domingo, 28 de junho de 2020

O ÁPICE DA LOJA DE PERFEIÇÃO - O G.´. ELEITO OU PERF.´. E SUBL.´. MAÇOM - GRAU 14°



Por:

Irm.'. Luis Genaro Ladereche Figoli
M.'.I.'. Grau 33°

Introdução

Este título é dado àquele que atingiu todos os degraus das Lojas de Perfeição[1] do R.´.E.´.A.´.A.´., tendo cumprido a etapa prevista para esta primeira série de Graus chamados de “inefáveis[2]. Todavia, precisamos frisar que a escalada não terminou, apenas representa a “primeira etapa de uma longa jornada[3].

Em termos filosóficos, o Perfeito e Sublime Maçom é aquele que procura a Palavra Perdida da lenda de Enoque[4]. Relembrando:

As profecias e maravilhosos relatos de Enoque em que o povo acreditava cegamente, assim, como seus devaneios e venturosos sonhos estão registrados nas Sagradas Escrituras antigas, vez que nas da atualidade omitem o livro que leva seu nome.

Durante um desses sonhos, conheceu o verdadeiro nome de Deus, que lhe foi proibido de pronunciar, e em outro sonho, foi-lhe mostrado o cataclismo que em breve assolaria a Humanidade, com o nome de Dilúvio.

Enoque, então, decidiu preservar de catástrofe o verdadeiro Nome de Deus, fazendo-o gravar em uma pedra triangular de ágata, em certos caracteres místicos.

Nada se conhecia a respeito da pronúncia daquele Nome, a não ser ele Enoque, por tê-lo ouvido do próprio Deus, que o traçou em hieróglifos misteriosos.

Fez Enoque gravar em duas Colunas, sendo uma de mármore e outra de bronze, os princípios em que se baseavam as ciências e artes da época a fim de que, também, passassem para a posteridade.

Após, fez Enoque construir um templo debaixo da terra, consistindo em nove abóbodas, sustentadas por nove arcos, depositando na mais profunda, o Delta de ágata e na entrada da primeira, duas Colunas, fechando a entrada com uma grande pedra quadrangular, provida de possante argola de metal no seu cetro para que pudesse ser removida.

Advindo o Dilúvio, todos os habitantes da Terra sucumbiram, exceto Noé e sua família que passaram a constituir a única espécie humana.

Das Colunas gravadas por Enoque, apenas a de bronze chegou à posteridade, pois a de mármore foi destruída pelas águas.

Nenhum ser humano podia pronunciar o Nome verdadeiro de Deus, antes que fosse revelado a Moisés, no Monte Sinai.

O legislador do povo hebreu mandou fazer uma grande medalha de ouro, gravada com o Nome Inefável, colocando-a na Arca da Aliança, tendo, antes, o cuidado de revelar seu significado ao seu irmão Arão.

Em uma batalha contra o rei da Síria, em que caíram feridos os que a guardavam, perdeu-se a Arca, ficando abandonada na mata.

No entanto, ninguém podia aproximar-se dela sem que um leão que guardava sua chave, o atacasse e o destroçasse.

Mas numa oportunidade em que o Grande Sacerdote dos Levitas, acompanhado de seu povo, dirigiu-se ao local onde estava a Arca, com o propósito de reavê-la, notaram que a fera vinha ao seu encontro, mansamente entregando-lhe a chave que trazia em sua boca, permitindo que a Arca fosse dali removida.”[5]

A lenda do grau, como veremos adiante, diz que esse título foi criado por Salomão justamente para premiar os Mestres que encontraram a Palavra Sagrada oculta por Enoque.

