domingo, 1 de maio de 2016

O PAINEL DO COMPANHEIRO M.´.



SIMBOLOGIA E INTERPRETAÇÃO SEGUNDO A 1ª e 2ª INSTRUÇÃO





Por Irm.´. Luis Genaro Ladereche Fígoli (Moshe)*


A Escada em Caracol representa as grandes dificuldades que alguém, na Maçonaria, tem para estudar, compreender e apreender tudo o que é necessário para alcançar o Grau de Mestre.
José Castellani

INTRODUÇÃO

No ano de 1648, Elias Ashmole, destacado membro rosa-cruz, instituiu o Grau de Companheiro, que precedeu o próprio Grau de Aprendiz; encontramos muita dificuldade em obter os originais desse Grau, que com o passar dos anos, foi profundamente alterado; no entanto, mantêm-se as principais  características.

Visa o Segundo Grau, como filosofia, a orientação da “juventude, ao bem-estar humano, através de um honrado trabalho, sem descurar da ciência e da Virtude.
A Maçonaria cultiva a Virtude, eduzindo de dentro do Iniciado, as necessárias para o desenvolvimento da Vida.

Todo ser humano possui o “feixe” completo das Virtudes; a Maçonaria, ou mesmo as Religiões, não “criam” essas Virtudes, pois o ser humano as traz consigo, oriundas da formação dos genes.

Acreditamos que essas Virtudes não são idênticas nos indivíduos, mas que, uns as possuem em maior número que outros.

A finalidade última da Instituição Maçônica é a contribuição junto à sociedade para que a humanidade progrida nos aspectos da moral, dos bons costumes e do amor ao próximo.

Assim, o Companheiro, desde cedo, adquire o hábito de preocupar-se com o seu semelhante. Como progresso da humanidade, entende-se o bem-estar social e a evolução científica, pois destes dois fatores, refletir-se-ão os demais, como o amor fraternal entre os povos, a felicidade do ser humano e o respeito harmônico para com o Criador.

Dissemos que o Segundo Grau é consagrado à juventude; devemos considerar que o aprendiz, dentro da Instituição Maçônica, equivale a uma “criança” que cuidada, instruída desprotegida, cresce em todos os sentidos, inclusive em idade; a sua juventude, fará com que passe para o Segundo Grau, o de companheiro.

Temos, portanto, no maçom, as três idades: infância, juventude e maturidade; a maturidade diz respeito ao mestrado.

Formar a “personalidade” retirando as Virtudes de “dentro” e orientando para a Vida, eis no que consiste o “companheirismo”.

O “trabalho” consiste no esforço, no comportamento, na dedicação, ficando na dependência da orientação; porém as condições para que o trabalho apareça como concretização do esforço, “auto-determinadas”; a Loja, apenas, apontará o que deve ser feito e como deve ser feito; o “fazer” é esforço individual.

Por ciência, entendemos o conhecimento filosófico, ou seja, instruir o intelecto, visando o burilamento das pedras que serão usadas para a construção do Templo interior de cada maçom.

Nos últimos instantes do companheirismo, o companheiro atingirá a sua virilidade, capacitado a viver, primeiramente, dentro de sua Comunidade Fraternal, e após, dentro da sociedade civil.

Abraçar as ciências humanas constitui o caminho seguro em direção ao aperfeiçoamento.
O aprendiz esforça-se para alcançar o companheirismo e lá chegado, o seu objetivo, obviamente, será o mestrado.

Inicialmente, quando ainda não havia uma Maçonaria organizada, e as escalas diziam respeito, exclusivamente, ao preparo do artesão, o estágio no aprendizado era de três anos e o do companheirismo, de cinco anos.

Esse acréscimo de dois anos justificava-se, porque para atingir o mestrado, o artesão necessitava conhecer com perfeição o manuseio dos instrumentos que lhe foram entregues.

O interessante é que entre o mestrado e uma próxima etapa, deveria haver um período estabelecido; qual seria essa próxima etapa: a de arquiteto ou a de artífice?

Na História Sagrada, não vem esclarecida essa parte, quanto à construção do Grande Templo de Salomão.

Hiram Abif, o artífice de Tiro, enviado pelo Rei Hiram do Líbano, desempenhou um papel muito amplo, o de acabamento das partes interiores do Templo em suma, o seu “embelezamento”.

Esse personagem misterioso, filho de Ur, que era um fundidor de metais, entendida de “todas as artes” e a ele fora confiada a construção de todos os utensílios, como candelabros,

Mar de Bronze, bacias, enfim, tudo o que era de ferro, bronze, ouro e prata; dos metais pesados e precisos, às ricas cortinas de seda, trabalho mais delicado de bordador.
Portanto, os “seguidores” desse Artífice passaram a dedicarem-se à parte “interior” do Templo Humano.

