sexta-feira, 30 de maio de 2008

PRANCHA: A Escada de Jacó

PEÇA DE ARQUITETURA

Encontramos no Painel da Loja de Aprendizes uma escada, denominada Escada de Jacó que simbolicamente representa a ligação entre a Terra e os Céus. A origem da introdução do simbolismo da Escada de Jacó na Maçonaria Especulativa deve-se à visão de Jacó, registrada no Velho Testamento, Gênesis 28 vers.10,11,12, 17 e 18.

Gênesis 28 - 10: "E Jacó seguiu o caminho desde Bersba e dirigiu-se a Harã". Gênesis 11: "Com o tempo atingiu certo lugar e se preparou para ali pernoitar , visto que o Sol já se tinha posto. Tomou, pois, uma das pedras do lugar e a pôs como apoio para a sua cabeça e deitou-se naquele lugar ". Gênesis 12: "E começou a sonhar, e eis que havia uma escada posta da terra e seu topo tocava nos céus; e eis que anjos de Deus subiam e desciam por ela". Gênesis 17: "Jacó acordou do sono e disse "Verdadeiramente, Jeová está neste lugar e eu mesmo não o sabia" ". Gênesis 18: "E ficou temeroso e acrescentou; "Quão aterrorizante é este lugar" Não é senão a casa de Deus e este é seu portão de entrada" ".

Simbolismo da Escada de Jacó
Erguendo-se a partir do Altar dos Juramentos, sustentada pelo L.`. L.`. vai em direção à abóbada celeste representada no teto da Loja. Na base da escada, centro e topo encontramos três símbolos: a cruz - que representa a FÈ, a ancora que representa a ESPERANÇA e um braço estendido em direção a um cálice que representa a CARIDADE e no seu ápice uma estrela de sete pontas.

No dicionário encontramos um dos significados de estrela = destino, sorte, fado, fadário. A estrela de Davi, símbolo judaico tem 6 pontas, formada pela interposição, entrelaçamento ou superposição de dois triângulos eqüiláteros. No painel do aprendiz, ao lado da estrela de 7 pontas encontramos à direita a Lua rodeada de 7 estrelas e à esquerda o Sol. O número 7, na simbologia mística nos esclarece do porque uma estrela incomum de 7 pontas no ápice da escada de Jacó

Simbologia do número 7
Principio neutro dominando os elementos da natureza, aliança da idéia e da forma; a unidade em equilíbrio; paciência desenvolvendo a inteligência. Vitória: ligada à natureza e ao amor, simboliza o triunfo do iniciado ao fim da sua busca ( entendimento, compreensão e conhecimento)

Poder espiritual vivificante, o aconselhamento fornecido ao iniciado por Deus. Poder final do espírito sobre a matéria. Reintegração da matéria no espírito e do tempo na eternidade. Número de poder mágico com sua força plena, onde estão compreendidos os estados de evolução física e espiritual que se completam; poder adquirido pelo iniciante nos dois mundos (material e espiritual). Misterioso. Profundo. Estranho e indefinível aos olhos do profano.

Número que representa a energia mais perfeita que Deus concedeu para utilização dos iniciados nos rituais. O sete, diz os seguidores de Pitágoras, era assim chamado em função do verbo grego "sebo", - venerar e deriva do hebraico Shbo, set, ou satisfeito, abundância, sendo Septos, em grego "santo, divino, de mãe virgem".

Assim como a Escada de Jacó está envolvida nos mistérios e instituições que a tradição nos dá conhecer, temos a árvore da vida, no jardim do Éden nos mostrando caminhos entre um estágio inferior para um estágio superior. O verso da carta do tarô - o arcanjo maior - O julgamento - aonde vemos uma escada de sete degraus um arcanjo com sua trombeta , tendo à sua volta uma serpente que engole seu rabo com uma árvore ao seu redor. Além de figuras humanas na base da escada.

Esta carta mostra a ressurreição sob influência do Verbo. A Arvore da Vida carrega a seiva para Ourobus, a serpente que morde sua própria cauda, que é o símbolo da eternidade. A misteriosa escada dourada (escada de Jacó) que é o veículo para o homem ascender a um plano superior, atendendo ao chamado do arcanjo. A compreensão desta linguagem simbólica implica o conhecimento de questões que estão diretamente ligadas ao estudo e análise do nosso subconsciente, dos arquétipos e do nosso inconsciente coletivo descrito por Carl Gustav Jung.