As virtudes que serão consagradas no grau são:

a)       A autodisciplina que é desenvolver o hábito de observar e seguir normas, regras, procedimentos, atender especificações, sejam elas escritas ou informais. Este hábito é o resultado do exercício da força mental, moral e física. Poderia ainda ser traduzido como desenvolver o "querer de fato" , "ter vontade de", "se predispor a";

b)      A constância que é a força moral de quem não se deixa abater; perseverança, persistência, força de ânimo;

c)       A fraternidade expressa a ideia de que o homem, como animal político, fez uma escolha consciente pela vida em sociedade e para tal estabelece com seus semelhantes uma relação de igualdade, visto que em essência não há nada que hierarquicamente os diferencie: são como irmãos (fraternos). Este conceito é a peça-chave para a plena configuração da cidadania entre os homens, pois, por princípio, todos os homens são iguais. De uma certa forma, a fraternidade não é independente da liberdade e da igualdade, pois para que cada uma efetivamente se manifeste é preciso que as demais sejam válidas;

d)      A descrição que nada mais é do que a qualidade de alguém que não delata os segredos alheios.

Estas qualidades ou virtudes devem acompanhar os maçons conhecedores do sagrado mistério que representa a pronúncia do Verdadeiro Nome de Deus.

Os trabalhos do 14º grau se realizam sob a abóbada secreta, que simbolicamente, se localiza num ponto qualquer do infinito. O Templo é denominado de "Abóbada Secreta" e possui as paredes vermelhas com 10 Colunas brancas, iluminado com nove lâmpadas ao Norte, três ao Sul, cinco à esquerda no Oriente. Defronte ao Oriente, duas Colunas douradas entre as quais, uma Pedra Cúbica sobre um pedestal triangular.

A idade do Perfeito e Sublime Maçom é o nove, quadrado de três, que é o numero perfeito.

Seus instrumentos de trabalho são o esquadro e o compasso, com os quais trabalha o pensamento e a inteligência. O inicio do trabalho é o meio dia em ponto, hora em que o sol está no seu zênite. Os trabalhos são abertos pelos Números Misteriosos, cuja soma total é 21.

A abertura é feita pela leitura dos versículos 18 a 23 do capitulo 33 de Êxodo[6], onde Deus diz o seu nome a Moisés, mas não lhe mostra a sua face.

São executados três sinais, que só podem ser divulgados em Loja. São os sinais do Juramento, do Fogo e de Admiração, cada um representando um simbolismo ligado á aparição de Deus para Moisés no Monte Sinai e no pacto feito com ele e com o povo de Israel.

Na elevação ao grau 14 se recordam todas as virtudes adquiridas nos graus precedentes. É uma espécie de rememoração da escalada da perfeição. Uma faca e um machado são colocados no centro do Templo, para que seja executado o sacrifício simbólico das paixões do iniciando. O grau evoca também sua libertação pessoal, através do simbolismo do êxodo do povo israelita do Egito. Pressupõe-se que neste grau, após o iniciado ter adquirido o conhecimento da Palavra Sagrada, estará ele em condições de perseguir a verdadeira sabedoria, que é o significado e a forma correta de pronunciar esse Nome[7].

 

Lenda do Grau

Rizzardo da Camino[8] nos relata a lenda:

Desde a época em que JUBULUM, JOABERT E STOLKIN [9], acha­ram o Santo Nome gravado no Nono Arco, debaixo da terra em que Enoque o escondera, sob o Santuário do Templo que ele erguera no monte Haceldema, perto do monte Sião e ao sul do Vale de Josafá e levarem essa notícia a Salomão.

Salomão, em recompensa criou para eles, o Grau de Grande Eleito e Perfeito Maçom.

Desde essa época, só candidatos dignos foram admitidos nesse Grau.

Depois da dedicação do Templo, vários dentre eles dis­persaram-se pelo Mundo:

Os Maçons de Graus inferiores multiplicaram-se rapida­mente, devido à menor seleção entre os que se candidatavam a conhecer a Arte Real.

A falta de circunspeção desses Irmãos dos Primeiros Graus chegou a ponto de vários profanos conhecerem os Sinais, To­ques e Palavras, que só dos Maçons deveriam ser conhecidos.