Para que o Grande Templo fosse concluído e consagrado numa festa inimitada até hoje, pela sua grandiosidade, houve um período de transição.

A “arte de construir” correspondia à parte de alvenaria; os maçons da Idade Média dedicaram-se a construir o que era de “pedra e cal”, deixando a parte interna de ornamentação para mãos mais delicadas.

O trabalho quase anônimo de Hiram Abif (as Escrituras Sagradas não revelam o fim dos trabalhos do artesão) pode ser comparado ao trabalho dos companheiros. Cremos que esse trabalho silencioso, minucioso significa mais a parte espiritual que a material.

O companheiro não pode andar só; caso contrário, não haveria razão para o seu nome. Ele acompanha ou é acompanhado? Sua atuação dentro da Loja é de passividade ou de atividade?

Sabemos que os aprendizes “obedecem”, “escutam” e “aprendem”; ao passo que os companheiros, “executam tudo aquilo que foi obedecido, que escutaram e que aprenderam”.

Cabe ao companheiro “buscar” a companhia, assimilando-se aos aprendizes e chegando muito perto dos mestres.

Não podem distanciar-se dos aprendizes, porque eles já foram aprendizes; não podem infiltrar-se no mestrado porque eles ainda não chegaram lá. Encontram-se numa posição de “transição”, que significa transpor alguma coisa.[1]

O destaque para o Primeiro Grau é dado com as coisas da “direita” (força) e no Segundo Grau, sobre as da “esquerda” (beleza), enfatizando a antiga conexão entre os dois Graus como complementares.

O Segundo Grau tem um especial significado próprio e mostra o candidato como um artífice na metade do caminho. Em seu avanço pela Loja, saindo do oeste indo para o leste, ele chegou ao centro desta, a meio caminho entre o 1 Vig:. e o V:. M:., onde antigamente estava exposta a letra G. Em muitas delas, no centro do Pavimento de Mosaico havia uma estrela de cinco pontas no interior da qual a letra G era colocada quando a Loja era aberta neste Grau, dando a entender que o número cinco, particularmente, tem alguma associação importante com o Grau.[2]

A filosofia do Segundo Grau diz respeito às ciências humanas e às artes, portanto ao conhecimento preparatório para a plenitude da vida. Trata-se de um Grau que também se aprofunda no misticismo, ao contato mais intimo entre a parte exterior e interior do homem.[3]

Com perfeita concentração aquele que dedica toda sua força do pensamento ao mundo interno, pode chegar aos planos da vida espiritual, onde alcançará a Iluminação.[4]

O trabalho do Segundo Grau é um trabalho puramente filosófico, envolvendo uma profunda auto-análise psicológica, experiência de fenômenos incomuns, na medida em que as faculdades psíquicas da alma começam a se revelar e a percepção da Verdade abstrata.

Todo este trabalho está bem além do horizonte mental e da capacidade do mediano maçom moderno, embora nos mistérios da antiguidade a MATHESIS (ou disciplina mental) fosse uma singular característica e produzisse os gigantes da filosofia grega.[5]

O ritual diz que os nossos antigos IIrm:. deste Grau se reuniam junto ao Pórtico do Templo de Salomão. Esta é uma maneira de dizer que a Filosofia natural é o pórtico da realização da Sabedoria Divina, que o estudo do homem conduz ao conhecimento de Deus, revelando ao homem a divindade máxima que existe na base da natureza humana.[6] Platão chamada este estudo de Geometria, mensuração da terra, a investigação, a sondagem, e a determinação dos limites, as proporções e as potencialidades de nosso organismo pessoal em seus aspectos físicos e psíquicos.

A consciência natural normalmente é direcionada para fora, percebe apenas objetos exteriores; pensa apenas numa Deidade externa, separada e distante de nós. Ela pode tão somente perceber sombras, imagens e ilusões. Assim como simbolicamente fechou a porta de sua Loja e impediu a entrada de todos os estranhos e intrusos, você deve impedir a entrada de todas as percepções e de imagens externas, todos os anseios por coisas exteriores e conforto material, votando toda a sua consciência e aspirações para dentro. Pois o Princípio Vital e Imortal (chamado de Reino do Céu) está dentro de você e não será encontrado fora.[7]

Numa análise da primeira instrução ministrada, que versa sobre o Painel da Loja de Companheiro, ou seja, o traçado dos meios que lhes são disponibilizados, a fim de que alcancem a perfeição esperada de seu trabalho.

