Irm.'. Luis Genaro Ladereche Figoli
M.'.I.'. Grau 33°
Introdução
Este título é dado àquele que atingiu todos
os degraus das Lojas de Perfeição[1] do
R.´.E.´.A.´.A.´., tendo cumprido a etapa prevista para esta primeira série de
Graus chamados de “inefáveis”[2].
Todavia, precisamos frisar que a escalada não terminou, apenas representa a “primeira etapa de uma longa jornada”[3].
Em termos filosóficos, o Perfeito e Sublime
Maçom é aquele que procura a Palavra Perdida da lenda de Enoque[4].
Relembrando:
“As profecias e maravilhosos relatos de Enoque
em que o povo acreditava cegamente, assim, como seus devaneios e venturosos
sonhos estão registrados nas Sagradas Escrituras antigas, vez que nas da
atualidade omitem o livro que leva seu nome.
Durante um desses sonhos,
conheceu o verdadeiro nome de Deus, que lhe foi proibido de pronunciar, e em
outro sonho, foi-lhe mostrado o cataclismo que em breve assolaria a Humanidade,
com o nome de Dilúvio.
Enoque, então, decidiu
preservar de catástrofe o verdadeiro Nome de Deus, fazendo-o gravar em uma
pedra triangular de ágata, em certos caracteres místicos.
Nada se conhecia a respeito
da pronúncia daquele Nome, a não ser ele Enoque, por tê-lo ouvido do próprio
Deus, que o traçou em hieróglifos misteriosos.
Fez Enoque gravar em duas
Colunas, sendo uma de mármore e outra de bronze, os princípios em que se
baseavam as ciências e artes da época a fim de que, também, passassem para a
posteridade.
Após, fez Enoque construir
um templo debaixo da terra, consistindo em nove abóbodas, sustentadas por nove
arcos, depositando na mais profunda, o Delta de ágata e na entrada da primeira,
duas Colunas, fechando a entrada com uma grande pedra quadrangular, provida de
possante argola de metal no seu cetro para que pudesse ser removida.
Advindo o Dilúvio, todos os
habitantes da Terra sucumbiram, exceto Noé e sua família que passaram a
constituir a única espécie humana.
Das Colunas gravadas por
Enoque, apenas a de bronze chegou à posteridade, pois a de mármore foi
destruída pelas águas.
Nenhum ser humano podia
pronunciar o Nome verdadeiro de Deus, antes que fosse revelado a Moisés, no
Monte Sinai.
O legislador do povo hebreu
mandou fazer uma grande medalha de ouro, gravada com o Nome Inefável,
colocando-a na Arca da Aliança, tendo, antes, o cuidado de revelar seu
significado ao seu irmão Arão.
Em uma batalha contra o rei
da Síria, em que caíram feridos os que a guardavam, perdeu-se a Arca, ficando
abandonada na mata.
No entanto, ninguém podia
aproximar-se dela sem que um leão que guardava sua chave, o atacasse e o
destroçasse.
Mas numa oportunidade em que
o Grande Sacerdote dos Levitas, acompanhado de seu povo, dirigiu-se ao local
onde estava a Arca, com o propósito de reavê-la, notaram que a fera vinha ao
seu encontro, mansamente entregando-lhe a chave que trazia em sua boca, permitindo
que a Arca fosse dali removida.”[5]
A lenda do grau, como veremos adiante, diz
que esse título foi criado por Salomão justamente para premiar os Mestres que
encontraram a Palavra Sagrada oculta por Enoque.
