sexta-feira, 25 de abril de 2025

Conexões entre as Leis do Hermetismo, Maçonaria e a Filosofia Moderna - Uma Introdução


Por: Luis Genaro Ladereche Fígoli (Mestre Moshe 33°)

Introdução

O Hermetismo, uma tradição espiritual e filosófica que remonta ao Egito antigo, é baseado nos ensinamentos atribuídos a Hermes Trismegisto[1]. As suas sete leis herméticas, que discutem a natureza da realidade e a interconexão do cosmos, encontram ressonância na filosofia moderna, especialmente em áreas como a física quântica, a psicologia e a filosofia da mente. É um conjunto de textos iniciáticos, datados provavelmente do século I ao século III,que representaram a fonte de inspiração do pensamento hermético e neoplatônico renascentista. Na época, acreditava-se que a obra remontasse à antiguidade egípcia, anterior a Moisés, e que nela estivesse contido também o prenúncio do cristianismo. Na Maçonaria, os seus ensinamentos formam incorporados à Moral Maçônica e fazem parte da “coluna vertebral” do ensinamento iniciático, sendo estudado em vários Graus, inclusive no de Apr.´..

 Este artigo explora essas conexões, destacando como os princípios herméticos podem enriquecer a compreensão contemporânea da realidade. Impressiona a conexão de conceitos formulados a milhares de anos, com os conceitos desenvolvidos pela ciência hoje, como a física quântica, a neurociência, a astrofísica, entre outros.

 As Sete Leis do Hermetismo

As sete leis do Hermetismo são:

  1. Mentalismo: O universo é mental; tudo é mente.
  2. Correspondência: "Como acima, assim abaixo; como abaixo, assim acima."
  3. Vibração: Tudo no universo está em constante movimento e vibração.
  4. Polaridade: Tudo possui dois polos; tudo é dual.
  5. Ritmo: Tudo flui e reflui; há um ritmo em todas as coisas.
  6. Causa e Efeito: Cada causa tem seu efeito; cada efeito tem sua causa.
  7. Gênero: O gênero se manifesta em todas as coisas; masculino e feminino são princípios universais.

 Conexões com a Filosofia Moderna

1. Mentalismo e Teorias Quânticas

A primeira lei do Hermetismo, o mentalismo, reflete princípios da física quântica, onde a observação do observador influencia a realidade. O trabalho de físicos como Niels Bohr e Werner Heisenberg sugere que a consciência desempenha um papel crucial na formação do universo. Este conceito é explorado no livro "A Física da Imortalidade" de Fred Alan Wolf, onde ele argumenta que a mente molda a realidade física.

2. Correspondência e Interconexão

A lei da correspondência, refletida na frase "como acima, assim abaixo", ressoa com a ideia de interconexão presente em várias filosofias modernas, incluindo a teoria dos sistemas e a ecologia profunda, que enfatizam a interdependência de todos os seres. Fritjof Capra, em "A Teia da Vida", discute como a vida se manifesta em redes complexas de interações, semelhante à visão hermética.

3. Vibração e Psicologia

A terceira lei, que trata da vibração, pode ser relacionada à psicologia moderna, especialmente às teorias de Carl Jung sobre arquétipos e o inconsciente coletivo. Jung sugere que os padrões de pensamento e comportamento humano ressoam em níveis profundos, refletindo as vibrações descritas no Hermetismo.

 4. Polaridade e Dualidade

A polaridade, como descrita na quarta lei, é uma ideia que encontra paralelo na filosofia moderna, especialmente em dialética hegeliana e teorias de yin e yang na filosofia oriental. A compreensão de que opostos são interdependentes é central para muitas tradições filosóficas contemporâneas.

5. Causa e Efeito e a Nova Física

A lei de causa e efeito se alinha com os princípios da causalidade na física moderna e os conceitos de causação em filosofia. O filósofo David Hume debateu a natureza da causalidade, questionando a relação entre eventos e suas causas, um tema que ecoa as complexidades das relações herméticas.

Conclusão

As Leis do Hermetismo oferecem uma perspectiva rica e profunda que dialoga com a filosofia moderna. À medida que a ciência avança e novas descobertas são feitas, a intersecção entre o Hermetismo e a filosofia contemporânea se torna um campo fértil para exploração e reflexão. O estudo dessas conexões não só enriquece a compreensão das realidades espirituais e materiais, mas também promove uma visão holística do universo e da existência.

Bibliografia

  1. Wolf, Fred Alan. A Física da Imortalidade. Editora XYZ, 1999.
  2. Capra, Fritjof. A Teia da Vida: Uma Nova Visão da Natureza Humana. Editora ABC, 1996.
  3. Hume, David. Um Tratado da Natureza Humana. Editora DEF, 1739.
  4. Jung, Carl. O Homem e Seus Símbolos. Editora GHI, 1964.

Essas conexões entre o Hermetismo e a filosofia moderna oferecem um espaço para reflexão sobre a natureza da realidade e o papel da consciência na criação do mundo que habitamos.



[1] Hermes Trismegisto (em latim: Hermes Trismegistus "Hermes, o três vezes grande") é uma figura mítica de origem sincrética. Essa figura mítica indica o deus Thoth dos antigos egípcios, considerado o inventor das letras do alfabeto e da escritura, escrita dos deuses, e portanto, revelador, profeta e intérprete da divina sapiência e do divino logos. Quando os gregos tiveram conhecimento desse deus egípcio, descobriram que apresentava muitas analogias com seu deus Hermes, intérprete e mensageiro dos deuses, e o qualificaram com o adjetivo “Trismegisto” que significa “três vezes grandíssimo”. Na antiguidade tardia, especialmente nos primeiros séculos da era imperial (sobretudo nos séculos II e III depois de Cristo), alguns teólogos e filósofos pagãos, em contraposição ao cristianismo galopante, produziram uma série de escritos, conhecidos como literatura hermética, apresentando-os sob o nome desse deus, com a evidente intenção de opor às Escrituras divinamente inspiradas dos cristãos, como outras escrituras difundidas como divinas “revelações”. A literatura hermética hoje em dia está quase perdida. As pesquisas modernas já acordaram, sem sombra de dúvida, que sob a máscara do deus egípcio se escondem autores diversos, e que os elementos “egípcios” são exíguos. Na realidade, trata-se de uma das últimas tentativas de resgate do paganismo, amplamente fundado em doutrinas do platonismo da época (o médio platonismo).

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