A Maçonaria começou a degenerar, multiplicaram-se as recepções, nenhum interstício foi observado, entre os Graus, pessoas houve que receberam os três Graus Simbólicos de uma só vez.

Os prazeres e as diversões tomaram o lugar de instrução; apareceram inovações, uma nova Doutrina destruiu a antiga, que, jamais deveria ser abandonado.

Houve disputas e dissensões. Só os Perfeitos Maçons escaparam a esse contágio, guardas fiéis de Palavra Sagrada, que fora guardada sob a Abóboda, debaixo do "Sanctus Sanctorum".

Começou a reinar, entre eles, essa união fraternal, união jurada e de que é o selo aquela Palavra.

Quando Salomão investiu os primeiros Maçons desse Grau[10], fê-los prometer-lhe, solenemente, que entre eles reinariam sempre Paz a União e a Concórdia, que praticariam obras de Cari­dade e de Beneficência, que tomariam para base de suas ações Sabedoria, a Justiça e a Equidade; que guardariam o maior silêncio sobre seus mistérios e que Só os revelariam a Irmãos que pelo zelo, fervor e constância, fossem dignos de conhecê-los que se auxiliariam, mutuamente, em suas necessidades, punindo severamente qualquer traição, perfídia e injustiça.

Deu, então, um anel de ouro como prova da Aliança que acabavam de contrair com a Virtude e para com os Virtuosos.

Quando Jerusalém foi tomada e destruída por Nabuzaradan[11], general de Nabucodonosor, Rei de Babilônia, os Grandes Eleitos foram os últimos defensores do Templo.

Penetraram na Abóboda Sagrada e destruíram a Palavra Misteriosa que nela se conservara por 470 anos, 6 meses e dez dias desde a edificação do Templo.

A Pedra Cúbica foi quebrada, derrubado o pedestal, tudo foi enterrado em um buraco de 27 pés de profundidade, por eles cavado. Retiraram-se, depois, decididos a confiar a memória o Grande Nome e a só transmiti-lo à posteridade por meio de tradição.

Assim, o Nome Inefável nunca mais foi escrito nem pronunciado, mas apenas soletrado, letra por letra. E só os Perfeitos e Sublimes Maçons ficaram conhecendo essa pronúncia.


[12]

 

A moral e o significado da Lenda do Grau

Diz João Anatalino[13]:

“Essa alegoria reflete claramente um retrato do momento em que o grau foi criado, ali pela metade do século XVIII. Nessa época, a Maçonaria enfrentava um processo de muitas cisões, oriundas de controvérsias e conflitos de ordem ritualística, doutrinária e mesmo políticas. Opunha-se á Maçonaria inglesa, anglicana e protestante, com a sua tentativa de unificação empreendida por Anderson e seu grupo, a Maçonaria francesa e alemã, jacobita, stuartista e católica.

A primeira, dirigida para um objetivo moral e filosófico, fundamentado nos principios do Iluminismo, e a segunda orientada mais por sentimentos políticos, temperados por um apelo emocional ao passado, representado pelo esoterismo rosacruciano e pela tradição da cavalaria templária. Foi a unificação dessas duas tendências que originou o Rito Escocês como hoje o conhecemos. Essa unificação, curiosamente, ocorreu somente na América do Norte, através do Conselho de Charleston em 1800.”

Um típico caso de anacronismo. O anacronismo é o ato de se atribuir coisas de um tempo a outro, de se colocar um costume, uma organização, uma arma, um pensamento... Em um tempo que não é o dela. Em geral o anacronismo se dá em relação a tempos mais remotos, por exemplo, é comum se acreditar que Roma foi sempre um Império, que sempre teve um Imperador, afinal, sempre ouvimos falar de César, do Império Romano, mas isso é uma inverdade[14]. A intenção clara, dos IIr.´.que produziram a instrução, era de passar uma mensagem aos maçons daquela época, em relação às cisões e conflitos produzidos por divergências políticas, ideológicas e filosóficas entre a Maçonaria Inglesa, Francesa e Alemã, protestante a primeira, e católica a segunda.