De início, salvo melhor entendimento, nos é apresentada, a primeira grande mudança em nossa percepção de tudo o que consta no interior de um Templo Maçônico, pois o que víamos como Apr:., hoje, igualmente o vêem como Comp:., porém, com uma ótica diferente, como se a turbação de nossa visão estivesse aos poucos se dissipando. As descrições simbólicas aperfeiçoam-se revelando com isso o primeiro local de segregação gradual entre os obreiros, a Câmara do Meio do Templo, local onde eram pagos os salários dos Comp:., e pormenorizadamente o significado de cada unidade, união e harmonia, representados pelo rendilhado de bronze, pureza, castidade e inocência, pelos lírios e abundancia e fertilidade pelas romãs.

Assim como os Apr:. Representam o corpo, a matéria e os M:. representam o espírito, os Comp:. representam o plano intermediário, a passagem, que corresponde ao Intelecto. Usando a mente, o intelecto, em busca da Iluminação, se afasta do materialismo e aproxima-se ao plano sutil, mas somente entra nele quando sua exaltação.

O PAINEL (OU PAINÉIS) DE COMP:.

É certo que no Grau de Comp:. existe o maior número de Painéis que os encontrados nos demais Graus.

Neste Grau temos o Painel Simbólico, o Painel da Loja e o Detalhe do Painel.

No Painel Simbólico ou Misto, encontramos todos os emblemas que são usados nos Graus de Apr:. e Comp:., Jóias Fixas e Móvies, Colunas, Instrumentos de Trabalho, etc. (ver pág.7 do Ritual).

No Painel da Loja, encontramos uma representação do Templo de Salomão, com suas Colunas Vestibulares, Escada em Caracol, os diferentes Níveis (andares ou Câmaras) que era composto. Também se verifica um Monte, uma queda d´agua e uma espiga de trigo, alem de outros emblemas e ornamentos que serão decifrados oportunamente, de acordo com o avanço das Instruções. (ver Pág. 58 do Ritual)

No Detalhe do Painel, encontramos como que em “close”, a Escada de Caracol (representada no Painel da Loja), dando ênfase e explicação para os degraus que a compõe (3, 5 e 7). Três são as Luzes, Cinco os Sentidos humanos e Sete as artes ou ciências da antiguidade que servem de base para o misticismo deste Grau. Além disso, verifica-se em suas Cinco Colunas, cada uma das Cinco Ordens de Arquitetura, que serão alvo de análise posterior. (ver Pág 59 do Ritual).


A)   HISTÓRIA

Há 262 anos, de acordo com fontes históricas confiáveis, pôde-se, pela primeira vez, ver impresso nos livros do Abade Gabriel Luiz Calabre Perau (1700-1767) o mais antigo Painel Maçônico. Este guardava características peculiares, porquanto reunia símbolos e ferramentas tanto de Aprendiz, como de Companheiro. Por este motivo, era identificado como Painel Misto (Aprendiz-Companheiro) ou conjugado, tal como publicado no Livro de Revelações (Exposures): primeiro, com o título de “Les Secretes des Francs-Maçons” (Os Segredos dos Franco Maçons, 1742 - 1a. Edição, Amsterdã) e, em 1745, numa 2a Edição do mesmo livro, com o título de “L’Ordre des Francs-Maçons Trahi” (A Ordem dos Franco Maçons Traída). Este Painel já contava com a presença de: Est.'. Flam.'., Letra “G”, Trolha, Globo, Pedra de Afiar, Luminárias (Sol e Lua) e as Letras J e B.

Os desenhos das Tábuas de Delinear (Painéis) não tinham caráter oficial, e os responsáveis por sua concepção sempre tiveram liberdade para aplicar a sua própria interpretação, tendo surgido a partir daí, algumas dúvidas e diferenças na concepção dos mesmos.[8]

Nas antigas preleções e na Bíblia, podemos encontrar alguma ajuda para saber de onde nossos antepassados obtiveram as informações básicas e como eles as interpretaram.

B)   O PAINEL DO COMP:.

Na primeira Instrução do grau de Comp:. faz menção ao Painel da Loj:. de Comp:., isto é, ao traçado dos meios postos a disposição para que atinja à perfeição exigida para o seu trabalho.

Como já dissemos antes, existem três Painéis, mas trataremos nesta primeira parte, apenas do Painel da Loj:..

A origem dos componentes da Maçonaria Simbólica vem da construção do Grande Templo de Salomão; os operários, os artífices, os mestres construtores, recebiam semanalmente orientação, sustento para si e familiares e salário, bem como férias para o descanso.

O sustento consistia em uma ração de trigo, uma de vinho e outra de azeite; os demais elementos de alimentação eram adquiridos com o salário

A comercialização era possível, entre os trabalhadores, porque do salário recebido em dinheiro, surgiam às trocas e a aquisição de outros produtos complementares.

