segunda-feira, 16 de maio de 2011

O lado oculto da Loja - O pensamento em ação


Texto de Charles W. Leadbeater

Por Luis Genaro L. Figoli (M.´.I.´.)*


Consideremos o lado oculto de uma reunião de uma Loja, mais especificamente, o encontro semanal comum, onde a Loja está seguindo uma linha de estudo definida. Refiro-me, é claro, somente, aos encontros dos membros da Loja, pois os efeitos ocultos, que desejo descrever, são de todo impossíveis quando se trata de quaisquer reuniões em que são admitidos não-membros.

Naturalmente, o trabalho de toda Loja tem seu lado público. Há palestras dadas ao público, e se concede espaço para que perguntem coisas; tudo isso é bom e necessário. Mas toda Loja, que é digna de seu nome, também, faz algo muito mais elevado do que qualquer outro trabalho no plano físico, e este trabalho mais elevado só pode ser feito em seus encontros privados. Além disso, ele só pode ser realizado, se estes encontros são conduzidos de forma apropriada e todo harmoniosa.

Se os membros estão pensando em si mesmos de qualquer modo; se eles têm vaidades pessoais expressas, como o desejo de brilhar ou de tomar parte proeminente nos trabalhos; se possuem outros sentimentos personalistas, de modo que possam sentir-se ofendidos ou afetados por inveja ou ciúme, possivelmente, nenhum efeito oculto poderá ser produzido. Mas se eles esqueceram de si mesmos no anseio ardente de entender o assunto, que está sendo estudado, um resultado muito considerável e benéfico, do qual eles usualmente não têm a menor idéia, pode, prontamente, ser produzido. Deixem-me explicar a razão disto.

Suponhamos que se realize uma série de encontros, onde está sendo estudado um determinado livro. Todo membro saberá, de antemão, quais parágrafos ou páginas serão abordados no encontro, e espera-se que ele não chegue à reunião sem uma preparação prévia. Ele não deve estar em uma atitude completamente passiva, como um passarinho em seu ninho, à espera de que alguém vá alimentá-lo; ao contrário, todos os membros devem ter uma compreensão inteligente do assunto, que vai ser analisado, e devem estar preparados para contribuir com sua parte de informação. Um bom plano é que cada membro do círculo faça-se responsável pelo exame de alguns dos nossos livros Teosóficos.

O assunto a ser debatido no encontro deve ter sido anunciado no encontro anterior, e cada membro deve responsabilizar-se pela procura, no livro ou nos livros, de que se encarregou, de qualquer referência ao assunto em questão, de modo que, quando chega ao encontro, ele já possui todas as informações que aqueles livros particulares contem a esse respeito, e está preparado para contribuir quando for solicitado. Desse modo, cada membro tem seu trabalho a fazer, e cada um é grandemente auxiliado na direção de uma compreensão clara e plena do assunto sob consideração, quando todos os presentes fixam, firmemente, sua atenção sobre ele. A fim de entendermos isso completamente, pensemos por um momento no efeito de um pensamento.

Todo pensamento, que seja suficientemente definido para ser digno do nome, produz dois resultados distintos. Primeiro, ele é por si mesmo uma vibração do corpo mental, que pode ocorrer em diferentes níveis dentro desse corpo. Assim como qualquer outra vibração, ele tende a reproduzir-se na matéria circundante. Assim como a corda de uma harpa, posta a vibrar, comunica a vibração ao ar em torno, produzindo um som audível, da mesma forma, a vibração do pensamento, produzida em matéria de determinada densidade dentro do corpo mental da pessoa, comunica-se à matéria da mesma densidade no plano mental que a rodeia.

Segundo, cada pensamento rodeia a si mesmo, como matéria viva do plano mental, e torna-se um veículo, que denominamos forma-pensamento. Se o pensamento é um simples exercício do intelecto (como quando estamos envolvidos na resolução de um problema matemático ou geométrico), a forma-pensamento permanece nos planos mentais; mas, se ela for minimamente tingida de desejo ou emoção, ou se de qualquer maneira for ligada ao eu pessoal, imediatamente, ela atrai para si também uma veste de matéria astral, e se manifesta no plano astral.