Na Lenda do Grau há uma preocupação clara, mantida desde tempos remotos (e já foi assim também em relação a outras sociedades secretas), de que a Maçonaria não é uma filosofia que deva ser popularizada, ou seja, com acesso a todos. Lembremos, por acaso,  que esta preocupação já era dos alquimistas que evitavam transmitir, de forma clara, o magistério de sua arte, que se tornou a ciência hermética por natureza.

Assim sendo, e seguindo a tradição, a Palavra Perdida é tomada aqui como segredo que deve ser guardado a sete chaves e somente transmitido aos iniciados que realmente tenham mostrado mérito para conhecê-la.

Esta é uma tradição Bíblica. Lembremos que um dos mais misteriosos mandamentos do Decálogo[15] é justamente a proibição de pronunciar Nome de Deus em vão. Diz o Senhor que “não tomaria por inocente” aquele que o fizesse. Portanto, no tempo de Moisés já se cultivava a tradição de associar poder e sabedoria àquele que conhecesse esse Santo Nome, pois tal pessoa não era inocente.

Destarte, o possuidor desse conhecimento não podia utilizá-lo irresponsavelmente. Para que o próprio Deus tivesse tal preocupação, é por que essa Palavra Sagrada, esse Nome Inefável continha realmente, um poder inexprimível que somente pessoas iniciadas e com muita intimidade com Ele podiam fazer uso[16].

Uma vez mais é evocado o antigo ensinamento, magistralmente expresso na frase de Jesus, segundo a qual quem conhece a verdade é realmente livre[17]. Assim, a evocação ao Nome Inefável de Deus, como supremo conhecimento, é a verdade que liberta. Moisés somente adquiriu o poder para libertar o povo hebreu do Egito após adquirir esse conhecimento.

Naquela oportunidade, Jesus esclareceu o conceito de “livre”. Disse, instado pelos discípulos, que o homem pecador (ou quem está no pecado) não é um homem livre. No caso da Maçonaria, o “pecado” são os vícios e defeitos morais do homem, os quais temos que nos “libertar”, libertação essa que se consubstancia na vitória do individuo sobre si mesmo, libertando-se dos vícios e das paixões que o escravizam.

Continuamos com o João Anatalino:

“Os atos cerimoniais que se fazem por ocasião da elevação do iniciando ao 14º grau são conotativos desse ideal. O candidato “imola’ suas paixões no altar dos sacrifícios; no Mar de Bronze mergulha suas mãos como símbolo da materialidade que ali se dissipa, como ocorrido na Lenda de Hiram ; depois, com o óleo sagrado “ que desce pela barba de Arão até a orla dos seus vestidos”, misturado ao vinho e á farinha de trigo, simbolizando os materiais da ceia mística, o iniciando é consagrado pelo Presidente da Loja. O discurso do Presidente evoca a idéia da Fraternidade existente entre os homens que comungam de um mesmo ideal e de uma mesma fé. Tendo ele encontrado a Palavra Perdida, fez-se merecedor da fita do Mestre Secreto com o Nome Inefável nele inscrito, grafada pelo nome Jeová (Iavhé).