Nem todos os trabalhadores se faziam acompanhar pela sua família; porém, surgiam em torno do Templo e nos locais de onde provinham os materiais de construção, as oficinas, as matas de onde eram extraídas as madeiras, acampamentos, onde durante longos anos, as famílias cresciam e os filhos juntavam-se aos pais, auxiliando-os nas atividades profissionais, verdadeiras vilas e pequenas cidades, com vida própria.

Até a construção ter atingido determinada evolução, os pagamentos eram feitos a “campo”, isto é, nos locais do trabalho; mas logo que a nave do Templo ficou pronta e as suas respectivas colunas ultimadas, os pagamentos eram feitos no Átrio e aos pés das colunas, onde eram “arquivados” os comprovantes de pagamentos.

Como as identificações, devido o grande número de trabalhadores cada vez eram mais difíceis, foram organizadas as Palavras de Reconhecimento, para cada especialização.

A História Sagrada descreve em minúcias as duas colunas, que denominamos em linguagem maçônica de colunas “J” e “B”; aliás é a única descrição existente que se conhece.

Essas colunas eram fundidas em bronze, construídas nos terrenos argilosos das margens do rio Jordão, entre Sucote e Zeredata; e o fundidor era o mestre Hiram Abif.

Assim que ficaram prontos os demais andares (ou Câmaras), os pagamentos de salário passaram a ser realizados, para os Companheiros, na Câmara do Meio, os mesmos sendo obrigados a subir por uma escada de caracol (já descrita em I REIS).

b1)  A  P:. de P:.

Para distinguir os Apr:. dos Comp:. era usada uma P:. de P:. que significa abundância e que está representada no Painel por uma queda d´agua e uma espiga de trigo. Essa P:. de P:. surgiu de uma lenda das Escrituras [9] que teve origem na época em que um exército dos Efraimitas[10] atravessou o Rio Jordão para combater Jefté, famoso General gileadita. Os efraimitas, por defeito vocal, próprio de seu dialeto, não conseguiam pronunciar a palavra Sch:., mas sim Si:. Deste modo, a ligeira diferença de pronúncia descobria sua nacionalidade é custo-lhes a vida. As Escrituras denunciam que morreram, no campo de batalha e nas margens do Jordão, 42.000 efraimitas, e, como Sch:. foi, então, a palavra que serviu para distinguir amigos de inimigos, Salomão resolveu adotá-la como P:. de P:. dos CComp:..

b2) A Escada de Caracol

O tema central da primeira Instrução é o Templo de Salomão e em especial, a Escada de Caracol.  Desde a mais remota antiguidade, a Escada tem sido utilizada pro vários povos como símbolo de ascensão, seja moral ou espiritual. Assim que a encontramos, por exemplo nos mistérios Mitríaco ou Egípcios.[11]

A maior discrepância surge com a passagem Bíblica em I REIS 6:8 e com antigos Rituais que colocam a Escada de Caracol em lugares diferentes.

Vamos ver:

“A entrada para o andar inferior ficava no canto direito do Templo e, por meio de escadas em caracol, subia-se para o andar do meio, e deste para o andar superior.” I REIS 6:8
“Os Companheiros recebiam os seus salários em espécie, iam receber na Câmara do Meio do Templo. Eles chegavam até lá pelo pórtico ou entrada do lado Sul. Depois que nossos antigos Irmãos passavam pelo pórtico, chegavam ao pé da escada em caracol que conduzia à Câmara do Meio”.  Antigos Rituais do REEA
“Depois de passarem por entre essas duas colunas, nossos antigos IIrm:. chegavam ao pé de uma escada de caracol, cuja ascensão lhes era obstada pelo 1° Vig:. que lhes exigia o T:. e o S:. dos 1° e 2° graus, bem como a P:. de P:. de Comp:.....Após haverem atingido o cimo da escada, nossos antigos IIrm:. se encontravam diante da porta da Câmara do Meio, que encontravam aberta, porém, simbolicamente fechada pelo 2° Vig:., para todos os que estivessem abaixo do grau de Comp:.” Nosso Ritual atual.

Como vemos, inclusive na ilustração do Painel do Grau, a escada se encontra junto à coluna do Norte e não junto à Coluna do Sul, como poderia supor-se pela leitura do texto Bíblico ou dos primeiros Rituais do REEA.

Por outro lado, na menção Bíblica, há várias escadas e não apenas uma ; “....por meio de escadas em caracol, subia-se para o andar do meio..”. Esta passagem Bíblica estaria a sugerir que existiram mais de uma escada de caracol? E se verdadeiro, onde estavam localizadas?

De todas as formas, discrepâncias aparte (já adotaremos a versão de nosso Ritual), os nossos antepassados viram, conforme citado na passagem em I REIS, a segunda e terceira câmara como a ascensão do Primeiro para o Segundo e do Segundo para o Terceiro Grau.