Um esforço intenso para compreensão do abstrato - uma tentativa de compreender o que significa a quarta dimensão ou o "arquétipo" de uma mesa, por exemplo - significa uma atividade nos níveis mentais mais altos; mas, se o pensamento é mesclado de afeição altruísta, elevada aspiração ou devoção, é mesmo possível q ue possa ser penetrado de uma vibração do plano búdico e ter seu poder multiplicado centenas de vezes. Devemos considerar esses dois resultados em separado e ver o que decorre de cada um.

A vibração pode ser imaginada como se irradiando no plano mental através da matéria, que for capaz de responder a ela, isto é, através de matéria do mesmo grau de densidade que aquela, onde ela foi gerada originalmente. Irradiando-se dessa forma, ela naturalmente entra em contato com os corpos mentais de muitas outras pessoas, e sua tendência é reproduzir-se nesses corpos. A distância, a que ela é capaz de se irradiar, depende em parte da natureza da vibração e em parte da oposição que encontra. As vibrações, misturadas aos tipos mais baixos de matéria astral, podem ser refletidas ou neutralizadas por um a multidão de outras vibrações no mesmo nível, assim como, no meio do ruído de uma grande cidade, um som suave será completamente abafado.

O pensamento auto centrado usual do homem comum inicia no mais baixo dos níveis mentais e, imediatamente, mergulha nos planos astrais correspondentemente baixos.

Portanto seu poder em ambos os planos é muito limitado, pois, por mais violento que seja, existe um mar tão vasto e turbulento de pensamentos similares em toda parte, que as vibrações muito logo se perdem e dissipam na confusão.

Uma vibração, gerada em um nível mais alto, contudo, tem um campo muito mais livre para sua atuação, porque, no presente, o número de pensamentos, que produz esse tipo de vibração, é muito reduzido - de fato, o Pensamento Teosófico está quase em uma classe especial no que diz respeito a esse ponto de vista. Há pessoas realmente religiosas cujo pensamento é tão elevado quanto o nosso, mas nunca é igualmente preciso e definido; há vasto número de pessoas cujos pensamentos sobre negócios e ganho de dinheiro são tão exatos quanto poderia ser desejado, mas não são nem elevados nem altruístas. Até mesmo o pensamento científico pouco alcança a mesma classe que o verdadeiro Pensamento Teosófico, de modo que se pode dizer que nossos estudantes possuem um campo só para eles no mundo mental.

O resultado disso é que, quando uma pessoa pensa em Assuntos Teosóficos ela está emitindo a toda sua volta uma vibração, que é muito poderosa, pois praticamente não encontra oposição, como um som no meio de um vasto silêncio, ou como uma luz, brilhando no meio da noite mais escura. Ela põe em movimento um nível de matéria mental, que até agora mui raramente é usado, e as radiações, que ela causa, atingem o corpo mental do homem comum em um ponto, que está praticamente adormecido.

É isso que dá a esse pensamento seu valor especial, não só para o pensador, mas como para os que estão à sua volta, pois sua tendência é despertar e levar à atividade uma parte todo nova do aparato pensante. Deve ser entendido que tal vibração não, necessariamente, veicula Pensamentos Teosóficos aos que os ignoram, mas, ao estimular essa porção mais alta do corpo mental, indubitavelmente, ela tende a elevar e liberalizar o pensamento da pessoa como um todo, ao longo de quaisquer linhas em que ele esteja acostumado a funcionar, e assim produz um benefício incalculável.

Se o pensamento de uma única pessoa produz estes resultados, logo entenderemos que o pensamento de vinte ou trinta pessoas, dirigido para o mesmo assunto, resultará em uma força imensamente maior.