È a Escada de Jacó um símbolo religioso nos mostrando que só chegaremos à morada de Deus se galgarmos degrau por degrau a escada da vida. È o símbolo do caminho para a perfeição. Sua colocação no painel do aprendiz indica que o neófito colocou o pé no primeiro degrau da escada, iniciando sua busca para o aperfeiçoamento moral. Outra visão - a esotérica - da escada de Jacó, onde anjos subiam e desciam por ela, nos mostra, simbolicamente os ciclos evolutivos e involutivos da vida num perpétuo fluxo e refluxo através dos sucessivos nascimentos e mortes.

A citação bíblica "a casa de meu pai tem muitas moradas" também nos reporta ao seu sentido esotérico, dizendo-nos que há muitos níveis para as criaturas dentro do seu grau de evolução e progresso. Que possamos, na nossa ignorância, atinar para a grande inteligência do Plano de Evolução da Vida, que nos é sugerido no painel da Loja de Aprendiz, pois após a estrela de sete pontas, que simboliza a verdadeira sabedoria e a perfeição moral, ainda poderemos transcender rumo às nuvens, Lua, Sol e demais estrelas do firmamento, incorporando-nos no grande e glorioso Céu, contido na abóbada celeste, para verdadeiramente nos reencontramos com o G.`.A.`.D.´.U.´.

Jurandyr José Teixeira das Neves
M.'.M.'., ARLS Renascença - Santo André - SP - Brasil

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segunda-feira, 5 de maio de 2008