Vê-se um importante significado da Escada no Segundo Grau. Alguns autores[12] consideram que, simbolicamente, o progresso num sentido moral, deve ser para cima. Assim, esta subida pela Escada até a Câmara do Meio, e continuando, à Terceira, representa especial avanço moral.

Neste Grau, o Comp:. compreende que já não está mais preso a um único caminho na busca do Conhecimento e da Verdade, daí a marcha desvia seus passos, obliquamente, ora para a direita, ora para a esquerda. A ele é feito ver que o caminho que deve trilhar para atingir a Perfeição não é retilíneo e constante (como o é para o Apr:. e sua Escada de Jacó), mas tortuoso e cheio de dificuldades.[13]

A Escada em Caracol representa as grandes dificuldades que alguém, na Maçonaria, tem para estudar, compreender e apreender tudo o que é necessário para alcançar o Grau de Mestre.[14]

Nenhuma evolução, nenhum avanço há sem que haja obstáculos a serem superados, em grua maior ou menor de dificuldade. Assim, a coragem , a perseverança, a paciência, a tolerância, entre outras, são as virtudes que o Comp:. já deverá ter absorvido durante o seu período de aprendizado, para que possa suportar os empecilhos que encontrará em sua trajetória rumo à Perfeição.

No caso da Escada em Caracol, ela simboliza também uma penosa e dramática marcha feita de avanços e recuos, de quedas e ascensões, de derrotas e triunfos, porém, por um virtuoso coroamento final dos esforços do Iniciado, terminará na Câmara do Meio, em que recebe seus salários.[15]

A quantidade de degraus da escada, à qual o texto Bíblico não faz referência, tem sido engenhosamente usada por aqueles que, ao longo dos anos, tem escrito sobre a história dos hieróglifos de uma Loj:. de Comp:., destacando algumas questões significativas naquilo que se convencionou chamar de “Geometria Moral”.[16]

A Escada de Caracol é constituída por três, cinco e sete degraus.

Simbolicamente, TRES governam a Loj:., CINCO a constituem e SETE OU MAIS a tornam perfeita.

TRES governam uma Loj:. porque três foram os Grão-Mestres que presidiram a construção do primeiro Templo de Jerusalém: Salomão, Hiram e H:. H:.; CINCO constituem a Loj:. em consideração às cinco ordens nobres da arquitetura: toscana, dórica, jônica, coríntia e compósita. CINCO também são os sentidos humanos; SETE ou MAIS a tornam perfeita, porque Salomão gastou mais de sete anos na Construção, acabamento e consagração a serviço de Deus. Também SETE são as artes ou ciências da antiguidade: GRAMÁTICA, RETÓRICA, LÓGICA, ARITMÉTICA, GEOMETRIA, MÚSICA E ASTRONOMIA.

B3) Simbologia da 2ª Instrução:

i)             A letra G
A letra “G” aparece muito no Segundo Grau.  A letra G dentro do triângulo constitui um símbolo de sublime interpretação do “gênio do homem” subjugado pela força da vontade. Simboliza atualmente, o nome do Grande Geômetra, os seja, o G:.A:.D:.U:..
Provem do “gamma” grego, do “ghimel” fenício, do “gomal” sírio, ou do “gun” árabe. Como emblema maçônico é dada a letra “G” como originária da língua inglesa, expressando “GOD”, ou seja, Deus. Na maioria dos idiomas o nome “Deus” inicia com a letra G, como por exemplo, sírio “gad”, em judeu “Gannes”, em alemão “Got” e em sueco “Gud”.[17]

Por ocasião da Grande Convenção realizada na Inglaterra em 1721, concordaram em colocar a letra “G” dentro do Compasso e Esquadro, para estabelecer um emblema universal da maçonaria, que hoje denominamos de Escudo Maçônico.

No infinito campo das interpretações filosóficas e simbólicas, a letra “G” constitui ainda o ponto de partida para  o campo científico da Ordem e por isso se encontra nas ciências: Geometria, Geração, Gravidade, Gênio e Gnose.

Geometria – Aplicável à construção universal, da que nos ensina a polir o homem e a troná-lo digno de ocupar o seu lugar no edifício social;
Geração – É a força vital para aprofundar-se nos mistérios da existência, onde o Comp:. é chamado para fazer a obra da vida;
Gravidade – É a atração universal que tende a aproximar os corpos e que corresponde na ordem social, a força misteriosa que une e que tende a reunir e fundir as almas. Corresponde á força que une corações, que assegura a solidez do edifício maçônico, cujos materiais são os seres vivos;
Gênio – Na exaltação fecunda de nossas faculdades intelectuais e imaginativas;
Gnose – Significa conhecimento. Gnose é conhecimento superior, interno, espiritual, iniciático. A gnose é um conhecimento que brota do coração de forma misteriosa e intuitiva. É a busca do conhecimento, não o conhecimento intelectual, mas aquele que dá sentido à vida humana, que a torna plena de significado, porque permite o encontro do homem com sua Essência Eterna.

ii)            Instrumentos Maçonicos do Comp:.