Ele agora sabe quem é o seu Deus, e está livre dos vícios de caráter que o impediam de seguir adiante, superando os limites da matéria e ingressando nos domínios do espírito. Por isso é que a liturgia do grau sempre evoca, em primeiro lugar, a admiração pela mágica do nome revelado, e a infinitude que se revela aos seus olhos. O conteúdo metafísico do grau é exprimido por um diálogo entre o Presidente, o 1º Vigilante e o Orador, no qual estes discorrem sobre o conceito de infinito e suas relações com o divino, o profano e a doutrina maçônica, proclamando ainda, como verdadeiro auto de fé, a livre convicção religiosa, que se exprime na crença da existência de Deus, única e simplesmente, sem qualquer necessidade de prova material ou filosófica dessa existência.[18]

Podemos dizer que a jornada do espírito humano é uma viagem á procura da Palavra Perdida, o Verbo Fundamental, a partir do qual tudo, inclusive ele mesmo, foi criado. Chegando ao conhecimento (esotérico) da Palavra, ele estará enfim livre da ignorância que o mantem escravo de uma vida repleta de vícios e desvirtues. Passa assim, a adorar o Único e Verdadeiro Deus, que é a VERDADE. Como Jesus disse “a Verdade vós libertareis”. Conhecendo a Verdade o homem será livre. Sabe agora que Deus existe[19] e que tem um Nome, que outorga um poder a quem o conhece. Esse poder advém do verdadeiro conhecimento, da felicidade e do progresso que vêm do trabalho. A certeza é que Deus é Um, a Natureza é Uma, o Criador é Uno, tudo tem um sentido, uma finalidade e uma significância.

 

*

*            *

 

Bibliografia:

Da Camino, Rizzardo: Os Graus Inefáveis do 4° ao 14°;

Da Camino, Rizzardo: A Loja de Perfeição de 1° ao 33°;

Anatalino, João: Conhecendo A Arte Real: A Maçonaria e suas Influências Históricas e Filosóficas;                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                         

Gervásio de Figueiredo, JoaquimDicionário de Maçonaria.

Ritual do Grau;

Bíblia Sagrada;

Wikipédia



[1] - Do Grau 4° ao 14°.

[2] - inefáveis; isto é, não podem ser comunicados ou apreendidos por outros meios diferentes da experiência direta.

[3] - Anatalino, João – Conhecendo a Arte Real, A Maçonaria e suas influências históricas e filosóficas. Madras, 2007.