As virtudes que serão consagradas no grau
são:
a)
A autodisciplina que é desenvolver o
hábito de observar e seguir normas, regras, procedimentos, atender
especificações, sejam elas escritas ou informais. Este hábito é o resultado do
exercício da força mental, moral e física. Poderia ainda ser traduzido como
desenvolver o "querer de fato" , "ter vontade de", "se
predispor a";
b)
A constância que é a força moral de quem
não se deixa abater; perseverança, persistência, força de ânimo;
c)
A fraternidade expressa a ideia de que o
homem, como animal político, fez uma escolha consciente pela vida em sociedade
e para tal estabelece com seus semelhantes uma relação de igualdade, visto que
em essência não há nada que hierarquicamente os diferencie: são como irmãos
(fraternos). Este conceito é a peça-chave para a plena configuração da
cidadania entre os homens, pois, por princípio, todos os homens são iguais. De
uma certa forma, a fraternidade não é independente da liberdade e da igualdade,
pois para que cada uma efetivamente se manifeste é preciso que as demais sejam
válidas;
d)
A descrição que nada mais é do que a qualidade
de alguém que não delata os segredos alheios.
Estas qualidades ou
virtudes devem acompanhar os maçons conhecedores do sagrado mistério que
representa a pronúncia do Verdadeiro Nome de Deus.
Os trabalhos do 14º grau se realizam sob a
abóbada secreta, que simbolicamente, se localiza num ponto qualquer do
infinito. O Templo é denominado de "Abóbada Secreta" e possui as
paredes vermelhas com 10 Colunas brancas, iluminado com nove lâmpadas ao Norte,
três ao Sul, cinco à esquerda no Oriente. Defronte ao Oriente, duas Colunas
douradas entre as quais, uma Pedra Cúbica sobre um pedestal triangular.
A idade do Perfeito e Sublime Maçom é o
nove, quadrado de três, que é o numero perfeito.
Seus instrumentos de trabalho são o esquadro
e o compasso, com os quais trabalha o pensamento e a inteligência. O inicio do
trabalho é o meio dia em ponto, hora em que o sol está no seu zênite. Os
trabalhos são abertos pelos Números Misteriosos, cuja soma total é 21.
A abertura é feita pela leitura dos
versículos 18 a 23 do capitulo 33 de
Êxodo[6],
onde Deus diz o seu nome a Moisés, mas não lhe mostra a sua face.
São executados três sinais, que só podem ser
divulgados em Loja. São os sinais do Juramento,
do Fogo e de Admiração, cada um representando um simbolismo ligado á aparição de
Deus para Moisés no Monte Sinai e no pacto feito com ele e com o povo de
Israel.
Na elevação ao grau 14 se recordam todas as
virtudes adquiridas nos graus precedentes. É uma espécie de rememoração da
escalada da perfeição. Uma faca e um machado são colocados no centro do Templo,
para que seja executado o sacrifício simbólico das paixões do iniciando. O grau
evoca também sua libertação pessoal, através do simbolismo do êxodo do povo
israelita do Egito. Pressupõe-se que neste grau, após o iniciado ter adquirido
o conhecimento da Palavra Sagrada, estará ele em condições de perseguir a
verdadeira sabedoria, que é o significado e a forma correta de pronunciar esse
Nome[7].
Lenda do Grau
Rizzardo da Camino[8]
nos relata a lenda:
Desde a época em que JUBULUM,
JOABERT E STOLKIN [9], acharam o Santo Nome gravado no Nono Arco, debaixo da
terra em que Enoque o escondera, sob o Santuário do Templo que ele erguera no
monte Haceldema, perto do monte Sião e ao sul do Vale de Josafá e levarem essa
notícia a Salomão.
Salomão, em recompensa criou para eles, o Grau de Grande
Eleito e Perfeito Maçom.
Desde essa época, só candidatos dignos foram admitidos
nesse Grau.
Depois da dedicação do Templo, vários dentre eles dispersaram-se
pelo Mundo:
Os Maçons de Graus inferiores multiplicaram-se rapidamente,
devido à menor seleção entre os que se candidatavam a conhecer a Arte Real.
A falta de circunspeção desses Irmãos dos Primeiros Graus
chegou a ponto de vários profanos conhecerem os Sinais, Toques e Palavras, que
só dos Maçons deveriam ser conhecidos.