O Maço e o Cinzel – Como instrumentos para desbastar a pedra bruta, nos mostra como devemos corrigir nossos defeitos, tomando resoluções sábias (cinzel), que uma determinação enérgica (maço) põe em execução.

A Régua e o Compasso – A régua permite traçar linhas retas que podem se prolongar ao infinito e simbolizam o direito inflexível, a lei moral que deve ser imutável. Com o compasso temos os círculo da relatividade, cujo raio se mede pelo afastamento das pernas do compasso. Como nossos meios de realização são limitados, devemos traçar nosso programa de trabalho tendo em conta não só a idéia do abstrato que nos incumbe seguir (régua) como a realidade concreta (compasso) com as quais estamos habituados.

Alavanca – é a vontade inflexível, quando inteligentemente aplicada. “Dai-me um ponto de  apoio e uma alavanca e moverei o mundo”.[18]

Esquadro -  Contorla o desbastar das pedras que devem ser estritamente retangulares para se ajustarem, com extatidão, entre si. Emblema da sabadoria nos ensina que a perfeição consiste, para o indivíduo, na justeza comque se coloca na sociedade.
Simbolicamente o Comp:. faz sua última viagem sem instrumentos simbolizando que a PEDRA CÚBICA está completa e, assim, não mais tem de se preocupar com o seu aperfeiçoamento.

iii)           Os Ornamentos de uma Loj:. De Comp:.

O Pavimento de Mosaico – Seus ladrilhos de iguais dimensões brancos e pretos, traduzem a rigorosa exatidão que a tudo equilibria no domínio de nossos sentimentos, submetidos, fatalmente, à lei dos contrastes. A nossa vida consiste na ação, na luta contra todos os obstáculos, no trabalho penoso, mas perseverante, empreendido por um ideal a realizar. O esforço é o prêmio da vida, cujas alegrias são exatamente proporcionais às ações empregadas para possuí-las.

A Estrela Flamígera – É a Estrela de Cinco Pontas ou Pitagórica, que simboliza a figura humana, com seus quatro membros e a cabeça que os governa. Esta como centro das faculdades intelectuais, domina o quaternário da matéria. Representa também, os cinco sentidos do ser humano. Representa os quatro elementos fundametais (água, terra, ar e fogo) sueprados pela vontade divina, representada pela triângulo superior voltado para cima, ou seja, para o Divino.  A Estrela Flamígera é colocada entre o Sol (Oriente) e a Lua (Ocidente), formando entre esses corpos um triângulo, representando que irradia a luz do Sol e da Lua, afirmando que a inteligência ou a compreensão procede igualmente da Razão e da Imaginação.

A Orla Dentada – É o lambrequim onde corre a corda formada por uma série de nós, que cercam o teto da Loj:..É o emblema dos laços que unem todos os Maçons para constituirem uma única família sobre a Terra.

iv)          As Jóias Móveis

O Esquadro, o Nível e o Prumo.

O Esquadro, que representa o V:.M:., nos induz a corrigirmos os defeitos que nos impeçam de manter firmemente nossa posição na construção humanitária;

O Nível, que representa o 1° Vig;., exige que o Maçom tenha como iguias a todos os homens, assegurando a posição horizontal;

O Prumo, que representa o 2° Vig:., incita o iniciado a elevar-se acima de todas as mesquinharias, fazendo-o conhecer o valor das coisas.

v)            As Jóias Fixas

A Pedra Bruta, a Pedra Cúbica e a Prancheta

A Pedra Bruta é a matéria onde se exercitam os AAp:.. Representa o homem grosseiro e ignorante, suscetível de ser educado e instruído.

A Pedra Cúbica ou Polida – Serve para os Ccomp:. Ajustarem seus instrumetos. Representa o iniciado que, livre de erros e preconceitos, adquiriu os necessários conhecimentos e a habilidade para participar utilmente da Grande Obra de Construção Universal;

A Prancheta, permite aos Mestres traças seus planos. Relaciona-se como os Mestres, cuja autoridade se baseia no talento, de que dã provas, e no exemplo que devem dar.

vi)           As Janelas que iluminam uma Loj:. de Comp:.