[4] - Enoqueחנוך, Chanoch ou Hanokh – é o nome dado uma das personagens bíblicas mais peculiares e misteriosas das Escrituras. Nasceu, segundo os escritos judeus, na sétima geração depois de Adão, sendo filho de Jarede, e pai de outra personagem, Matusalém. De acordo com o relato de Gênesis, capítulo 5, versos 22-24, Enoque teria sido arrebatado por Deus para que não experimentasse a morte e na certa fosse poupado da ira do dilúvio: “E andou Enoque com Deus, depois que gerou a Matusalém, trezentos anos, e gerou filhos e filhas. E foram todos os dias de Enoque trezentos e sessenta e cinco anos. E andou Enoque com Deus; e não apareceu mais, porquanto Deus para si o tomou. “Há dois aspectos extraordinários no relato de Enoque, enfocados nesses versículos, que não foram enfocados em outras gerações: as indicações do texto de que ele “andou com Deus” e o fato que, supostamente, ele não teria morrido, pois “Deus para si o tomou””. Estes relatos foram a origem de muitas fábulas, lendas e midrashim (estudos rabínicos mais aprofundados) de sábios judeus ao longo de séculos. Muitos deles se incomodaram muito pelo fato que Enoque "só" vivera 365 anos, uma curta duração de vida para sua época, de acordo com o livro de Gênesis.Sobre este personagem bíblico existem também os livros apócrifos pseudoepígrafos: “Livro de Enoque I” e o “Livro de Enoque II, que fazem parte do cânone de alguns grupos religiosos, principalmente dos cristãos da Etiópia”, mas que foram rejeitados pelos cristãos e hebreus, por serem particularmente incômodos para os clérigos do ponto de vista político. Todavia, a epístola de Judas, no Novo Testamento bíblico, faz uma menção expressa ao Livro de Enoque, fazendo uma breve citação nos versos 14 e 15 de seu único capítulo. De acordo com o relato contido em Gênesis sobre a idade dos patriarcas, Sete e seus filhos ainda viviam quando Enoque foi tomado por Deus, bem como Matusalém e Lameque. Esta lenda, que já fez parte da Bíblia, é na verdade um escrito apócrifo, provavelmente produzido por um escritor gnóstico do Século I, filósofo judeu de Alexandria .O Livro de Enoch e O Livro dos Segredos de Enoch, ambos de inspiração gnóstica, grandemente conhecido pela sua versão em etíope e mais tarde as traduções gregas dos capítulos I-XXXII, XCVII-CI e CVI-CVII, bem como de algumas citações importantes feitas por Georgius Syncellus, o autor bizantino. A Epístola de Judas cita um trecho desta obra. Em Qumram (Manuscritos do mar Morto), foram encontrados na Gruta 4, sete importantes cópias que foram atestadas pela versão Etíope. Estas cópias embora que não idênticas na totalidade foram encontradas em conjunto com cópias do Livro dos Gigantes referenciadas no capítulo IV do Livro de Enoch. As cópias de Qumram foram catalogadas com as referências 4Q201-2 e 204-12 e fazem parte da herança deixada pela comunidade Nazarita do Mar Morto, em Engedi. O Livro de Enoque também é chamado de Primeiro Livro de Enoque. Existem outros dois livros chamados de Segundo Livro de Enoque e Terceiro Livro de Enoque, considerados de menor importância. No Livro dos Segredos, Enoch fala de anjos rebeldes, de como Deus criou o Mundo, tirando o visível do invisível, descreve a geografia do mundo divino e das “terras intermediárias”, de como era Adão (o homem do céu) antes de vir para a terra, etc; bem como a forma pela qual o homem pode recuperar o estado divino que perdeu em consequência do pecado de Adão .  É no Livro de Enoch e não no Livro dos Segredos, que encontramos a Lenda do Gr.∙. 13°.

[5] - Da Camino, Rizzardo – Loja de Perfeição do 1° ao 33° Graus,

[6] - ÊXODO, Capítulo 33:

18 Então disse Moisés: “Peço-te que me mostres a tua glória”.

 19 E Deus respondeu: “Diante de você farei passar toda a minha bondade, e diante de você proclamarei o meu nome: o Senhor. Terei misericórdia de quem eu quiser ter misericór­dia, e terei compaixão de quem eu quiser ter com­paixão”.

 20 E acrescentou: “Você não poderá ver a minha face, porque ninguém poderá ver-me e continuar vivo”.

 21 E prosseguiu o Senhor: Há aqui um lugar perto de mim, onde você ficará, em cima de uma rocha.

 22 Quando a minha glória passar, eu o colocarei numa fenda da rocha e o cobrirei com a minha mão até que eu tenha acabado de passar.

 23 Então tirarei a minha mão e você verá as minhas costas; mas a minha face ninguém poderá ver.

[7] - Anatalino, João – Conhecendo a Arte Real, A Maçonaria e suas influências históricas e filosóficas. Madras, 2007.

[8] - Da Camino, Rizzardo – Loja de Perfeição do 1° ao 33° Graus.

