado, 14 de abril de 2018

A Ciência Moderna e a Maçonaria - A Busca de uma Consciência Superior.



Por:
Irm.'. Luis Genaro Ladereche Figoli
M.'.I.'. Grau 32°

Heine, poeta e filósofo alemão, dizia que "não existe plágio na filosofia", é claro se não houver cópia literal do pensamento de outrem e apor nossa assinatura. Num nível mais alto e sutil, muito além do pragmatismo da vida cotidiana, sabemos que as ideias fundamentais da filosofia "pairam na atmosfera", reclamando somente uma atenção maior, um poder de percepção mais aguçado e, sobretudo, o raro dom de síntese a fim de serem sistematizadas, trazidas até o nosso mundo das idéias e dos ideais. Todos os conceitos expressos neste artigo já são conhecidos. Estão disponíveis na mídia mundial, em livros recentemente escritos, com as novas descobertas científicas. Também se encontram em nossos escritos maçônicos, com mais de duzentos anos, alguns com vários milenios, como vamos ver. O nosso propósito foi traçar um paralelo entre estas informações dispersas e aparentemente desconexas, entre a ciência moderna e nossa filosofia como forma de demonstrar que há, por traz de tudo isso, um conceito maior, que talvez esteja em nossa frente e não o consigamos perceber. Esta é minha tentativa de modesta contribuição. Tentar unir as pontas aparentemente desligadas e, em alguns casos, contraditórias.

Na física:

Somos feitos de vazios!!!. Pois bem, não estou me referindo a vazios existenciais, mas de vazios físicos mesmo. Explico: em nosso corpo existem 7 octilhões de átomos, os quais existem de 14,7 bilhões (o hidrogênio por exemplo) a 11 bilhões de anos (o carbono por exemplo). Somos assim, poeira das estrelas, mas esse não é o papo. O mais impressionante é que os átomos são compostos de grandes espaços “vazios”. Noventa e nove por cento, segundo a física quântica. A sua estrutura é similar à do sistema solar: uma parte central concentra a massa (núcleo/sol) e partículas giram ao seu redor (elétrons/planetas). Os elétrons, porém, se movimentam como ondas. Sua trajetória não é determinada por uma órbita regular, mas por um cálculo de probabilidades. Exemplificando, se pudéssemos amplificar um próton de um átomo de hidrogênio,  ao tamanho de nosso Sol, o elétron que órbita em torno dele, estaria distante a incríveis 47 bilhões de quilômetros, ou seja oito vezes mais distantes do que a distância do Sol a Plutão. Outro comparativo: se este próton tivesse o tamanho de uma bola de gude, o elétron de encontraria a 2.000 quilômetros de distância. Entre eles, vazio. Se um átomo tivesse um centímetro de raio, seu núcleo teria 800 bilhões de quilogramas, ou seja, sua massa seria semelhante à de um arranha-céus. A densidade, então, seria aproximadamente 1,91x1013 kg/m3. Em suma, cada um de nós, além de pertencer ao Universo (e ser sua consciência existencial) somos compostos por um gigantesco universo interno, com mais de 99% de vazios ou de matéria ou energia escura que até hoje não sabemos o que é!!!!

E na Maçonaria:

Como sabemos, nossa filosofia, repositório dos antigos mistérios das mais diversas civilizações, desde que o homo sapiens sofreu a revolução cognitiva à aproximadamente 70 mil anos atrás, construiu suas teses a partir da contemplação e, fundamentalmente, da inspiração fruto da meditação e do contato com uma consciência ampliada e superior, que chamamos de Verdade.

Desde cedo, na Ordem, aprendemos que nosso Templo é uma representação do Universo. Mas também aprendemos que temos o Templo Exterior e o Interior. E o que o nosso Templo Interior também é um Universo. 

Sabemos também que a busca é interior, pois "tudo que tem encima, tem embaixo, e o que esta dentro é como o que está fora". Esta é uma das Leis do Hermetismo, que é um conjunto de princípios atribuídos a Hermes Trimegisto que formam uma filosofia que ficou conhecida como Hermetismo.