A Maçonaria começou a degenerar, multiplicaram-se as
recepções, nenhum interstício foi observado, entre os Graus, pessoas houve que
receberam os três Graus Simbólicos de uma só vez.
Os prazeres e as diversões tomaram o lugar de instrução;
apareceram inovações, uma nova Doutrina destruiu a antiga, que, jamais deveria
ser abandonado.
Houve disputas e dissensões. Só os Perfeitos Maçons
escaparam a esse contágio, guardas fiéis de Palavra Sagrada, que fora guardada
sob a Abóboda, debaixo do "Sanctus Sanctorum".
Começou a reinar, entre eles, essa união fraternal, união
jurada e de que é o selo aquela Palavra.
Quando Salomão investiu os primeiros Maçons desse Grau[10], fê-los prometer-lhe,
solenemente, que entre eles reinariam sempre Paz a União e a Concórdia, que praticariam
obras de Caridade e de Beneficência, que tomariam para base de suas ações
Sabedoria, a Justiça e a Equidade; que guardariam o maior silêncio sobre seus
mistérios e que Só os revelariam a Irmãos que pelo zelo, fervor e constância,
fossem dignos de conhecê-los que se auxiliariam, mutuamente, em suas
necessidades, punindo severamente qualquer traição, perfídia e injustiça.
Deu, então, um anel de ouro como prova da Aliança que
acabavam de contrair com a Virtude e para com os Virtuosos.
Quando Jerusalém foi tomada e destruída por Nabuzaradan[11], general de
Nabucodonosor, Rei de Babilônia, os Grandes Eleitos foram os últimos defensores
do Templo.
Penetraram na Abóboda Sagrada e destruíram a Palavra
Misteriosa que nela se conservara por 470 anos, 6 meses e dez dias desde a
edificação do Templo.
A Pedra Cúbica foi quebrada, derrubado o pedestal, tudo foi
enterrado em um buraco de 27 pés de profundidade, por eles cavado.
Retiraram-se, depois, decididos a confiar a memória o Grande Nome e a só transmiti-lo
à posteridade por meio de tradição.
Assim, o Nome Inefável nunca mais foi
escrito nem pronunciado, mas apenas soletrado, letra por letra. E só os
Perfeitos e Sublimes Maçons ficaram conhecendo essa pronúncia.
A moral e o significado da Lenda do Grau
Diz João Anatalino[13]:
“Essa alegoria reflete claramente um retrato do momento em que o grau
foi criado, ali pela metade do século XVIII. Nessa época, a Maçonaria
enfrentava um processo de muitas cisões, oriundas de controvérsias e conflitos
de ordem ritualística, doutrinária e mesmo políticas. Opunha-se á Maçonaria
inglesa, anglicana e protestante, com a sua tentativa de unificação empreendida
por Anderson e seu grupo, a Maçonaria francesa e alemã, jacobita, stuartista e católica.
A primeira, dirigida para um objetivo moral e filosófico, fundamentado
nos principios do Iluminismo, e a segunda orientada mais por sentimentos
políticos, temperados por um apelo emocional ao passado, representado pelo
esoterismo rosacruciano e pela tradição da cavalaria templária. Foi a
unificação dessas duas tendências que originou o Rito Escocês como hoje o
conhecemos. Essa unificação, curiosamente, ocorreu somente na América do Norte,
através do Conselho de Charleston em 1800.”
Um típico caso de anacronismo. O anacronismo
é o ato de se atribuir coisas de um tempo a outro, de se colocar um costume,
uma organização, uma arma, um pensamento... Em um tempo que não é o dela. Em
geral o anacronismo se dá em relação a tempos mais remotos, por exemplo, é
comum se acreditar que Roma foi sempre um Império, que sempre teve um
Imperador, afinal, sempre ouvimos falar de César, do Império Romano, mas isso é
uma inverdade[14]. A
intenção clara, dos IIr.´.que produziram a instrução, era de passar uma
mensagem aos maçons daquela época, em relação às cisões e conflitos produzidos
por divergências políticas, ideológicas e filosóficas entre a Maçonaria
Inglesa, Francesa e Alemã, protestante a primeira, e católica a segunda.