[9] - Por mais estranho que possa parecer, em nosso Ritual, na Lenda do Grau 14° há referência de que os três mestres que acharam, por concessão divina, o Santo Nome gravado no Nono Arco, debaixo da terra, em que Enoch o escondera, sob o santuário do Templo que ele construíra, são JUBULUM, JOABERT E STOLKIN. Entretanto se cotejarmos a Lenda do Grau 13°, onde se desenrola este episódio, os nomes são ADONHIRAM, JOHABEN E STOLKIN, trazendo uma controvérsia que deve ser explicada por um equívoco dos redatores do Ritual. Todavia, aumentando a controvérsia, em busca das fontes primárias, ou mais próximas da construção dos rituais, encontramos um “Boletim do Grande Oriente do Brasil, Jornal Official, Maçonaria Brazileira, número 009, Novembro e Dezembro de 1897, sob o título O Décimo Terceiro Grao” traz também os nomes de Jubulm, Joabert e Stolkin, divergindo com nosso atual Ritual do grau, mas concordando com o grau seguinte. Ver http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=709441&pagfis=9937&pesq=&esrc=s. Por outro lado, a palavra JUBULUM aparece, no idioma inglês, como a correspondente no português Jubelum, qual seja um dos assassinos do Mestre Hiram, conforme a lenda do Grau 3º. Improvável que seja o mesmo personagem. Não há correspondência também entre os personagens Joabert e Johaben. O Primeiro, segundo o Dicionário do Joaquim Gervásio de Figueiredo (pág 207 e 208) aparece em alguns rituais dos Sublimes Cavaleiros Eeleitos (11°) e teria sido escolhido por Salomão para descobrir os assassinos de Hiram Abbi. O outro (Johaben) teria sido um fiel servidor de Salomão, seu diplomata junto ao Rei de Tiro para negociar os materiais e mão de obra necessária para a construção do Templo e teria sido nomeado de “Secretário Íntimo” quando do conflito com o próprio Rei de Tiro, como conta no grau 6°.

 

[10] - Verificar, como curiosidade, que neste grau (na Lenda) se faz uma referência direta entre o Rei Salomão, personagem histórico-lendário, que vivera entre 1000 e 922 a.C., com a Maçonaria que fora desenvolvida, como Instituição Iniciática e Filosófica (Maçonaria Operativa), na Idade Média que abrange o século V ao XV. É pouco provável de que tenha havido uma instituição como a Maçonaria na construção do Templo de Salomão, ou que tenha sido instituída pelo Rei, ou que tenha surgido após a construção do Templo. Na verdade, a intenção dos escrivas da Lenda, é passar uma mensagem, uma moral, que não tem necessariamente correspondência com a realidade ou com o fato histórico, como vimos.

[11] - Nebuzaradan é um nome babilônico que significa "Nebo deu descendência". Chefe da guarda pessoal e figura principal nas forças de Nabucodonosor por ocasião da destruição de Jerusalém propriamente dita, foi ele quem, em 27 de agosto de 588 a.C., incendiou Jerusalém e destruiu o templo. Parece que Nebuzaradan não estava presente durante o sítio inicial de Jerusalém e quando sofreu a brecha, porque foi cerca de um mês mais tarde que ele “veio a Jerusalém”, depois de o Rei Zedequias ter sido levado a Nabucodonosor e ter sido cegado. De fora da cidade, Nebuzaradan dirigiu as operações babilônicas de destruição da cidade, que começaram “no dia sétimo do mês” (o quinto mês, abe), e que incluíram o saque dos tesouros do templo, a demolição da muralha, lidar com os cativos e permitir que alguns dos mais humildes permanecessem ali. Três dias mais tarde, no dia dez do mês, parece que Nebuzaradan “entrou em Jerusalém”, e, depois duma inspeção, pôs fogo na casa de Jeová e reduziu a cidade a cinzas. Josefo observou que foi no mesmíssimo dia, no dia dez do quinto mês, em que o templo de Salomão foi queimado, que também o templo reconstruído de Herodes foi incendiado, em 70 EC. Nebuzaradan, às ordens de Nabucodonosor, libertou Jeremias e falou com ele bondosamente, deixando-o escolher o que queria fazer, oferecendo-se a cuidar dele e concedendo-lhe alguns suprimentos. Nebuzaradan foi também porta-voz do rei de Babilônia na designação de Gedalias como governador sobre os remanescentes ali. Em 584 a.C., Nebuzaradan levou mais 40.000 hebreus para o exílio na Babilônia.