Hermes Trimegisto viveu, segundo se especula, por volta de 1.300 a.C..A literatura Hermética hoje em dia foi quase perdida. Estima-se que Hermes Trismegisto fora a inspiração para diversos pensadores da Antiguidade que o sucederam, como Sócrates, Platão e Aristóteles.
Seus conhecimentos encontrariam particular força na Idade Média, quando os Alquimistas estudavam os princípios Herméticos sob o pretexto de transformar chumbo em ouro. Todavia, a escusa utilizada pelos Alquimistas não passava de um pretexto. Seu verdadeiro objetivo era estudar o processo de transformação do ser humano. Como o ouro, o objetivo era transformar a essência humana imune à desintegração.
Através da contemplação e da cognição, talvez, com acesso a uma consciência superior (ou outra dimensão da nossa própria consciência), os filósofos e as civilizações antigas "intuíram" o que hoje estamos "descobrindo" através da ciência. E a Maçonaria, como repositório destas antigas civilizações e seus mistérios, traduz hoje em dia para cada um de nós, este conhecimento (Kabbalah) na forma de pilulas sobre a Verdade.
Nossa filosofia e a ciência não se chocam, se complementam. Nossa realidade sensitiva (fruto dos estímulos de nossos cinco sentidos no ambiente) é uma pequena porção da realidade. Somos mais do que corpo material, com cognição e inteligência. A ciência ainda não consegue explicar (e talvez nunca consiga) qual a  verdadeira dimensão da realidade. Pesquisas recentes buscam demostrar que poderemos co-existir em várias dimensões de realidade, ou em diversos Universos chamados de Mulltiversos (e já há modelos matemáticos que conseguem se aproximar desta tese). Assim, o que enxergamos, ouvimos, cheiramos, tocamos e sentimos o gosto, pode ser apenas uma "ilusão" da nossa mente. "O Todo é Mente; o Universo é mental", dizia Trimegisto à mais de 3.000 anos atrás.
Damos demasiada importância a este ciclo de nossa existência, que sequer sabemos se ela é real ou não. Descuidamos do essencial, preocupados no aparente. Precisamos prestar atenção nos ensinamentos que a nossa filosofia nos traz, nesta escalada que se nos apresenta (simbolicamente representada pela Escada de Jacó) que, muito além do que a religação ao Divino, se propõe a buscar a Luz, que pode ser a nossa Verdadeira Consciência Superior. E o caminho que se propõe é através da prática continuada da Virtude, cujas expressões máximas não: Fé, Esperança e o Amor Fraternal.
Somos matéria em 99% de vazios incongnisíveis!!!! Pretendemos ser a consciência do Universo, quando estamos limitados a cinco sentidos primários, e sequer sabemos como chegamos até aqui, e para onde devemos ir!!!! Precisamos atingir níveis mais elevados de nossa consciência, níveis mais situis, que nos permitam (através da meditação), buscar a Verdade oculta. Esta é a grande tarefa da Maçonaria e de nós Maçons. E esta poderá ser a grande contribuição que daremos à humanidade. 

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sábado, 9 de junho de 2012

A Coluna da Harmonia Na Maçonaria - A Música e suas influências simbólicas e filosóficas - PARTE II


Parte II – Aspectos Filosófico-Místico no uso da Harmonia em Loja


Como vimos na parte um deste trabalho, a harmonia maçônica (ou uso de música durante os rituais maçônicos) revestem-se de dois aspectos: O histórico-simbólico e o filosófico-místico. Examinamos a origem do uso da música, nas antigas civilizações, e como esta prática chegou até a maçonaria, possivelmente a partir de influencias múltiplas (não unitárias). Todavia, devemos considerar que a influência mais importante parece ter sido da Escola Pitagórica, já que temos entendimentos comuns entre a forma como usamos a música (e suas finalidades) na maçonaria e na referida Escola.

Precisamos lembrar que Pitágoras usava a música para fortalecer a união entre os seus discípulos, por entender que a música instruía e purificava a sua mente. Em sua Escola, a música era entendida como disciplina moral por atuar como freio aos ímpetos agressivos dos ser humanos[1]. Importante são os conceitos de Harmonia Cósmica que segundo os gregos representava a qualidade de relação, ordenação e organização dessas dimensões inerentes ao "kosmos". Outros conceitos importantes para os gregos clássicos (e que devemos levar em consideração em nosso estudo pela proximidade com o que a maçonaria apregoa) é o princípio de “arque” (o princípio invisível da Unidade) e a “physis” (principio visível da Unidade) ou o UNO, que se torna o “cosmos” ou o Múltiplo, se articulando através de duas dimensões, ordem e caos. De outra forma, a Harmonia (ou música) serviria (fisicamente) para “colocar ordem no caos”. Se isto for correto, nossa intenção em Loja, ritualisticamente, seria colocar ordem no caos, ou seja, reorganizar as energias do templo de forma a harmonizar o ambiente e, com isso, elevar a níveis superiores a nossa consciência e nosso espírito. Traduzindo, regularizando a “Egrégora” da Loja.