O poder do pensamento unificado de um grupo de pessoas é de longe maior que a soma dos seus pensamentos em separado, seria muito mais fielmente indicado pelo produto de sua multiplicação. Assim se vê que, mesmo só desse ponto de vista, é muito bom que uma cidade ou comunidade tenha em seu meio uma Loja Teosófica com encontros regulares, uma vez que seus trabalhos – se forem conduzidos no espírito apropriado - não podem senão ter um efeito, nitidamente, elevador e enobrecedor sobre o pensamento da população em torno. Naturalmente haverá muitas pessoas cujas mentes, ainda, não podem, de modo algum, ser despertas nesses níveis elevados, mas, mesmo para essas, o constante impacto de ondas desse pensamento mais elevado trará, para mais perto, o tempo de seu despertar.


Tampouco devemos esquecer o resultado produzido pela formação de formas- pensamentos definidas. Elas também irradiarão a partir do centro das atividades, mas podem afetar apenas as mentes, que, em algum grau, já forem responsivas a idéias dessa natureza. Hoje em dia, já existem muitas dessas mentes, e há membros que podem atestar o fato de que, depois de terem discutido uma questão como a reencarnação, não é incomum que sejam solicitados a dar informações sobre esse mesmo assunto para pessoas, que eles não supunham estar nele interessadas anteriormente. Deve ser observado que a forma-pensamento é capaz de veicular a natureza exata do pensamento para aqueles, que estiverem de alguma forma preparados para recebê-la, ao passo que a vibração do pensamento, embora alcance um círculo maior, é muito menos definida em sua atuação.

Podemos ver, assim, que, sobre o plano mental, é produzido um efeito impressionante, muito além das intenções de nossos membros no decurso usual de seus estudos - algo muito maior, em verdade, do que seus esforços conscientes no sentido de propaganda jamais produziriam. Mas isso não é tudo, pois a parte mais importante ainda está por vir. Toda Loja da Sociedade é um centro de interesse para os Grandes Mestres de Sabedoria, e, quando ela trabalha lealmente Seus pensamentos e os de Seus discípulos, freqüentemente, voltam-se para ela. Dessa forma, freqüentemente, uma força muito maior do que a nossa brilha de nossos encontros, e uma influência de valor inestimável pode ser focalizada, onde, até onde sabemos, não poderia ser colocada de outra maneira. Esse pode, de fato, parecer o limite que nosso trabalho pode alcançar, mas há outra coisa ainda maior.

Todos os estudantes do oculto sabem que a luz e vida do Logos inundam todo o Seu sistema – que, em todos os planos, é derramada a manifestação específica e apropriada de Sua força. Naturalmente, quanto mais elevado o plano, menos velada é a Sua glória, porque, quanto mais subimos, mais nos aproximamos de Sua fonte.

Normalmente a força derramada em cada plano fica estritamente limitada a ele, mas ela pode descer e iluminar um plano mais abaixo, se for preparado um canal especial para ela.

Um desses canais é fornecido sempre que um pensamento ou sentimento tenha um aspecto completamente impessoal. Uma emoção egoísta se move em uma curva fechada e, assim, traz sua resposta em seu próprio plano, uma emoção completamente altruísta é um jorro de energia que não retorna, mas, em seu próprio movimento ascendente, provê um canal para o derramamento de poder divino a partir do plano imediatamente acima. Essa é a realidade que jaz por trás da antiga idéia da resposta às preces.

A pessoa, que se ocupa seriamente do estudo das coisas superiores durante este tempo, é elevada inteiramente acima de si mesma e gera uma poderosa forma-pensamento no plano mental. Essa é imediatamente empregada como um canal pela força que paira no plano imediatamente acima. Quando um grupo de pessoas se reúne em um pensamento dessa natureza, o canal, que elas criam, é, em sua capacidade, desproporcionalmente maior do que a soma de seus canais separados; um encontro desses é, portanto, uma bênção inestimável para a comunidade, onde ocorre, pois, através dele (mesmo nos encontros mais comuns de estudo, quando se analisam assuntos como Rondas e Raças, Pitris e Cadeias Planetárias), pode acontecer um derramamento para dentro do plano mental inferior de forças que, normalmente, são características do mental superior.

