Por M.´.
I.´. Luis Genaro Ladereche Fígoli
Mestre
Moshe
33°
Introdução
Desde os primórdios da humanidade, o homem busca entender o
universo e seu lugar nele. Questões sobre o destino, casualidade e causalidade
sempre estiveram presentes nas reflexões filosóficas, religiosas e científicas.
Neste artigo, pretendemos realizar uma análise profunda desses conceitos, suas
inter-relações e implicações, utilizando fontes bibliográficas para embasar
nossas discussões.
Nascemos com um destino pré-determinado? Nosso DNA traz
todas as informações para traçar a linha de nossa vida, desde a hora que
nascemos, nossa cor de pele, cabelo, nossa altura, peso, as doenças que vamos
ter, que profissões vamos exercer e a hora de nossa morte? Somos predestinados?
Por outro lado, se somos poeiras de estrelas (como afirma a
nova Astrobiologia), apenas um arranjo conveniente de átomos, células e moléculas:
por que nós?
E se formos uma escultura de um Deus onipresente e
onisciente. Vemos na Bíblia este relato:
Em Gênesis 2:7 podemos começar
a observar três aspectos no homem:
1º Corpo: “Formou o Senhor Deus ao homem do pó da terra”
Deus pegou do pó da terra e formou um corpo, porém não era um homem ainda,
apenas um boneco. Deus deu ao homem um corpo, pois havia criado um planeta
físico para ser governado. Em hebraico, a palavra “terra” (adamah) é parecida
com “ser humano” (adam). E a palavra formou, no original é diferente do verbo
criar ou fazer, ele é usado especificamente para descrever o que um oleiro faz
com o barro.
2º Espírito: “E
lhe soprou as narinas o fôlego de vida”
Deus pega aquele boneco e sopra algo dentro dele, concedendo vida, uma vida que
saiu de dentro do próprio Senhor. A palavra “fôlego” no hebraico é “neshamah”,
a mesma palavra usada para “espírito”, ela significa vento, fôlego vital,
inspiração divina, espírito.
“Deus é espírito; e importa que os seus adoradores o adorem em espírito e em
verdade”. João 4:24.
3º Alma: “E
o homem passou a ser alma vivente”.
Quando o Espírito de Deus tocou aquele boneco de terra, foi manifesta a vida na
alma e no corpo do homem. O que manifesta a vida no homem é a alma, a sua
personalidade. Muitos confundem alma e espírito, mas se tratam de coisas
distintas.
Muito bem explicado e conveniente.
Mas e se formos tudo isso junto, ou seja, somos poeiras de estrelas,
com consciência (alma e espírito), predestinados “a priori”, mas com livre arbítrio,
o que nos leva a sermos resultado de nossas ações, decisões e caminhos que
escolhemos?
Não teremos a resposta definitiva, por certo, mas vamos
fazer um exercício de investigar a Verdade que é o que nos resta.
1. Destino: Uma Força Inexorável?
O destino, frequentemente associado à ideia de
predestinação, é um conceito que remonta à antiguidade. A crença em um destino
pré-determinado tem raízes em várias culturas e religiões. Muitas vezes, é
encarado como uma força inexorável que guia o curso da vida humana e determina
o futuro de cada indivíduo.
1.1. Perspectivas Históricas sobre o Destino
Desde os antigos gregos até as filosofias orientais, o
destino tem sido objeto de reflexão. Platão, por exemplo, defendia a ideia de
que a alma humana está destinada a retornar ao mundo das ideias após a morte.
Já na tradição chinesa, o conceito de "Tao" sugere uma ordem cósmica
que governa o destino de todas as coisas.
1.2. O Papel da Religião no Conceito de Destino
Em muitas religiões, o destino está intrinsecamente ligado à
vontade divina. O debate entre livre-arbítrio e predestinação tem sido um ponto
central de divergência entre diferentes doutrinas. Exploraremos as perspectivas
de diferentes religiões sobre esse assunto e como elas influenciam a visão de
mundo de seus seguidores.
1.3 O Destino como Vontade Divina
Em muitas tradições religiosas, o destino é visto como a
vontade de uma entidade superior, seja Deus, deuses ou forças cósmicas. Essa
perspectiva sugere que o curso da vida e os eventos futuros são
predeterminados, e os seres humanos são meros participantes nesse grande plano
divino.
1.4 O Conceito de Destino como Autodeterminação
Por outro lado, algumas correntes filosóficas e espirituais
defendem a ideia de que o destino é, em parte, moldado pelas escolhas e ações de
cada indivíduo. Essa visão implica no livre-arbítrio, onde as pessoas têm a
capacidade de influenciar o curso de suas vidas.
1.5 O Destino como Combinação de Fatores
Uma perspectiva intermediária sugere que o destino é uma
combinação complexa de fatores, incluindo eventos aleatórios, decisões pessoais
e influências externas. Nessa abordagem, o destino não é totalmente predefinido
nem completamente autodeterminado, mas uma teia intrincada de circunstâncias
interconectadas.