Vamos examinar conceitualmente o que é a Egrégora.

Embora seu exato entendimento ainda esteja longe de um consenso, há um ponto comum: Egrégora é energia. Absurdos neste campo foram produzidos (e hoje rechaçados) como observa Robson Rodrigues da Silva em seu livro “Reflexos da Senda Maçônica”[2]. É o caso, por exemplo, de Eliphas Levi[3] que no século XIX produziu um texto dizendo que “As Egrégoras são deuses...As Egrégoras são espíritos motores e criadores de formas. Nascem da respiração de Deus. Deus dorme na Natureza e o mundo é seu sonho. Dormindo, ele inspira e expira. Sua respiração cria Egrégoras, e há Egrégoras da inspiração e Egrégoras da expiração..[4]. Um primor de abstração, em que pese defendermos que na Maçonaria a Verdade é de livre pensamento.

Como disse impossível falar em Egrégora sem haver referência à energia. Mesmo quando fizermos uma abstração esotérica ou ocultista, no fundo o que sentimos e queremos exprimir é um “estado”, uma “sutil força” que nos direciona para o bem estar ou mal estar, ou seja, uma energia “boa” ou “má”. Quantas vezes sentimos isso ao adentrarmos em um ambiente, nos sentimos confortáveis ou desconfortáveis, mesmo que não tenhamos trocado sequer uma palavra com ninguém que esteja no mesmo ambiente. Mais, quantas vezes nos sentimos confortáveis ou desconfortáveis num ambiente, mesmo não tendo ninguém nele? E quando passamos por um lugar fúnebre (como um cemitério), qual o “estado” que recolhemos?. Apesar de sermos mais ou menos sensitivos (uns em relação aos outros), com certeza meu leitor sabe do que estou falando, mesmo que não tenha nunca estudado nada em relação às ciências ocultas.

Pois bem, no mesmo diapasão, mas em direção oposta, já notaram qual a “energia” que “percebemos” quando nos adentramos numa Igreja? E num Templo Maçônico?. Normalmente sentimos uma coisa “boa”, uma “energia positiva”, um “estado de bem-estar” que nos satisfaz. Mas o que seria exatamente este “estado de bem-estar” de “agradável convivência”?. Entendo que é a Egrégora, ou a energia circundante no ambiente que vibra numa determinada frequência que nos faz “estabilizar” a nossa própria energia corporal. Sentimos isto através dos sentidos sutis e, porque não, em nosso espírito. É o que chamamos de Maçonaria Invisível.

Examinemos o que Einstein[5] conclui sobre energia. Segundo o sábio físico (e provou isto) matéria e energia são a mesma coisa. Na realidade são manifestações de uma mesma substância, só se diferenciando pela frequência vibratória de cada uma. Matéria é energia, apenas condensada e tornada visível. Apesar de Einstein nunca ter professado nenhuma religião (era Judeu), e como cientista ter professado mais o método do que o dogma, no final de sua vida em sua obra “Como Vejo o Mundo” no tema religiosidade, procura enfatizar seu ponto de vista do mundo e suas concepções em temas fundamentais à formação do homem, tais como o sentido da vida, o lugar do dinheiro, o fundamento da moral e a liberdade individual. O Estado, a educação, o senso de responsabilidade social, a guerra e a paz, o respeito às minorias, o trabalho, a produção e a distribuição de riquezas, o desarmamento, a convivência pacífica entre as nações são alguns dos temas que ele trata, entre outros.

Interessante é um breve discurso de Albert Einstein:

“O espírito científico, fortemente armado com seu método, não existe sem a religiosidade cósmica. Ela se distingue da crença das multidões ingênuas que consideram Deus um Ser de quem esperam benignidade e do qual temem o castigo - uma espécie de sentimento exaltado da mesma natureza que os laços do filho com o pai, um ser com quem também estabelecem relações pessoais, por respeitosas que sejam. Mas o sábio, bem convencido, da lei de causalidade de qualquer acontecimento, decifra o futuro e o passado submetidos às mesmas regras de necessidade e determinismo. A moral não lhe suscita problemas com os deuses, mas simplesmente com os homens. Sua religiosidade consiste em espantar-se, em extasiar-se diante da harmonia das leis da natureza, revelando uma inteligência tão superior que todos os pensamentos humanos e todo seu engenho não podem desvendar, diante dela, a não ser seu nada irrisório. Este sentimento desenvolve a regra dominante de sua vida, de sua coragem, na medida em que supera a servidão dos desejos egoístas. Indubitavelmente, este sentimento se compara àquele que animou os espíritos criadores religiosos em todos os tempos”.