Se a atenção é dirigida para o lado mais elevado do Ensinamento Teosófico e estudam-se questões de ética e do desenvolvimento da alma, como as que encontramos em A Luz no Caminho, A Voz do Silêncio e nossos outros livros devocionais, ela pode criar um canal de pensamento mais elevado, através do qual a força do próprio plano búdico desce até o mental, e assim se irradia e influencia para o bem muitas almas, que, de modo algum, estariam abertas para isso, se a força permanecesse em seu próprio nível.

Essa é a função real e maior de uma Loja - prover um canal para a distribuição da vida divina, e, assim, temos outra ilustração para nos mostrar o quão maior é o invisível do que o visível. Para os fracos olhos físicos, tudo o que se vê é um pequeno grupo de estudantes, encontrando-se semanalmente no anseio ardente de aprender e se qualificar para ser de utilidade para seus irmãos. Mas, para os que podem ver mais do mundo, dessa pequena raiz, brota uma flor gloriosa, pois não menos que quatro poderosas correntes de influência se irradiam daquele centro aparentemente insignificante – a corrente da vibração do pensamento, o grupo de formas pensamento, o magnetismo dos Mestres de Sabedoria, a poderosa torrente de energia divina.

Eis, também, aqui, um exemplo da importância prática de um conhecimento do lado invisível da vida. Pela falta desse conhecimento, muitos membros se tornam relapsos no desempenho de seus deveres, descuidados na assiduidade aos encontros da Loja, e, assim, perdem o privilégio inestimável de se tornarem partes de um canal para a Vida Divina. De fato, tenho ouvido falar de alguns membros, que são irregulares em sua freqüência porque consideram as reuniões enfadonhas e acham que não ganham muito com elas! Essas pessoas ainda, não compreenderam o fato elementar de que eles se reúnem não para receber, mas para dar; não para ganhar e se divertir, mas para assumirem seu lugar em um trabalho grandioso para o bem da humanidade.

Existe um lado invisível em tudo, e viver a vida de um ocultista é estudar esse lado interno mais elevado da natureza, e, então, adaptar-se a ele de modo inteligente. O ocultista olha para o todo de cada assunto que aborda, em vez de apenas para sua parte mais baixa e menos importante, e, assim, organiza suas ações de acordo com o que vê, em obediência ao que ditam o simples bom senso e a Lei de Amor, que guia o universo. Aqueles, pois, que querem estudar e praticar ocultismo, devem desenvolver em si mesmos três características inestimáveis: conhecimento, bom senso e amor.

A Teosofia não deve representar meramente uma coleção de verdades morais, um feixe de éticas metafísicas epitomizadas nas dissertações teóricas. A Teosofia deve ser prática e, portanto, livre de discussões inúteis. Ela deve encontrar expressão objetiva em um vasto código da vida completamente impregnado com seu espírito - o espírito da tolerância mútua, caridade e amor.


É M.´.I.´. da Loj.´. Simb.´. Palmares do Sul nº 213 no RS juridicionada à G.´.L.´.M.´.R.´.S.´., Gr.´. 14°, membro da Loj.´. de Estudos e Pesquisas Acácia do Litoral. Publicou mais de 50 artigos sobre Maçonaria.
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sábado, 23 de abril de 2011

Pessach e Páscoa - A diferença entre as festas judáicas e cristãs e suas influências na Maçonaria.

Por Luis Genaro L. Fígoli (M.´.I.´.)*

Neste momento em que festejamos a passagem da Páscoa, que nos últimos anos se transformou num evento comercial, de trocas de presentes, principalmente de chocolates (com coelhinho e tudo!!!), é importante resgatarmos o verdadeiro significado desta Passagem (Páscoa significa passagem) que é comemorada, como festa pagã, há mais de 3.500 anos pelo homem.