Na Lenda do Grau há uma preocupação clara,
mantida desde tempos remotos (e já foi assim também em relação a outras
sociedades secretas), de que a Maçonaria não é uma filosofia que deva ser
popularizada, ou seja, com acesso a todos. Lembremos, por acaso, que esta preocupação já era dos alquimistas
que evitavam transmitir, de forma clara, o magistério de sua arte, que se
tornou a ciência hermética por natureza.
Assim sendo, e seguindo a tradição, a Palavra Perdida é tomada aqui como
segredo que deve ser guardado a sete chaves e somente transmitido aos iniciados
que realmente tenham mostrado mérito para conhecê-la.
Esta é uma tradição Bíblica. Lembremos que
um dos mais misteriosos mandamentos do Decálogo[15] é
justamente a proibição de pronunciar Nome de Deus em vão. Diz o Senhor que “não
tomaria por inocente” aquele que o fizesse. Portanto, no tempo de Moisés já se
cultivava a tradição de associar poder e sabedoria àquele que conhecesse esse
Santo Nome, pois tal pessoa não era inocente.
“Destarte, o possuidor desse conhecimento não podia utilizá-lo irresponsavelmente.
Para que o próprio Deus tivesse tal preocupação, é por que essa Palavra Sagrada,
esse Nome Inefável continha realmente, um poder inexprimível que somente
pessoas iniciadas e com muita intimidade com Ele podiam fazer uso”[16].
Uma vez mais é evocado o antigo ensinamento,
magistralmente expresso na frase de Jesus, segundo a qual quem conhece a verdade é realmente livre[17].
Assim, a evocação ao Nome Inefável de
Deus, como supremo conhecimento, é a
verdade que liberta. Moisés somente adquiriu o poder para libertar o povo
hebreu do Egito após adquirir esse conhecimento.
Naquela oportunidade, Jesus esclareceu o
conceito de “livre”. Disse, instado pelos discípulos, que o homem pecador (ou
quem está no pecado) não é um homem livre. No caso da Maçonaria, o “pecado” são
os vícios e defeitos morais do homem, os quais temos que nos “libertar”, libertação
essa que se consubstancia na vitória do individuo sobre si mesmo, libertando-se
dos vícios e das paixões que o escravizam.
Continuamos com o João Anatalino:
“Os atos cerimoniais que se fazem por ocasião da elevação do iniciando
ao 14º grau são conotativos desse ideal. O candidato “imola’ suas paixões no
altar dos sacrifícios; no Mar de Bronze mergulha suas mãos como símbolo da
materialidade que ali se dissipa, como ocorrido na Lenda de Hiram ; depois, com
o óleo sagrado “ que desce pela barba de Arão até a orla dos seus vestidos”,
misturado ao vinho e á farinha de trigo, simbolizando os materiais da ceia
mística, o iniciando é consagrado pelo Presidente da Loja. O discurso do
Presidente evoca a idéia da Fraternidade existente entre os homens que comungam
de um mesmo ideal e de uma mesma fé. Tendo ele encontrado a Palavra Perdida,
fez-se merecedor da fita do Mestre Secreto com o Nome Inefável nele inscrito,
grafada pelo nome Jeová (Iavhé).
