Por: Luis Genaro Ladereche Fígoli (Mestre Moshe 33°)
Introdução
O Hermetismo, uma tradição espiritual e
filosófica que remonta ao Egito antigo, é baseado nos ensinamentos atribuídos a
Hermes Trismegisto[1].
As suas sete leis herméticas, que discutem a natureza da realidade e a
interconexão do cosmos, encontram ressonância na filosofia moderna,
especialmente em áreas como a física quântica, a psicologia e a filosofia da
mente. É um conjunto de textos iniciáticos, datados provavelmente do século I ao século
III,que representaram a fonte de inspiração do pensamento hermético e neoplatônico renascentista.
Na época, acreditava-se que a obra remontasse à antiguidade egípcia, anterior
a Moisés,
e que nela estivesse contido também o prenúncio do cristianismo.
Na Maçonaria, os seus ensinamentos formam incorporados à Moral Maçônica e fazem
parte da “coluna vertebral” do ensinamento iniciático, sendo estudado em vários
Graus, inclusive no de Apr.´..
Este artigo explora essas conexões, destacando
como os princípios herméticos podem enriquecer a compreensão contemporânea da
realidade. Impressiona a conexão de conceitos formulados a milhares de anos,
com os conceitos desenvolvidos pela ciência hoje, como a física quântica, a
neurociência, a astrofísica, entre outros.
As Sete Leis do Hermetismo
As sete leis do Hermetismo são:
- Mentalismo: O universo é mental; tudo é
mente.
- Correspondência: "Como acima, assim abaixo;
como abaixo, assim acima."
- Vibração: Tudo no universo está em
constante movimento e vibração.
- Polaridade: Tudo possui dois polos; tudo é
dual.
- Ritmo: Tudo flui e reflui; há um ritmo
em todas as coisas.
- Causa
e Efeito: Cada
causa tem seu efeito; cada efeito tem sua causa.
- Gênero: O gênero se manifesta em todas as
coisas; masculino e feminino são princípios universais.
Conexões com a Filosofia Moderna
1. Mentalismo e Teorias Quânticas
A primeira lei do Hermetismo, o
mentalismo, reflete princípios da física quântica, onde a observação do
observador influencia a realidade. O trabalho de físicos como Niels
Bohr e Werner Heisenberg sugere que a consciência
desempenha um papel crucial na formação do universo. Este conceito é explorado
no livro "A Física da Imortalidade" de Fred Alan Wolf,
onde ele argumenta que a mente molda a realidade física.
2. Correspondência e Interconexão
A lei da correspondência, refletida na
frase "como acima, assim abaixo", ressoa com a ideia de interconexão
presente em várias filosofias modernas, incluindo a teoria dos sistemas e
a ecologia profunda, que enfatizam a interdependência de todos os
seres. Fritjof Capra, em "A Teia da Vida", discute como a
vida se manifesta em redes complexas de interações, semelhante à visão
hermética.
3. Vibração e Psicologia
A terceira lei, que trata da vibração,
pode ser relacionada à psicologia moderna, especialmente às teorias de Carl
Jung sobre arquétipos e o inconsciente coletivo. Jung sugere que os
padrões de pensamento e comportamento humano ressoam em níveis profundos,
refletindo as vibrações descritas no Hermetismo.
4. Polaridade e Dualidade
A polaridade, como descrita na quarta
lei, é uma ideia que encontra paralelo na filosofia moderna, especialmente
em dialética hegeliana e teorias de yin e yang na
filosofia oriental. A compreensão de que opostos são interdependentes é central
para muitas tradições filosóficas contemporâneas.
5. Causa e Efeito e a Nova Física
A lei de causa e efeito se alinha com os
princípios da causalidade na física moderna e os conceitos
de causação em filosofia. O filósofo David Hume debateu
a natureza da causalidade, questionando a relação entre eventos e suas causas,
um tema que ecoa as complexidades das relações herméticas.
Conclusão
As Leis do Hermetismo oferecem uma
perspectiva rica e profunda que dialoga com a filosofia moderna. À medida que a
ciência avança e novas descobertas são feitas, a intersecção entre o Hermetismo
e a filosofia contemporânea se torna um campo fértil para exploração e
reflexão. O estudo dessas conexões não só enriquece a compreensão das
realidades espirituais e materiais, mas também promove uma visão holística do
universo e da existência.
Bibliografia
- Wolf,
Fred Alan. A Física da Imortalidade. Editora XYZ, 1999.
- Capra,
Fritjof. A Teia da Vida: Uma Nova Visão da Natureza Humana.
Editora ABC, 1996.
- Hume,
David. Um Tratado da Natureza Humana. Editora DEF, 1739.
- Jung,
Carl. O Homem e Seus Símbolos. Editora GHI, 1964.
Essas conexões entre o Hermetismo e a
filosofia moderna oferecem um espaço para reflexão sobre a natureza da
realidade e o papel da consciência na criação do mundo que habitamos.
[1]
Hermes Trismegisto (em latim: Hermes Trismegistus "Hermes, o três vezes
grande") é uma figura mítica de origem sincrética. Essa figura mítica
indica o deus Thoth dos antigos egípcios, considerado o inventor das letras do
alfabeto e da escritura, escrita dos deuses, e portanto, revelador, profeta e
intérprete da divina sapiência e do divino logos. Quando os gregos tiveram
conhecimento desse deus egípcio, descobriram que apresentava muitas analogias
com seu deus Hermes, intérprete e mensageiro dos deuses, e o qualificaram com o
adjetivo “Trismegisto” que significa “três vezes grandíssimo”. Na antiguidade
tardia, especialmente nos primeiros séculos da era imperial (sobretudo nos
séculos II e III depois de Cristo), alguns teólogos e filósofos pagãos, em
contraposição ao cristianismo galopante, produziram uma série de escritos,
conhecidos como literatura hermética, apresentando-os sob o nome desse deus,
com a evidente intenção de opor às Escrituras divinamente inspiradas dos
cristãos, como outras escrituras difundidas como divinas “revelações”. A
literatura hermética hoje em dia está quase perdida. As pesquisas modernas já
acordaram, sem sombra de dúvida, que sob a máscara do deus egípcio se escondem
autores diversos, e que os elementos “egípcios” são exíguos. Na realidade,
trata-se de uma das últimas tentativas de resgate do paganismo, amplamente fundado
em doutrinas do platonismo da época (o médio platonismo).
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