Retomando, Egrégora origina-se da palavra grega egregorós que significa vigilante, ou ainda, egregorien que significa vigiar, zelar é como se denomina a entidade criada a partir do coletivo pertencente a uma assembleia.

Segundo as doutrinas que aceitam a existência de egrégoros, estes estão presentes em todas as coletividades, sejam nas mais simples associações, ou mesmo nas assembleias religiosas, gerado pelo somatório de energias físicas, emocionais e mentais de duas ou mais pessoas, quando se reúnem com qualquer finalidade.

Assim, todos os agrupamentos humanos possuem seus egrégoros característicos: as empresas, clubes, igrejas, famílias, partidos etc., onde as energias dos indivíduos se unem formando uma entidade (espírito) autônomo e mais poderoso (o egrégoro), capaz de realizar no mundo visível as suas aspirações transmitidas ao mundo invisível pela coletividade geradora. Em miúdos, um egrégoro participa ativamente de qualquer meio, físico ou abstrato.

Quando a energia é deliberadamente gerada, ela forma um padrão, ou seja, tem a tendência de se manter como está e de influenciar o meio ao seu redor. No mais, os egrégoros são esferas (concentrações) de energia comum. Quando várias pessoas tem um mesmo objetivo comum, sua energia se agrupa e se "arranja" num egrégoro. Esse é um conceito místico-filosófico com vínculos muito próximos à teoria das formas-pensamento, onde todo pensamento e energia gerada têm existência, podendo circular livremente pelo cosmo.

Essa formação se origina por cadeias de pensamento. Partindo da premissa que tudo é composto por “átomos” que são divididos em partículas subatômicas, que o homem sabe existir, seria lógico acreditar que o “pensamento” também pode ser constituído por estas partículas, pois tudo o que existe no Universo é formado por elas. A Física Quântica e mais recentemente a Química Quântica consideram a existência de outras forças no Universo ainda desconhecido pelo homem, mas que agem diretamente sobre ele, e nesse ambiente de convicções e fundamentos científicos, acredita-se na viabilidade da afirmação do “aspecto físico molecular do pensamento” até porque não se conhecem as suas propriedades, mas sim seus efeitos.[6]

Segundo Freud[7], o pensamento sobre si próprio, a construção interior sobre o certo e o errado, configura-se num elemento determinante para a saúde do corpo, e o pensamento agindo diretamente sobre o corpo físico imporá a cura, ou até mesmo a doença, motivo pelo qual é mister conhecer profundamente a força do pensamento.

O pensamento possui uma força real e poderosa que pode condensar a matéria astral solta no ambiente, originando o ser coletivo. As pessoas reunidas num local emitem vibrações idênticas e pensamentos de uma mesma natureza, resultando em um ser verdadeiro que possui vida. A Egrégora acaba recebendo energias e o conhecimento acumulado das pessoas que o formam, passando a ser mais forte que cada um dos membros individualmente. É o que chamamos de força sinérgica do pensamento[8].

O Templo dos Maçons é o berço da Egrégora que uno o corpo presente de todos os Irmãos, sendo o símbolo maior de convergência de seus pensamentos como homens, mas principalmente, como maçons. O maçom precisa estar em segurança (à coberto) e neste instante, começa a brotar em si um sentimento maior, sublime, a mostrar que não é apenas matéria, mas que existe um espírito ligado a uma mente maior, e que pode operar verdadeiras conquistas em seu interior, quando se forma um campo energético que cobre o seu corpo físico, e esse campo energético ou energia vital o une aos demais maçons, formando apenas um único corpo mental, quando a energia mental se funde em pensamentos, em forma de fluxo magnético que circula e atua entre todos os integrantes.

A Harmonia Maçônica, em definitivo, com a aplicação de música adequada a cada fase do ritual, tem por objetivo manter a Egrégora funcionando num fluxo vibratório adequado, mesmo quando cessam as palavras, a circulação e até, os próprios pensamentos.

