sábado, 25 de março de 2023

Ferramentas do Aprendiz até quando usá-las?

 

Publicação cedida à pedido de um Irm.´.

Ferramentas do Aprendiz até quando usá-las? 

Ao profano quando lhe é apresentando as ferramentas: maço, cinzel e o esquadro, e lhe perguntado sobre a sua utilidade, a resposta será sem dúvida alguma para o uso na construção civil e mais ainda, dirá também que tem mil e uma utilidades. 

Mas, quando esse profano recebe a Luz da Verdade Maçônica, iniciado nos Augustos Mistérios da Maçonaria, e lhe é apresentado as mesmas ferramentas, a resposta será revestida de muito simbolismo. Certamente, o Iniciado Maçônico não terá toda a compreensão do real significado das ferramentas que utilizará na sua caminhada como Aprendiz. 

Outra questão a se colocar sobre as ferramentas do Aprendiz, é: o Esquadro, o Maço e o Cinzel, dentro de toda a simbologia Maçônica, são ferramentas exclusivas do recém-chegado, iniciado, ex-profano, Aprendiz?

A resposta a esta questão, poderá ser abstraída da leitura dessa Peça de Arquitetura juntamente com a realidade evolutiva espiritual e moral de cada I∴M∴. 

Na histórica Maçonaria Operativa, em sua origem, que remonta a idade média, as ferramentas mais utilizadas pelos construtores eram o maço, cinzel e o esquadro. Dessas, surgiram lindas construções, Catedrais, Palácios, Pontes e Castelos. 

Esses construtores de sonhos, chamados pedreiros livres,


tinham uma organização muito bem concebida. Entre eles, tinha uma hierarquia de conhecimentos os quais se respeitavam como irmãos, solidários e fraternos. Dentro desse organograma têm-se o Aprendiz, o Companheiro e o Mestre, cada qual com sua função; sendo que eles passaram a chamar a atenção de muitos intelectuais, e suas reuniões de ofícios eram frequentadas por muitos daqueles. 

Não demorou muito, para que os Maçons Operativos, se virem sugados pela grande transformação que ocorria na Europa, a Revolução Industrial. Essa trouxe uma nova forma de ferramentas, as máquinas, que substituíam o trabalho manual. Assim, findando o século XVIII, o maçom operativo “não teve outra escolha a não ser se tornar operário fabril e trabalhar uma média de 80 horas por semana”. Desaparecendo em definitivo, restando a Maçonaria Especulativa que manteve a tradição de seus ensinamentos, a qual passou para um novo tipo de construção, “a construção de si mesmos! ”.  Surgem os Maçons Especulativos.

Isso mesmo, em vez de usar o cinzel e o maço nas pedras para erguerem Catedrais, de agora em diante, irão usá-los em seu próprio corpo, representado pela P∴B∴, a qual deverá ser desbastada, esculpida e cinzelada, transformando em uma P∴C∴ (perfeição).

Finalizado esse ponto introdutório, chega-se ao simbolismo das ferramentas, as quais o Aprendiz Maçom deverá de agora até o final de sua existência física, (retornando para o Oriente Eterno, ao encontro do Grande Arquiteto do Universo), utilizar constantemente na sua lapidação, “Levantando Templos à Virtude e cavando masmorras ao Vício”. 

As três ferramentas devem ser utilizadas em harmonia, pois, usadas separadas, não se consegue chegar ao fim desejado, qual seja: P∴ C∴.

A primeira ferramenta Maçônica do Aprendiz é o esquadro o qual tem como finalidade conferir a perfeição dos ângulos retos (virtuosos) da futura P∴C∴. Mas, o seu simbolismo nos levam a compreender que esta ferramenta também representa a equidade, a justiça e a retidão de caráter.

Já em relação as ferramentas maço e o cinzel, temos os instrumentos de lapidação da P∴B∴ que será transformada em P∴ C∴, posto isto, o maço sendo uma espécie de martelo, representa a força, o peso, o desejo de trabalhar na dominação das paixões.

O cinzel sendo um instrumento pontiagudo e contundente, representa a inteligência, pois direcionado nas imperfeições da P∴B∴, controla a força do maço. 

O Aprendiz sabendo de suas imperfeições, saberá utilizar o maço e o cinzel, direcionando este, nos pequenos como nos grandes vícios (morais). A força e a inteligência (maço e cinzel) e a retidão (esquadro) tem um poder transformador sobrenatural sobre as imperfeições humanas. 

Mas, reportando a pergunta inicial dessa Peça de Arquitetura, na qual indagamos, as ferramentas do Aprendiz são exclusivas deste? A reposta é subjetiva a cada Ir∴, mas, podemos responde-la também com outra pergunta: 

Na passagem pelo Grau de Aprendiz, este não teve “boa-vontade” de utilizar corretamente as suas ferramentas, poderá ele utilizar, quando receber aumento de salário, passando ao o Grau de Companheiro? Mas, neste Grau, também lhe faltou “boa-vontade” e não soube aproveitá-las, e agora já é M∴M∴, o que fazer? Posso utilizar as ferramentas que ficaram lá atrás (muito tempo) no meu início de Maçonaria? Não seria vergonhoso, agora um M∴M∴, usar um maço e cinzel? Mais ainda, já sou Grau 33, lembro ainda daquelas ferramentas tão brutas?

Não esqueçamos meus IIR∴, antes de responder a estas questões, na da abertura dos trabalhos da Loja, o V∴M∴ faz a seguinte pergunta: “Para que nos reunimos aqui, Ir∴ 1° Vigilante? Para combater a tirania, a ignorância, os preconceitos e os erros; para glorificar o Direito, a Justiça e a Verdade; para promover o bem-estar da Pátria e da Humanidade, “Levantando Templos à Virtude e Cavando Masmorras ao Vício”. 

Este é o objetivo maior de todo Maçom! 

O grande escritor russo Liev Tolstói nos traz importante crítica, quando nos diz “Cada um pensa em
mudar a humanidade, mas ninguém pensa em mudar a si mesmo”, ou seja, a lapidação é individual. LAPIDEMOS!


Antônio Marcos Teodoro Silva

Aprendiz Maçom – CIM 333589

ARLS Adelino Ferreira Machado nº 1957


Referências Bibliográficas:


Artigo: PIRES, Aurélio Sampaio. PIRES, Anselmo Sampaio. GUEDES, José Luciano. CARVALHO, Rogério Batista. Levantar Templos a Virtude e Cavar Masmorras ao Vício, o que significa isso? 2017. Agenda Maçônica Brasil. Disponível em: https://agendamaconicabrasil.com.br/midias/trabalhos-maconicos/Aprendiz/levantar-templos-a-virtude-e-cavar-masmorras-ao-vicio.pdf

Artigo: ISMAIL, Kennyo. A História da Maçonaria para Adultos. No Esquadro. 2023. Disponível em: https://www.noesquadro.com.br/historia/historia-da-maconaria-para-adultos/

Artigo: RAIMUNDO, Nuno. Estar Aprendiz. A partir da Pedra. 2016. Disponível em: https://a-partir-pedra.blogspot.com/2016/11/estar-aprendiz.html

Disponível em: https://www.freemason.pt/ferramentas-grau-aprendiz/



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