2. Casualidade e Acaso: O Jogo dos Eventos Aleatórios
A casualidade e o acaso são conceitos que desafiam a noção
de destino preestabelecido. Essas ideias sugerem que certos eventos ocorrem de
forma aleatória, sem qualquer plano ou propósito por trás deles.
2.1. A Relação entre Casualidade e Probabilidade
A teoria da probabilidade desempenha um papel fundamental na
compreensão da casualidade. Devemos explorar como a noção de probabilidade se
desenvolveu ao longo do tempo e como ela se aplica a eventos aleatórios em
diferentes contextos.
2.2. Casualidade e Determinismo Científico
Na ciência, o determinismo é frequentemente discutido em
relação aos eventos naturais e ao comportamento humano. A causalidade é uma
peça-chave nessa discussão, e devemos abordar como a física e outras
disciplinas científicas lidam com a ideia de causalidade em seus estudos.
2.3 A Natureza Probabilística dos Eventos Aleatórios
A ciência moderna reconhece que existem fenômenos em que a
casualidade é governada pela probabilidade. A mecânica quântica, por exemplo,
lida com eventos subatômicos imprevisíveis, e a teoria do caos descreve sistemas
complexos altamente sensíveis às condições iniciais.
2.4 A Relação entre Casualidade e Determinismo
O determinismo é a ideia de que, dadas as condições iniciais
do universo, todos os eventos futuros são fixos e previsíveis. Explorar, por
exemplo, como a casualidade se relaciona com o determinismo e como a física e a
filosofia lidam com essa interação.
3. Causalidade e Relação de Causa e Efeito
Analisaremos as diferentes teorias sobre a causalidade e
como elas moldam nossa compreensão do mundo. A casualidade refere-se à relação
de causa e efeito, onde a ocorrência de um evento é resultado direto de outro.
No entanto, a questão do acaso, ou seja, eventos que ocorrem sem uma causa
determinante, desafia a visão causal do universo.
3.1. A Teoria de Hume sobre Causação
O filósofo escocês David Hume trouxe uma perspectiva única
sobre a causalidade. Discutir sua teoria sobre impressões e ideias, bem como
sua visão sobre a constância da natureza e a indução causal.
3.2. O Problema da Indução
A indução, que envolve extrapolar conclusões gerais a partir
de observações específicas, é uma questão importante na análise da causalidade.
Abordar o problema da indução e como ele está relacionado à nossa compreensão
do mundo causal.
3.3 O Método Científico e a Causalidade
O método científico é construído sobre a premissa de que as
relações de causa e efeito podem ser identificadas e testadas empiricamente.
Discutir como a causalidade é essencial na formulação de hipóteses,
experimentos e conclusões científicas.
3.4 A Causalidade nas Ciências Sociais
A aplicação da causalidade não se limita apenas às ciências
naturais, mas também é relevante nas ciências sociais. Verificar por exemplo como
a sociologia, a psicologia e a economia utilizam o conceito de causa e efeito
para entender comportamentos e fenômenos humanos.
4. Interações Complexas: Como Destino, Casualidade e
Causalidade se Entrelaçam – Um roteiro para aprofundamento no estudo.
Embora destinos aparentemente traçados e casualidades
aleatórias possam parecer conceitos opostos, há uma interação complexa entre
eles. Explorar como essas ideias se entrelaçam e como diferentes perspectivas
filosóficas tentam conciliar esses conceitos aparentemente contraditórios.
4.1. Determinismo e Livre-Arbítrio
O debate entre determinismo e livre-arbítrio tem implicações
significativas em nossa compreensão do destino e da causalidade. Investigar
como diferentes filósofos abordaram esse debate e como ele afeta nossa
concepção de responsabilidade moral.
4.2. O Papel do Acaso na Causalidade
A causalidade nem sempre é uma sequência linear e previsível
de eventos. Examinar como o acaso pode desempenhar um papel fundamental na
causalidade, especialmente em sistemas complexos.
4.1. O Papel da Percepção Humana na Compreensão do Destino
A forma como percebemos o destino é influenciada pela
causalidade e pela interpretação dos eventos ao nosso redor. Abordar como as
pessoas tendem a atribuir significado a eventos aleatórios e como isso afeta a
visão que têm sobre seu destino pessoal.
4.2. A Interseção entre Casualidade e Livre-Arbítrio
O conceito de livre-arbítrio pode coexistir com a
casualidade? Discutir como a casualidade, ao mesmo tempo que permite eventos
aleatórios, também pode ser vista como parte de um grande padrão causal que
envolve nossas escolhas e decisões.
5. E NA MAÇONARIA
Não é um tema central no estudo de desenvolvimento na
Maçonaria. Na verdade, os temas relacionados a destino, casualidade e
causalidade são tocados de forma transversal em diversas Instruções nos mais
diversos Gr.´. da Ord.´.