Para finalizar, devemos considerar que em toda peça musical há três componentes principais: Ritmo, Melodia e Harmonia. O Ritmo liga-se ao Corpo Físico do Homem e influencia a dança e os movimentos. A Melodia liga-se à Alma e induz à emoção e aos sentimentos. A Harmonia conduz à Espiritualidade. Por esse motivo, nos rituais da Maçonaria usamos a música clássica em que predomina a Harmonia sobre a Melodia e o Ritmo[9].

Evite-se música rítmica e compassada nos trabalhos litúrgicos, assim como a música cantada, pois distrai, desvia a atenção, e conduz a pensamentos diversificados e extra templo, ao passo que a música clássica, descompassada, concentra e ajuda a unificar os pensamentos para a constituição da força coletiva que toda Loja possui, pelo conjunto de seus obreiros[10].

É recomendável que se utilize um repertório musical com peças de autores maçônicos, como o foram Mozart, Boieldien, Haydn, Sibelius, Liszt, Cherubini, Carlos Gomes, entre outros.[11]

Bibliografia:
Goulart Jaques, Walnyr – Uma Loja Simbólica REAA;
Da Camino, Rizzardo – O Maçom e a Intuição;
Espósito dos Santos, Amado e outros  - Manual Completo de Lojas Maçônicas;
D´Elia Junior, Raymundo -  Maçonaria 100 Instruções de Aprendiz;
Queiroz, Álvaro de – Os Símbolos Maçônicos;
Carvalho, Assis – Cargos em Loja;
Guimarães, José Francisco – Aprendiz, Conhecimentos Básicos da Maçonaria
Rodrigues da Silva, Robson – Reflexos da Senda Maçônica;
Dyer, Colin – O Simbolismo na Maçonaria
Wikipédia


[1] - Auto citação - ver Parte I deste trabalho, página 3
[2] - Rodrigues da Silva, Robson – Reflexos da Senda Maçônica Pág. 97
[3] - Eliphas Lévi, nome de baptismo Alphonse Louis Constant, (8 de fevereiro de 1810 - 31 de Maio de 1875) foi um escritor francês, e ocultista. O seu pseudónimo "Eliphas Lévi," sob o qual ele publicava seus livros, resultou de pretender ter neles um pseudónimo de origem hebraica associando-o mais facilmente a outros cabalistas famosos.
[4] - Rodrigues da Silva, Robson – Reflexos da Senda Maçônica Pág. 97 (citação)
[5] - Albert Einstein ([Ulm, 14 de março de 1879 — Princeton, 18 de abril de 1955]) foi um físico teórico alemão radicado nos Estados Unidos. É conhecido por desenvolver a teoria da relatividade. Recebeu o Nobel de Física de 1921, pela correta explicação do efeito fotoelétrico; no entanto, o prémio só foi anunciado em 1922. O seu trabalho teórico possibilitou o desenvolvimento da energia atômica, apesar de não prever tal possibilidade.
[6] - D´Elia Junior, Raymundo – Maçonaria 100 Instruções de Aprendiz.
[7] - Sigismund Schlomo Freud (Příbor, 6 de maio de 1856 — Londres, 23 de setembro de 1939), mais conhecido como Sigmund Freud, foi um médico neurologista judeu-austríaco, fundador da psicanálise. Freud nasceu em Freiburg, na época pertencente ao Império Austríaco; atualmente a localidade é denominada Příbor, na República Tcheca.
[8] - Sinergia ou sinergismo deriva do grego synergía, cooperação sýn, juntamente com érgon, trabalho. É definida como o efeito ativo e retroativo do trabalho ou esforço coordenado de vários subsistemas na realização de uma tarefa complexa ou função. Quando se tem a associação concomitante de vários dispositivos executores de determinadas funções que contribuem para uma ação coordenada, ou seja, o somatório de esforços em prol do mesmo fim, tem-se sinergia. O efeito resultante da ação de vários agentes que atuam de forma coordenada para um objetivo comum pode ter um valor superior ao valor do conjunto desses agentes, se atuassem individualmente sem esse objetivo comum previamente estabelecido. O mesmo que dizer que "o todo supera a soma das partes".
[9] - Espósito dos Santos, Amado e outros – Manual Completo para Lojas Maçônicas.
[10] - Goulart Jaques, Walnyr – Uma Loja Simbólica REEA
[11] - Espósito dos Santos, Amado e outros – Manual Completo para Lojas Maçônicas
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