São três situadas respectivamente no Oriente, ao Sul e no Ocidente, que iluminam os Oobr:. Quando entram ou saem da Loj:. No Setentrião (ao Norte) não existe janela pois a luz nunca vem dessa direção.

vii)          A quintessência (ou éter)[19]

É concebida como o espírito universal das coisas, ou como o espírito universal das coisas.Traduz a essencia vital, a vida espiritual, o aperfeiçoamento e a própria força intelectual. O número cinco é permeado em todo o grau: Cinco são as perguntas, cinco são as viagens, cinco são as b:. do grau, cinco são os pontos de esq:., cinco são seus t:., cinco são seus degraus; cinco são as pontas da estrela que ilumina seu caminho, cinco são os anos de estudo de dedicação, cinco os instrumentos de trabalho[20]

B4) Outros Símbolos e Alegorias do Painel

- Colunas Vestibulares (J e B) – Representando o binário e o poder;

- Queda d´agua e espiga de Trigo (representando a P:. de P:.

- Os diferentes níveis, andares ou câmaras – representando os diferentes Graus;

- A Estrela de David, de Seis Pontas ou Hexagonal – representa o selo de Salomão, e representando o macrocosmo a união do material com o espiritual, “o de cima é como o de baixo, o de baixo é como o de cima” no dizer do Hermetísmo. O Hexagono formado na parte interna do Hexagrama, e onde aparece a letra G (de Geometra ou Good – Deus em Inglês) é encontrado nos favos das abelhas e na forma da maioria dos cristais. É uma forma perfeita para a construção.


- O Tetragrama Hebráico[21] – representa o Ser dos Seres, o Ser em Sí, Aquele que É, encontrando-se representado na Bíblia por quatro letras que formam a Palavra Sagrada, cuja pronuncia é proibido. Deste assunto trataremos noutro trabalho.



(Letras Hebraicas י (yod) ה (heh) ו (vav) ה (heh), ou Tetragrama YHVH

- A POMBA – representa o Espírito Santo na concepção Católica e o Sinal da Paz para os Hebreus, em função do término do Dilúvio.


O aprofundamento destas e doutras simbologias dos Painéis dar-se-ão na medida em que forem sendo dadas as Instruções e estudos respectivos.


Observação Importante: Este não é um trabalho baseado nos princípios da pesquisa científico-acadêmica, portanto não seguindo as regras da ABNT no que concerne a tipologia dos caracteres, medidas dos parágrafos, normas que fixem a ordem dos elementos das referências e estabelecimento de convenções para transcrição e apresentação da informação originada do documento e ou outras fontes de informação, nem das características exigíveis por essa norma para apresentação de citações em documentos. Poderá haver transcrição literal de textos de outros autores, mas em todos os casos serão identificados no próprio texto ou como nota de rodapé ou ainda na bibliografia apontada, sem que isto represente plágio. Não há neste artigo também, a divulgação de quaisquer seg.´. Maç.´.e o que é tratado aqui, já está disponível ao público geral em diversas publicações prof.´. ou Maç.´.. Este artigo é inédito e encontra-se sob a responsabilidade de seu autor, devidamente identificado.

Mestre Instalado, Gr.`. 28, obreiro da B.´.A.´.R.´.L.´.S.´. Rosa dos Ventos n° 76, Or.´. de Osório/RS, juridionado à G.´.L.´.R.´.G.´.S.´.

Fontes Consultadas:
Ø  Ritual do Aprendiz Maçom (REAA) GLRGS
Ø  Da Camino, Rizzardo – Maçonaria Mística;
Ø  Da Camino, Rizzardo – O Maçom e a Intuição;
Ø  Da Camino, Rizzardo – Simbolismo do Segundo Grau Companheiro
Ø  Adum, Jorge – Grau do Companheiro Maçom e seus Mistérios;
Ø  Dyer, Colin – O Simbolismo na Maçonaria
Ø  Biblia Sagrada.
Ø  Rodrigues da Silva, Robson – Reflexos da Senda Maçônica
Ø  Wikipedia