Ele agora sabe quem é o seu Deus, e está livre dos vícios de caráter que
o impediam de seguir adiante, superando os limites da matéria e ingressando nos
domínios do espírito. Por isso é que a liturgia do grau sempre evoca, em
primeiro lugar, a admiração pela mágica do nome revelado, e a infinitude que se
revela aos seus olhos. O conteúdo metafísico do grau é exprimido por um diálogo
entre o Presidente, o 1º Vigilante e o Orador, no qual estes discorrem sobre o
conceito de infinito e suas relações com o divino, o profano e a doutrina
maçônica, proclamando ainda, como verdadeiro auto de fé, a livre convicção
religiosa, que se exprime na crença da existência de Deus, única e
simplesmente, sem qualquer necessidade de prova material ou filosófica dessa
existência.[18]”
Podemos dizer que a jornada do espírito
humano é uma viagem á procura da Palavra Perdida, o Verbo Fundamental, a partir
do qual tudo, inclusive ele mesmo, foi criado. Chegando ao conhecimento
(esotérico) da Palavra, ele estará enfim livre da ignorância que o mantem
escravo de uma vida repleta de vícios e desvirtues. Passa assim, a adorar o
Único e Verdadeiro Deus, que é a VERDADE. Como Jesus disse “a Verdade vós
libertareis”. Conhecendo a Verdade o homem será livre. Sabe agora que Deus
existe[19] e
que tem um Nome, que outorga um poder a quem o conhece. Esse poder advém do
verdadeiro conhecimento, da felicidade e do progresso que vêm do trabalho. A
certeza é que Deus é Um, a Natureza é Uma, o Criador é Uno, tudo tem um
sentido, uma finalidade e uma significância.
*
* *
Bibliografia:
Da
Camino, Rizzardo: Os Graus Inefáveis do 4° ao 14°;
Da
Camino, Rizzardo: A Loja de Perfeição de 1° ao 33°;
Anatalino,
João: Conhecendo A Arte Real: A Maçonaria e suas Influências Históricas e
Filosóficas;
Gervásio de Figueiredo, Joaquim – Dicionário de Maçonaria.
Ritual
do Grau;
Bíblia
Sagrada;
Wikipédia
[1]
- Do Grau 4° ao 14°.
[2]
- inefáveis; isto é, não podem
ser comunicados ou apreendidos por outros meios diferentes da experiência
direta.
[3] - Anatalino, João – Conhecendo a Arte
Real, A Maçonaria e suas influências históricas e filosóficas. Madras, 2007.
[4] - Enoque – חנוך, Chanoch ou
Hanokh – é o nome dado uma das personagens bíblicas mais peculiares
e misteriosas das Escrituras. Nasceu, segundo os escritos judeus, na sétima
geração depois de Adão, sendo filho de Jarede,
e pai de outra personagem, Matusalém. De acordo com o relato de Gênesis,
capítulo 5, versos 22-24, Enoque teria sido arrebatado por Deus para que não
experimentasse a morte e na certa fosse poupado da ira do dilúvio: “E andou Enoque com Deus, depois que gerou a
Matusalém, trezentos anos, e gerou filhos e filhas. E foram todos os dias de
Enoque trezentos e sessenta e cinco anos. E andou Enoque com Deus; e não
apareceu mais, porquanto Deus para si o tomou. “Há dois aspectos
extraordinários no relato de Enoque, enfocados nesses versículos, que não foram
enfocados em outras gerações: as indicações do texto de que ele “andou com
Deus” e o fato que, supostamente, ele não teria morrido, pois “Deus para si o
tomou””. Estes relatos foram a origem de muitas fábulas, lendas e midrashim (estudos rabínicos mais
aprofundados) de sábios judeus ao longo de séculos. Muitos deles se incomodaram
muito pelo fato que Enoque "só" vivera 365 anos, uma curta duração de
vida para sua época, de acordo com o livro de Gênesis.Sobre este personagem
bíblico existem também os livros apócrifos pseudoepígrafos: “Livro de Enoque I”