Para explicar a diferença entre a festa judaica pagã e a festa cristã (e suas interpretações), valho-me da Wikipédia, que passarei a reproduzir a seguir.

Todavia, é importante salientar, a influência da Páscoa (ou Pessach) na Maçonaria.

Como sabemos, a Maçonaria é um repositório dos antigos e sublimes mistérios de todas as sociedades, inclusive a Hebraica e a Cristã.

São muitos símbolos que adotamos destas comunidades antigas, entre outros, o uso da Bíblia, a Kabbala, e principalmente, a noção de monoteísmo (ou seja o culto a um único Deus).

A Passagem (para os Judaicos) ou o Renascimento (para os Cristãos) são conceitos fortemente arraigados na doutrina maçônica que tem seu próprio ritual de iniciação, em parte, inspirado nestes eventos.

Além disso, a Astrologia também foi adotada pela Maçonaria. O movimento dos astros celestes, da terra, dos mares trazem profundas influencias nos conceitos doutrinários da Ordem, como por exemplo, os solstício (que marcam duas datas importantes em Junho e Dezembro) como os dias dedicados aos padroeiros da Maçonaria, os São Joãos (Batista e Evangelista). No caso da Páscoa ou Pessech, marca a passagem do equinócio da primavera (no hemisfério norte) e do outono (no hemisfério sul).

Daí o conceito da passagem ou renascimento, visto que a primavera representa para a natureza, um verdadeiro renascimento. Atento a isto, tendo em vista as festividades milenares já praticadas pelo povo Hebraico, é que a morte e ressurreição de Cristo foi localizada pelos cristãos, temporalmente, neste período, justamente para poder coincidir com a festa tradicional, numa ótima jogada de "marketing" se fosse nos tempos atuais.

Mas vamos aos conceitos e a história:

Pessach (do hebraico פסח, ou seja, passagem), também conhecida como Páscoa judaica, é o nome do sacríficio executado em 14 de Nissan segundo o calendário judaico e que precede a festa dos pães ázimos (Chag haMatzot). Geralmente o nome Pessach é associado a esta festa também, que celebra e recorda a libertação do povo de Israel do Egito, conforme narrado no livro de Shemot (Êxodo).

De acordo com a tradição, a primeira celebração de Pessach ocorreu há 3500 anos, quando de acordo com a Torá, Deus enviou as Dez pragas do Egito sobre o povo do Egito. Antes da décima praga, o profeta Moisés foi instruído a pedir para que cada família hebréia sacrificasse um cordeiro e molhasse os umbrais (mezuzót) das portas com o sangue do cordeiro, para que não fossem acometidos pela morte de seus primogênitos.

Chegada a noite, os hebreus comeram a carne do cordeiro, acompanhada de pão ázimo e ervas amargas (como o rábano, por exemplo). À meia-noite, um anjo enviado por Deus feriu de morte todos os primogênitos egípcios, desde os primogênitos dos animais até mesmo os primogênitos da casa do Faraó. Então o Faraó, temendo ainda mais a Ira Divina, aceitou liberar o povo de Israel para adoração no deserto, o que levou ao Êxodo.

Como recordação desta liberação, e do castigo de Deus sobre Faraó foi instituído para todas as gerações o sacríficio de Pessach.

É importante notar que Pessach significa a passagem, porém a passagem do anjo da morte, e não a passagem dos hebreus pelo Mar Vermelho ou outra passagem qualquer, apesar do nome evocar vários simbolismos.

Um segundo Pessach era celebrado em 14 de Iyar,para pessoas que na ocasião do primeiro Pessach estivessem impossibilitadas de ir ao Tabernáculo, fosse por motivos de impureza , ou por viagem .