[1] - Da Camino – Rizzardo – Companheirsmo e Maçonaria
[2] - Dyer, Colin – O Simbolismo na Maçonaria
[3] - Da Camino, Rizzardo – Maçonaria Mística
[4] - Adum, Jorge – Grau do Companheiro e seus Mistérios
[5] - Colin, Dyer (citando W.L. Wilmshurst) – O Simbolismo na Maçonaria)
[6]  - Idem
[7]  - idem
[8] - Colin, Dyer – O Simbolismo na Maçonaria
[9] -  Juízes 12: 1-15
[10] - Efraimitas e Gileadita foram povos semitas. O termo semita tem como principal designação o conjunto lingüístico composto por uma família de vários povos, entre os quais se destacam os árabes e hebreus, que compartilham as mesmas origens culturais. A origem da palavra semita vem de uma expressão no Gênesis e referia-se a linhagem de descendentes de Sem, filho de Noé. Modernamente, as línguas semíticas estão incluídas na família camito-semítica. Historicamente, esses povos tiveram grande influência cultural, pois as três grandes religiões monoteístas do mundo -judaísmo, cristianismo e islamismo- possuem raízes semitas. Devido a diversas migrações, não podemos falar de um grupo étnico homogêneo. Portanto, muitas línguas compõem a família semítica, incluindo as seguintes: acadiano, ugarítico, fenício, hebraico, aramaico, árabe, etíope, egípcio, copta guanche, somali, gala, afar-saho e haúça. Os semitas se originaram na região da Etiópia e atualmente ocupa grande parte do Oriente Médio, indo do Mar Vermelho até o planalto iraniano. Assim, eles são provenientes de áreas de clima extremamente seco, salvo nos cursos dos rios Tigre e Eufrates e na costa do Mediterrâneo. Em conseqüência disso, predominou entre eles costumes principalmente ligados ao pastoreio e ao nomadismo. Entre os antigos povos de fala semítica estão os arameus, assírios, babilônios, sírios, hebreus e fenícios.
[11] - Escala de Rá que une a terra ao céu.
[12] - W.L.Wilmshurst
[13] - Rodrigues da Silva – Robson – Reflexos da Senda Maçonica
[14] - Castellani, José – Cartilha do Companheiro
[15] - Joaquin Gervásio de Figueiredo – Dicionário da Maçonaria
[16] - Dyer, Colin – O Simbolismo na Maçonaria
[17] - Da Camino, Rizzardo – Simbolismo do Segundo Grau de Companheiro
[18]  Arquimedes - Arquimedes (em grego Αρχιμιδις) foi um matemático, físico e inventor grego. Foi um dos mais importantes cientistas e matemáticos da Antiguidade e um dos maiores de todos os tempos. Ele fez descobertas importantes em geometria e matemática, como por exemplo um método para calcular o número π (razão entre o perímetro de uma circunferência e seu diâmetro) utilizando séries. Este resultado constitui também o primeiro caso conhecido do cálculo da soma de uma série infinita. Ele inventou ainda vários tipos de máquinas, quer para uso militar, quer para uso civil. No campo da Física, ele contribuiu para a fundação da Hidrostática, tendo feito, entre outras descobertas, o famoso princípio que leva o seu nome. Ele descobriu ainda o princípio da alavanca e a ele é atribuída a citação: "Dêem-me uma alavanca e um ponto de apoio e eu moverei o mundo".Hoje conhecemos muito pouco sobre a vida de Arquimedes e sobre a sua obra, já que muitos dos documentos originais foram destruídos. No entanto os romanos tinham muita admiração por ele e alguns historiadores deixaram textos em que descreviam aquilo que na sua época ainda se conhecia sobre a sua vida e obra. Apesar de que muitos desses textos são sobretudo lendas, o pouco que se sabe sobre Arquimedes teve uma importância decisiva no surgimento da ciência moderna, tendo influenciado, entre outros, Galileu Galilei e Isaac Newton.

[19] - éter é uma hipotética substância, postulada pela maior parte dos cientistas até o início do século XX, que em síntese defendiam a idéia da inexistência do vácuo na natureza. Essa linha de raciocínio foi apontada como causa, por exemplo, da falta do desenvolvimento abstrato do numeral zero (0) pelos ocidentais que seguiam a tradição greco-romana.Pela teoria científica, o Éter seria o meio de propagação da luz, assim como o ar é o meio de propagação do som. Atualmente, contudo, a existência de tal substância é rejeitada pela maior parte da comunidade científica, embora novas descobertas como a energia escura volta e meia motivem a retomada da idéia da existência do Eter ou não-vácuo cósmico.  Segundo Aristóteles, o mundo é composto de 5 elementos básicos. Ele acreditava nos quatro elementos do planeta: a Água, como Tales, o Ar, como Anaxímenes, o Fogo como Heráclito, a Terra, e um hipotético 5º elemento, o éter, também chamado de quinta-essência ou quintessência, presente no cosmo.Este misterioso elemento Éter seria uma substância não palpável, o contrário dos outros elementos, mais de acordo com o princípio do Mundo das Idéias, de Platão.
[20] - Maço, Cinzel, Esquadro, Régua e Avental.
[21] - O Tetragrama YHVH (יהוה), refere-se ao nome do Deus de Israel em forma escrita já transliterada e, pois, latinizada, como de uso corrente na maioria das culturas atuais.Originariamente, em aramaico e hebraico, era escrito e lido horizontalmente, da direita para esquerda יהוה; ou seja, HVHY. Formado por quatro consoantes hebraicas — Yud י Hêi ה Vav ו Hêi ה ou יהוה, o Tetragrama YHVH tem sido latinizado para JHVH já por muitos séculos.

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