e o “Livro de Enoque II, que fazem parte do cânone de alguns grupos religiosos,
principalmente dos cristãos da Etiópia”, mas que foram rejeitados pelos
cristãos e hebreus, por serem particularmente incômodos para os clérigos do
ponto de vista político. Todavia, a epístola de Judas, no Novo Testamento
bíblico, faz uma menção expressa ao Livro de Enoque, fazendo uma breve citação
nos versos 14 e 15 de seu único capítulo. De acordo com o relato contido em
Gênesis sobre a idade dos patriarcas, Sete e seus filhos ainda viviam quando
Enoque foi tomado por Deus, bem como Matusalém e Lameque. Esta lenda, que já
fez parte da Bíblia, é na verdade um escrito apócrifo, provavelmente produzido
por um escritor gnóstico do Século I, filósofo judeu de Alexandria .O Livro de Enoch
e O Livro dos Segredos de Enoch, ambos de inspiração gnóstica, grandemente
conhecido pela sua versão em etíope e mais tarde as traduções gregas dos
capítulos I-XXXII, XCVII-CI e CVI-CVII, bem como de algumas citações
importantes feitas por Georgius Syncellus, o autor bizantino. A Epístola de
Judas cita um trecho desta obra. Em Qumram (Manuscritos do mar Morto), foram
encontrados na Gruta 4, sete importantes cópias que foram atestadas pela versão
Etíope. Estas cópias embora que não idênticas na totalidade foram encontradas
em conjunto com cópias do Livro dos Gigantes referenciadas no capítulo IV do
Livro de Enoch. As cópias de Qumram foram catalogadas com as referências
4Q201-2 e 204-12 e fazem parte da herança deixada pela comunidade Nazarita do
Mar Morto, em Engedi. O Livro de Enoque também é chamado de Primeiro Livro de
Enoque. Existem outros dois livros chamados de Segundo Livro de Enoque e
Terceiro Livro de Enoque, considerados de menor importância. No Livro dos
Segredos, Enoch fala de anjos rebeldes, de como Deus criou o Mundo, tirando o
visível do invisível, descreve a geografia do mundo divino e das “terras
intermediárias”, de como era Adão (o homem do céu) antes de vir para a terra,
etc; bem como a forma pela qual o homem pode recuperar o estado divino que
perdeu em consequência do pecado de Adão . É no Livro de Enoch e não no Livro dos
Segredos, que encontramos a Lenda do Gr.∙. 13°.
[5]
- Da Camino, Rizzardo – Loja de
Perfeição do 1° ao 33° Graus,
[6]
- ÊXODO, Capítulo 33:
18 Então disse Moisés: “Peço-te que me mostres a tua glória”.
19 E Deus respondeu: “Diante de você farei
passar toda a minha bondade, e diante de você proclamarei o meu nome: o Senhor.
Terei misericórdia de quem eu quiser ter misericórdia, e terei compaixão de
quem eu quiser ter compaixão”.
20 E acrescentou: “Você não poderá ver a minha
face, porque ninguém poderá ver-me e continuar vivo”.
21 E prosseguiu o Senhor: Há aqui um lugar
perto de mim, onde você ficará, em cima de uma rocha.
22 Quando a minha glória passar, eu o colocarei
numa fenda da rocha e o cobrirei com a minha mão até que eu tenha acabado de
passar.
23 Então tirarei a minha mão e você verá as
minhas costas; mas a minha face ninguém poderá ver.
[7]
- Anatalino, João – Conhecendo a
Arte Real, A Maçonaria e suas influências históricas e filosóficas. Madras,
2007.
[8] - Da Camino, Rizzardo – Loja de
Perfeição do 1° ao 33° Graus.
[9] - Por mais estranho que possa parecer, em nosso Ritual, na Lenda do Grau
14° há referência de que os três mestres que acharam, por concessão divina, o
Santo Nome gravado no Nono Arco, debaixo da terra, em que Enoch o escondera,
sob o santuário do Templo que ele construíra, são JUBULUM, JOABERT E STOLKIN.