Como um dos principais atributos do maçom é o livre arbítrio,
atribuído por Deus (seria o Grande Arquiteto do Universo?) quando expulsa Adão
e Eva do Paraíso, aparentemente o GADU teria retirado do Homem a possibilidade
de ter um destino predeterminado, pois manda ele “trabalhar” para ganhar a vida
e o sustento seu e da sua família:
Diz o Genesis 3 17:19
E ao homem declarou:
17 "Visto que você deu ouvidos à sua mulher
e comeu do fruto da árvore
da qual ordenei a você
que não comesse,
maldita é a terra por sua causa;
com sofrimento você
se alimentará dela
todos os dias da sua vida.
Inegável que o Iluminismo influenciou decisivamente a
Maçonaria. Aliás, talvez tenha sido a sua grande impulsionadora como filosofia.
A separação da Religião e do Estado, os princípios Universais do Homem, a queda
da Monarquia Absolutista como legado de “deus” (minúsculo propositalmente), a
democracia, a moral, a ética, o resgate da filosofia antiga e sua modernização:
foram fenômenos que além de ter varrido o mundo, forjaram uma nova sociedade (ocidental)
que conhecemos até hoje. A Maçonaria renasceu, cresceu e se reproduzir na esteira
destes primados do Iluminismo e absorveu, em sua filosofia, não apenas seus princípios
como os adaptou às antigas tradições de civilizações que não mais existiam.
Albert Pike, no século XIX, foi uns dois grandes
reformadores da moderna maçonaria. No livro "Morals and Dogma",
Albert Pike discute várias questões filosóficas, mas não há uma seção
específica ou citação direta que aborde o livre-arbítrio de forma exclusiva. No
entanto, é possível inferir suas visões sobre o assunto com base em suas
crenças maçônicas e suas reflexões sobre a natureza humana. O tema principal naquele
momento histórico era a liberdade humana e o viver moral e ético. E foi nisto
que ele baseou toda sua obra.
A Maçonaria, em geral, enfatiza o livre-arbítrio como um
princípio fundamental, permitindo que seus membros tenham a liberdade de
escolher suas crenças, ações e caminhos em busca da virtude e do aprimoramento
pessoal. Pike provavelmente apoiaria essa ideia, considerando a importância da
liberdade individual na busca do autoaperfeiçoamento e do conhecimento.
Por outro lado, há referência nas “Leis Herméticas”[1], num total de sete
(colecionadas entre os séculos I a III da nossa era), há a chamada Lei de Causa
e Efeito: "Toda causa tem seu efeito, todo o efeito tem sua causa,
existem muitos planos de causalidade mas nada escapa à Lei",
lembrando-nos, claramente, que os antigos já imaginavam que éramos fruto de um
processo de desenvolvimento de causa/efeito. Hoje somos o que somos, não porque
o destino estabeleceu, ou porque Deus nos abençoou ou nos puniu (até também), mas
porque tomamos decisões que nos levaram até aqui.
Conclusão
Em suma, o destino, a casualidade e a causalidade são
conceitos complexos que têm desafiado a mente humana ao longo da história.
Enquanto o destino pode ser visto como uma força que guia nossas vidas, a
casualidade traz imprevisibilidade e surpresa. A causalidade, por sua vez, é o
fio condutor que conecta esses conceitos e nos permite dar sentido ao mundo em
que vivemos.
Embora cada conceito seja importante em sua própria medida,
é a interação entre eles que nos possibilita explorar a natureza da existência
humana e sua relação com o universo. À medida que continuamos a investigar
esses temas, somos lembrados de que o conhecimento humano é uma jornada
constante em busca de compreensão e significado.
Ao longo deste artigo, exploramos profundamente os conceitos
de destino, casualidade e causalidade, desde suas origens históricas até suas implicações
filosóficas e científicas. Nossa jornada nos levou a compreender que esses
conceitos aparentemente díspares estão intrinsecamente relacionados e moldam
nossa visão do mundo e nosso lugar nele.
O destino, em sua predestinação aparente, interage com o
acaso, criando uma trama complexa de eventos. Enquanto isso, a causalidade,
como a linha que conecta os pontos, nos ajuda a dar sentido a essas interações
e a encontrar padrões em meio ao aparente caos.
No entanto, mesmo com todo o conhecimento adquirido, muitas
questões permanecem sem respostas definitivas. O mistério do destino, a
imprevisibilidade do acaso e a complexidade da causalidade são elementos
essenciais que nos impulsionam a continuar buscando compreender o universo e
nossas vidas dentro dele.
*
* *
[1]
Hermes Trismegisto (em latim: Hermes Trismegistus; "Hermes, o três vezes
grande") é uma figura mítica de origem sincrética. Essa figura mítica
indica o deus Thoth dos antigos egípcios, considerado o inventor das letras do
alfabeto e da escritura, escrita dos deuses, e portanto, revelador, profeta e
intérprete da divina sapiência e do divino logos. Quando os gregos tiveram
conhecimento desse deus egípcio, descobriram que apresentava muitas analogias
com seu deus Hermes, intérprete e mensageiro dos deuses, e o qualificaram com o
adjetivo “Trismegisto” que significa “três vezes grandíssimo”.
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