Celebração da Pessach na época do Segundo Templo

Pessach caracterizava-se por ser uma das três festas de peregrinação ao Templo de Jerusalém. Um mês antes da festividade, Jerusalém tinha suas estradas reformadas e poços restabelecidos para garantir o conforto dos peregrinos. Geralmente todos aqueles que distanciavam trinta dias de jornada de Jerusalém vinham para as festividades, o que aumentava a população de cerca de 50 mil para cerca de três milhões. Estes peregrinos geralmente hospedavam-se na cidade e cidades vizinhas, acampando ou em casa de conhecidos.

Em 14 de Abib, pela manhã, o chametz (alimento fermentado) era eliminado e os sacerdotes do Templo preparavam-se para Pessach. O trabalho secular encerrava-se ao meio dia e iniciavam-se os sacríficios à quinze horas. A oferenda de Pessach constituia-se de cordeiros ou cabritos, machos, de um ano de idade, e abatidos pela família (era permitido um cordeiro por família) em qualquer lugar no pátio do Templo. O shochet efetuava o abate, e sangue era recolhido pelos cohanim em recipientes de prata e ouro, que passavam de um para outro até o cohen próximo ao altar, que derramava o sangue na base deste altar. O recipiente vazio depois retornava para novo uso. Estes recipientes não podiam possuir fundo plano par evitar a coagulação do sangue. Em seguida, o animal era pendurado e esfolado, e aberto tinha suas entranhas limpas de todo e qualquer excremento. A gordura das entranhas, o lóbulo do fígado, os dois rins com a gordura sobre estes e a cauda até a costela eram retirados e colocados em um recipiente, salgados e queimados sobre o altar.

As oferendas de Pessach eram feitas em três grupos com cada um de no mínimo trinta homens .O primeiro grupo deveria entrar e quando o pátio do Templo estivesse cheio ,os portões eram fechados .Os levitas entoavam o Halel e repetiam-no (se necessário) até que todos houvessem sacrificado seus animais .A cada vez que o Halel era entoado os cohanim tocavam três toques de shofar: Tekiá, Teruá e Tekiá.Após a oferenda queimada das partes do sacríficio , os portões eram abertos , o primeiro grupo saia ,e entrava o segundo e iniciava-se novamente o processo .E assim com o terceiro grupo .Após todos terem saído ,lavava-se o pátio da sujeira que ali acumulara .Um duto de água atravessava o pátio do Templo e havia um lugar por onde ele saía. Quando se queria lavar o chão era fechada a saída e a água transbordava inundando o recinto .Depois abria-se a saída e a água saia com todas as sujeiras acumuladas, ficando o chão completamente limpo .

Deixando o templo, cada família carregava seu animal sacrificado e o assava , fazendo em suas casas uma ceia festiva ,onde todos se vestiam de branco. Esta ceia seguia os príncipios do atual sêder de Pessach,com exceção da inclusão do cordeiro pascal. Após a ceia, muitos iam para as ruas festejar, enquanto outros iam para o Templo, que abria suas portas à meia-noite.

Com a destruição do Segundo Templo, a impossibilidade de haver um local de reunião e sacrifício tornou inviável a continuação dos sacríficios de cordeiros. Inicia-se então a transformação de Pessach em uma noite de lembranças, sem o sacrifício pascal.

Observâncias da Pessach após a destruição do Segundo Templo

Pessach é hoje uma festa central do Judaísmo e serve como uma conexão entre o povo judeu e sua história. Antes do ínicio da festa, os judeus removem todos os alimentos fermentados (chamados chametz) de seus lares e os queimam. Não é permitido permanecer com chametz durante a Pessach. Os objetos de chametz são escondidos, e outros, passíveis de um processo de casherização são mantidos, os utilizados para cozinhar passam pelo fogo, e os de comidas frias passam pela água. É proibido realizar qualquer trabalho depois de meio-dia de 14 de Nissan, ainda que um judeu possa permitir que um goy realize este trabalho.