Entretanto se cotejarmos a Lenda do Grau 13°, onde se desenrola este episódio,
os nomes são ADONHIRAM, JOHABEN E STOLKIN, trazendo uma controvérsia que deve
ser explicada por um equívoco dos redatores do Ritual. Todavia, aumentando a
controvérsia, em busca das fontes primárias, ou mais próximas da construção dos
rituais, encontramos um “Boletim do Grande Oriente do Brasil, Jornal Official,
Maçonaria Brazileira, número 009, Novembro e Dezembro de 1897, sob o título O
Décimo Terceiro Grao” traz também os nomes de Jubulm, Joabert e Stolkin,
divergindo com nosso atual Ritual do grau, mas concordando com o grau seguinte.
Ver http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=709441&pagfis=9937&pesq=&esrc=s. Por outro lado, a palavra JUBULUM aparece, no idioma inglês, como a
correspondente no português Jubelum, qual seja um dos assassinos do Mestre
Hiram, conforme a lenda do Grau 3º. Improvável que seja o mesmo personagem. Não
há correspondência também entre os personagens Joabert e Johaben. O Primeiro,
segundo o Dicionário do Joaquim Gervásio de Figueiredo (pág 207 e 208) aparece
em alguns rituais dos Sublimes Cavaleiros Eeleitos (11°) e teria sido escolhido
por Salomão para descobrir os assassinos de Hiram Abbi. O outro (Johaben) teria
sido um fiel servidor de Salomão, seu diplomata junto ao Rei de Tiro para
negociar os materiais e mão de obra necessária para a construção do Templo e
teria sido nomeado de “Secretário Íntimo” quando do conflito com o próprio Rei
de Tiro, como conta no grau 6°.
[10] - Verificar, como curiosidade, que neste
grau (na Lenda) se faz uma referência direta entre o Rei Salomão, personagem
histórico-lendário, que vivera entre 1000 e 922 a.C., com a Maçonaria que fora desenvolvida,
como Instituição Iniciática e Filosófica (Maçonaria Operativa), na Idade Média
que abrange o século V ao XV. É pouco provável de que tenha havido uma
instituição como a Maçonaria na construção do Templo de Salomão, ou que tenha
sido instituída pelo Rei, ou que tenha surgido após a construção do Templo. Na
verdade, a intenção dos escrivas da Lenda, é passar uma mensagem, uma moral,
que não tem necessariamente correspondência com a realidade ou com o fato
histórico, como vimos.
[11] - Nebuzaradan é um nome babilônico que
significa "Nebo deu descendência".
Chefe da guarda pessoal e figura principal nas forças de Nabucodonosor por
ocasião da destruição de Jerusalém propriamente dita, foi ele quem, em 27 de
agosto de 588 a.C., incendiou Jerusalém e destruiu o templo. Parece que Nebuzaradan
não estava presente durante o sítio inicial de Jerusalém e quando sofreu a
brecha, porque foi cerca de um mês mais tarde que ele “veio a Jerusalém”,
depois de o Rei Zedequias ter sido levado a Nabucodonosor e ter sido cegado. De
fora da cidade, Nebuzaradan dirigiu as operações babilônicas de destruição da
cidade, que começaram “no dia sétimo do mês” (o quinto mês, abe), e que incluíram o saque dos
tesouros do templo, a demolição da muralha, lidar com os cativos e permitir que
alguns dos mais humildes permanecessem ali. Três dias mais tarde, no dia dez do
mês, parece que Nebuzaradan “entrou em Jerusalém”, e, depois duma inspeção, pôs
fogo na casa de Jeová e reduziu a cidade a cinzas. Josefo observou que foi no
mesmíssimo dia, no dia dez do quinto mês, em que o templo de Salomão foi
queimado, que também o templo reconstruído de Herodes foi incendiado, em 70 EC.