[12] - O Tetragrama Sagrado YHVH ou YHWH (mais usado), (יה-וה, na grafia original, o hebraico), refere-se ao nome do Deus de Israel em forma escrita já transliterada e, pois, latinizada, como de uso corrente na maioria das culturas atuais. A forma da expressão ao declarar o nome de Deus YHVH (ou JHVH na forma latinizada) deixou de ser utilizada há milhares de anos na pronúncia correta do hebraico original (que é declarada como uma língua quase que completamente extinta). As pessoas perderam ao longo das décadas a capacidade de pronunciar de forma satisfatória e correta, pois a língua precisaria se curvar (dobrar) de uma forma em que especialistas no assunto descreveriam hoje em dia como impossível. Originariamente, em aramaico e hebraico, era escrito e lido horizontalmente, da direita para esquerda יה-וה; ou seja, HVHY. Formado por quatro consoantes hebraicas — Yud י Hêi ה Vav ו Hêi ה ou יה-וה, o Tetragrama YHVH tem sido latinizado para JHVH já por muitos séculos. O tetragrama aparece 6.828 vezes — sozinho ou em conjunção com outro "nome" — no texto hebraico do Antigo Testamento, a indicar, pois, tratar-se de nome muito conhecido e que dispensava a presença de sinais vocálicos auxiliares (as vogais intercalares).Os nomes YaHVeH (vertido em português para Javé), ou YeHoVaH (vertido em português para Jeová), são transliterações possíveis nas línguas portuguesas e espanholas, mas alguns eruditos preferem o uso mais primitivo do nome das quatro consoantes YHVH; já outros eruditos favorecem o nome Javé (Yahvéh ou JaHWeH). Ainda alguns destes estudiosos concordam que a pronúncia Jeová (YeHoVaH ou JeHoVáH), seja correta, sendo esta última a pronúncia mais popular do Nome de Deus em vários idiomas.

[13] - Anatalino, João – Conhecendo a Arte Real, A Maçonaria e suas influências históricas e filosóficas. Madras, 2007

[14] - Ladereche, Luis Genaro - O Fato Histórico, a Fenomenologia e o Anacronismo no estudo da Maçonaria. Artigo. http://espacodomacom.blogspot.com.br/2011/03/o-fato-historico-fenomenologia-e-o.html.

[15] - Decálogo significa dez palavras (Ex 34,28). Estas palavras resumem a Lei (Dez Mandamentos), dada por Deus ao povo de Israel, no contexto da Aliança, por meio de Moisés. Este, ao apresentar os mandamentos do amor a Deus (os quatro primeiros) e ao próximo (os outros seis), traça, para o povo eleito e para cada um em particular, o caminho duma vida liberta da escravidão do pecado.

[16] - Anatalino, João – Conhecendo a Arte Real, A Maçonaria e suas influências históricas e filosóficas. Madras, 2007

[17] - João – Capítulo 8 Vers. 32.

[18] - Anatalino, João – Conhecendo a Arte Real, A Maçonaria e suas influências históricas e filosóficas. Madras, 2007

[19] - Há milênios, a questão da existência de Deus foi levantada dentro do pensamento do homem, e os principais conceitos filosóficos que investigam e procuram respostas sobre esse assunto, são: Deísmo, Teísmo, Ateísmo, Gnose, Agnotismo. No caso da Maçonaria, é exigência do 19° Landmark. A negação desta crença é impedimento absoluto e insuperável para a iniciação.

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2 comentários:

Ronaldo josé Luiz disse...

Irmão Luis Genaro! Estou estudando seu trabalho. Estou gostando muito de sua apresentação do mesmo, foi muito bem elaborado, pesquisado e contribui para minha proposta. Vou ler mais vezes para melhor assimilação. Muito grato por conhecê-lo! Ronaldo José Luiz,33 ,Loja Maç. Sete Colinas, Uberaba MG. TFA

espaço do maçom disse...

Obrigado Irmão Ronaldo José Luiz. TFA