PRANCHA: A Pedra Bruta e suas Aplicações Filosóficas

PREFÁCIO
A pedra bruta é a pedra de cantaria, que é uma pedra própria para ser esquadrejada e usada nas construções, já que só a pedra esquadrejada cúbica, ou em forma de paralelepípedo - é que encaixa perfeitamente nas construções, sem deixar vãos. Os homens que nela trabalhavam eram os canteiros, ou esquadrejadores da pedra, os quais a transformavam na pedra cúbica. Daí os dos símbolos em Loja, já que praticamente tudo o que fazemos, hoje, tem sua origem nas organizações dos franco-maçons de ofício, ou operativos, como a dos canteiros. (José Castellani)
INTRODUÇÃO
Para os iniciados nos Augustos Mistérios da Maçonaria, a apresentação do seu primeiro trabalho é um passo de valor imensurável, por tratar da importância de pesquisar, comparar obras de mais de um autor, tirar conclusões próprias, externar o que pôde aprender e o que progrediu com os ensinamentos prestados pelos irmãos de Loja.O tema escolhido é palpitante haja vista sua aplicabilidade tanto no meio profano como na maçonaria simbólica, de vez que podemos verificar desde as mais antigas civilizações já se faziam menções sobre as pedras, que ao longo do tempo foram utilizadas das mais diversas formas para expor o pensamento humano, seja ele religioso como filosófico. Não obstante a maçonaria especulativa muito sabiamente aproveita esses conceitos retirados das pedras a expressão marcante e lança ensinamentos para todos seus membros, desde sua iniciação.O objetivo principal desse trabalho é apresentar a simbologia das pedras presentes em várias civilizações e em diferentes épocas e sua aplicação na formação dos maçons-aceitos.
DESENVOLVIMENTO
A história da humanidade desde seu inicio tem um vínculo forte com as pedras. O homem das cavernas descobriu-as como grandes aliadas. A pedra foi utilizada para vários fins seja como arma ou outra ferramenta qualquer que facilitara a vida de nossos ancestrais.O tempo foi passando e o homem evoluía cada vez mais, seus aprendizados foram aprofundando-se, até que adquiriu o domínio de várias técnicas, as quais eram vitais para sua sobrevivência. Essas técnicas deram origem a ciência, produto do intelecto humano, como somatório dos conhecimentos adquiridos. Ainda em sua primitividade o homem, por seus caracteres que diferem dos outros animais (corpo, alma e mente), sentia a necessidade de comunicar com o ser superior, pois percebia em sua espiritualidade que foi criado, logo, desse sentimento nasceu a religião que era manifestada de forma muito variada conforme cada região onde habitava.As pedras dentro da religiosidade têm um valor sem par, elas eram erigidas para representar seus deuses. E vemos que de simples pedras não-talhadas, gradativamente os homens foram utilizando pilares lavrados e depois para colunas talhadas esculturalmente segundo a semelhança de animais ou homens destinados a tornarem objetos de reverência e culto como representação de deuses, que por sua solidez e durabilidade servia para sugerir o poder e a estabilidade de uma divindade.O culto utilizando pedras tem sido rastreado em quase todas as regiões da terra e entre quase todos os povos bárbaros. A Bíblia Cristã, desde o livro do Gênese até o Apocalipse, faz alusões às pedras, vejam alguns exemplos:
Em Gênese, capítulo vinte e oito, versículo dezoito, lemos: “No dia seguinte pela manhã, tomou Jacó A PEDRA sobre a qual repousara a cabeça e a erigiu em Estela derramando óleo sobre ela;
As tábuas onde foram escritos os dez mandamentos eram de PEDRA (Êxodo, capítulo trinta, versículo dezoito);
Há referências bem conhecidas tanto no Velho com no Novo Testamento sobre as pedras-símbolos. No Livro dos Salmos, capítulo cento e dezoito, lemos: “ A PEDRA que os construtores rejeitaram, tornou-se PEDRA ANGULAR”. Considera-se isso uma profecia dirigida a Jesus, como o Cristo, que foi rejeitado pelos judeus, mas tornou-se a PEDRA fundamental da igreja.
Jesus cita essas palavras em Mateus, capítulo vinte e um, acrescentando: “Aquele que tropeçar nesta PEDRA, far-se-á em pedaços, e aquele sobre quem cair será esmagado”.
Pedro denomina Jesus em sua segunda epístola, capítulo quatro, como PEDRA PRECIOSA;
Ao passo que Pedro foi chamado CEPHAS, quer dizer PEDRA, pelo próprio Jesus em Mateus, capítulo vinte e seis, versículo dezoito.
Já no judaísmo se vê a velha lenda sobre o maravilhoso depósito de PEDRA DE FUNDAÇÃO, É encontrada no livro Talmúdio-yoma, que afirma, ela tinha sobre si o nome sagrado de DEUS gravado na síntese da sigla G.A.O.T.U. Alguns rabinos hebraicos dos tempos antigos adeptos à doutrina metempsicose acreditavam que uma alma humana podia após a morte não só renascer num corpo humano, mas também, por culpa de seus pecados, num corpo de animal e até mesmo aprisionado numa PEDRA. No fólio hebraico número cento e cinqüenta e três, podemos ler: “A alma de um caluniador pode ser forçada a habitar uma PEDRA SILENCIOSA.Os antigos gregos costumavam erguer colunas de pedras consagradas diante de seus templos e ginásios e até mesmo as habitações de seus cidadãos insignes. No mundo árabe em Meca (cidade de peregrinação islâmica), acha-se a PEDRA mais notável do mundo, é uma PEDRA PRETA, que está preservada na “kaaba” ou casa