Nebuzaradan, às ordens de Nabucodonosor, libertou Jeremias e falou com ele
bondosamente, deixando-o escolher o que queria fazer, oferecendo-se a cuidar
dele e concedendo-lhe alguns suprimentos. Nebuzaradan foi também porta-voz do
rei de Babilônia na designação de Gedalias como governador sobre os
remanescentes ali. Em 584 a.C., Nebuzaradan levou mais 40.000 hebreus para o
exílio na Babilônia.
[12] - O Tetragrama Sagrado YHVH ou YHWH
(mais usado), (יה-וה, na grafia original, o hebraico),
refere-se ao nome do Deus de Israel em forma escrita já transliterada e, pois,
latinizada, como de uso corrente na maioria das culturas atuais. A forma da
expressão ao declarar o nome de Deus YHVH (ou JHVH na forma latinizada) deixou
de ser utilizada há milhares de anos na pronúncia correta do hebraico original
(que é declarada como uma língua quase que completamente extinta). As pessoas
perderam ao longo das décadas a capacidade de pronunciar de forma satisfatória
e correta, pois a língua precisaria se curvar (dobrar) de uma forma em que
especialistas no assunto descreveriam hoje em dia como impossível. Originariamente,
em aramaico e hebraico, era escrito e lido horizontalmente, da direita para esquerda
יה-וה; ou seja, HVHY. Formado por quatro
consoantes hebraicas — Yud י Hêi ה Vav ו Hêi ה ou יה-וה, o Tetragrama YHVH tem sido latinizado para JHVH já por
muitos séculos. O tetragrama aparece 6.828 vezes — sozinho ou em conjunção com
outro "nome" — no texto hebraico do Antigo Testamento, a indicar,
pois, tratar-se de nome muito conhecido e que dispensava a presença de sinais
vocálicos auxiliares (as vogais intercalares).Os nomes YaHVeH (vertido em
português para Javé), ou YeHoVaH (vertido em português para Jeová), são
transliterações possíveis nas línguas portuguesas e espanholas, mas alguns
eruditos preferem o uso mais primitivo do nome das quatro consoantes YHVH; já
outros eruditos favorecem o nome Javé (Yahvéh ou JaHWeH). Ainda alguns destes
estudiosos concordam que a pronúncia Jeová (YeHoVaH ou JeHoVáH), seja correta,
sendo esta última a pronúncia mais popular do Nome de Deus em vários idiomas.
[13] - Anatalino, João – Conhecendo a Arte
Real, A Maçonaria e suas influências históricas e filosóficas. Madras, 2007
[14] - Ladereche, Luis Genaro - O Fato
Histórico, a Fenomenologia e o Anacronismo no estudo da Maçonaria. Artigo. http://espacodomacom.blogspot.com.br/2011/03/o-fato-historico-fenomenologia-e-o.html.
[15] - Decálogo significa dez palavras (Ex
34,28). Estas palavras resumem a Lei (Dez Mandamentos), dada por Deus ao povo
de Israel, no contexto da Aliança, por meio de Moisés. Este, ao apresentar os
mandamentos do amor a Deus (os quatro primeiros) e ao próximo (os outros seis),
traça, para o povo eleito e para cada um em particular, o caminho duma vida
liberta da escravidão do pecado.
[16]
- Anatalino, João – Conhecendo a
Arte Real, A Maçonaria e suas influências históricas e filosóficas. Madras,
2007
[17]
- João – Capítulo 8 Vers. 32.
[18]
- Anatalino, João – Conhecendo a
Arte Real, A Maçonaria e suas influências históricas e filosóficas. Madras,
2007
[19] - Há milênios, a questão da existência
de Deus foi levantada dentro do pensamento do homem, e os principais conceitos
filosóficos que investigam e procuram respostas sobre esse assunto, são:
Deísmo, Teísmo, Ateísmo, Gnose, Agnotismo. No caso da Maçonaria, é exigência do
19° Landmark. A negação desta crença é impedimento absoluto e insuperável para
a iniciação.
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