cúbica que fica no átrio da mesquita sagrada. Acredita-se que seja um aerólito ou pedra meteórica. Esta PEDRA PRETA tem sete polegadas de comprimento aproximadamente, e é oval, segundo diz, ela foi quebrada durante o assédio de Meca em 683 DC, foi recomposta com cimento e encerrada numa cinta de prata. Está embutida na parede do ângulo nordeste da kaaba a uma altura que permite que os devotos a beijem em ato de adoração.Esses são apenas alguns dos inúmeros exemplos da correlação homem e pedra, presente na cultura religiosa que é a mais antiga manifestação circundada na vida humana. Assim também para a maçonaria as pedras têm um valor imensurável, posto que a própria origem desta instituição tenha muito haver com elas, uma vez que é herdeira o conhecimento de várias associações de construtores, principalmente daquelas manifestada durante a Idade Média. A representação simbólica das pedras está intimamente ligada com a vida de um maçom, desde sua iniciação, seu primeiro trabalho realizado à frente do irmão primeiro vigilante, onde ele ainda não percebe a riqueza existente nesse gesto.A PEDRA BRUTA é o ponto de partida para a grande transformação a ser feita no espírito do maçom. Desbastar esta PEDRA BRUTA significa que esse trabalho simbólico deve-se dedicar o maçom para chegar a ser o obreiro que domina a boa arte de construir. Na realização desse trabalho o iniciado é ao mesmo tempo obreiro, matéria-prima e instrumento. Ele mesmo é a PEDRA BRUTA, que representa seu atual estado de imperfeito desenvolvimento, que deve converter-se em forma de perfeição interior.Como a perfeição é infinita e seu absoluto é inacessível, o que nos resta fazer é tão somente aproximar da perfeição ideal, por etapas de progresso, desenvolvendo-as através de sucessivos graus de perfeição relativa. O próprio reconhecimento de nossa imperfeição por um lado e de outro um ideal desejado são as primeiras condições indispensáveis para que possa existir o trabalho de desbaste. Se o Aprendiz souber relevar, quando algum irmão o aborrecer, estará retirando uma aresta, se ele usar o exercício da tolerância contra as agressões, mais arestas caem. O construir, o participar, o contribuir e o atender são atributos que também retiram arestas.Contudo a melhor maneira de desbastar a PEDRA BRUTA é a própria comprovação fraterna – chave para abrir portas aos irmãos e assim estaremos dando mostras de que os amamos. Este é o caminho certo, o início do aperfeiçoamento, que certamente será longo, áspero e de sacrifícios, mas vale a pena ser trilhado. É dando que se recebe lembra-nos Francisco de Assis, em uma mensagem de amor.Assim pedem os aprendizes-maçons, sempre haja alguém que os ajudam a suportar o fardo, a torná-lo leve, colaborando com seu progresso mostrando sempre o caminho do bem e da virtude. É necessário ainda que cada um de nós, sendo PEDRA BRUTA conheça sua natureza, descubra de que material é feito, que resistência possui, se é pedra-ferro, pedra mármore, granito ou outra composição. Esse trabalho deve ser uma contínua rotina em nossas vidas, uma vez que a necessidade de aprimoramento seja ele intelectual; espiritual ou psíquico faz parte da natureza humana para atingir novos paradigmas do verdadeiro progresso, a serviço da própria humanidade que vai adentrando por séculos e séculos cumprindo seu destino. Pois somos degraus na cadeia da divindade, e cada degrau sustenta um e é sustentado por outro, o ser evolucionado além de limpar e polir seu degrau tem também o dever de contribuir para a limpeza dos outros, para que nada de feio se veja, assim estaremos evoluindo e colaborando para a evolução do todo, pois “o todo é muito maior que a simples soma das partes”.
CONCLUSÃO:
O valor alegórico inspirado nas pedras, desde os primórdios tempos, é refletido para toda a existência, que o homem moderno precisa obter os ensinamentos que elas – as pedras proporcionam, a fim de melhorar sua própria vida, para contribuir na construção de uma sociedade centrada nos bons costumes. Desta forma, faz-se necessário buscar incessantemente o aprimoramento individual e coletivo, quer nos trabalhos das oficinas, nos encontros fraternos, na aplicação da doutrina, no ensinamento geral a que todos abrangem, nas ocupações do mundo profano, que o maçom cumpre integralmente sua finalidade na sociedade humana.A transformação de PEDRA BRUTA EM PEDRA POLIDA só encontra seu significado real com o trabalho primitivo dos PEDREIROS LIVRES, quando, a própria oficina procura anular as arestas de seus próprios membros quaisquer que sejam as suas posições em Loja, sejam quais forem seus títulos iniciáticos.Reflitamos, pois meus Irmãos.E que o G.•.A.•.D.•.U.•. a todos ilumine e guarde.

Bibliografia:
Constituição do Grande Oriente do Brasil
Ritual (REAA) 1º Grau - Aprendiz
Enciclopédia Barsa
"A simbólica Maçônica" – Jules Boucher
"Caderno de Estudos Maçônico" – José Castellani
Manual do Aprendiz-
Maçom Bíblia Sagrada
Enciclopédia da Sociedade de Ciências Antigas


GERALDO BATISTA DE CAMARGOS
A.'.M.'. , ARGBLS Fênix de Brasília nº 1959, Brasília - DF, Brasil
Fonte:http://www.maconaria.net/200708_pedra_bruta_filosoficas.shtml Clique para ler mais...

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