A festa de Pessach é antes de tudo uma festa familiar, onde nas primeiras duas noites (somente na primeira em Israel) é realizado um jantar especial chamado de Sêder de Pessach. Desta refeição somente devem participar judeus e gentios convertidos ao judaísmo. Neste sêder a história do Êxodo do Egito é narrada, e se faz as leituras das bençãos, das histórias da Hagadá, de parábolas e canções judaicas. Durante a refeição, come-se pão ázimo e ervas amargas, e utiliza-se roupa de sair para lembrar-se do "sair apressado da terra do Egito".

E a Pascoa???

A palavra Páscoa advém, exatamente do nome em hebraico da festa judaica à qual a Páscoa cristã está intimamente ligada, não só pelo sentido simbólico de “passagem”, comum às celebrações pagãs (passagem do inverno para a primavera) e judaicas (da escravatura no Egito para a liberdade na Terra prometida), mas também pela posição da Páscoa no calendário.

A Páscoa cristã celebra a ressurreição de Jesus Cristo. Depois de morrer na cruz, seu corpo foi colocado em um sepulcro, onde ali permaneceu por três dias, até sua ressurreição. É o dia santo mais importante da religião cristã. Muitos costumes ligados ao período pascal originam-se dos festivais pagãos da primavera. Outros vêm da celebração do Pessach, ou Passover, a Páscoa judaica, que é uma das mais importantes festas do calendário judaico, celebrada por 8 dias e onde é comemorado o êxodo dos israelitas do Egito, da escravidão para a liberdade. Um ritual de passagem, assim como a "passagem" de Cristo, da morte para a vida.

A última ceia partilhada por Jesus Cristo e seus discípulos é narrada nos Evangelhos e é considerada, geralmente, um “sêder do pesach” – a refeição ritual que acompanha a festividade judaica, se nos ativermos à cronologia proposta pelos Evangelhos sinópticos. O Evangelho de João propõe uma cronologia distinta, ao situar a morte de Cristo por altura da hecatombe dos cordeiros do Pessach. Assim, a última ceia teria ocorrido um pouco antes desta mesma festividade.

A festa tradicional associa a imagem do coelho, um símbolo de fertilidade, e ovos pintados com cores brilhantes, representando a luz solar, dados como presentes. De fato, para entender o significado da Páscoa cristã atual, é necessário voltar para a Idade Média e lembrar os antigos povos pagãos europeus que, nesta época do ano, homenageavam Ostera, ou Esther – em inglês, Easter quer dizer Páscoa. Ostera (ou Ostara) é a deusa da Primavera, que segura um ovo em sua mão e observa um coelho, símbolo da fertilidade, pulando alegremente em redor de seus pés nus. A deusa e o ovo que carrega são símbolos da chegada de uma nova vida. Ostara equivale, na mitologia grega, a Deméter. Na mitologia romana, é Ceres.

O dia da Páscoa é o primeiro domingo depois da Lua Cheia que ocorre no dia ou depois de 21 março (a data do equinócio). Entretanto, a data da Lua Cheia não é a real, mas a definida nas Tabelas Eclesiásticas. (A igreja, para obter consistência na data da Páscoa decidiu, no Conselho de Nicea em 325 d.C, definir a Páscoa relacionada a uma Lua imaginária - conhecida como a "lua eclesiástica").

A Quarta-Feira de Cinzas ocorre 46 dias antes da Páscoa, e portanto a Terça-Feira de Carnaval ocorre 47 dias antes da Páscoa. Esse é o período da quaresma, que começa na quarta-feira de cinzas. Com esta definição, a data da Páscoa pode ser determinada sem grande conhecimento astronômico. Mas a seqüência de datas varia de ano para ano, sendo no mínimo em 22 de março e no máximo em 24 de abril, transformando a Páscoa numa festa "móvel".

De fato, a seqüência exata de datas da Páscoa repete-se aproximadamente em 5.700.000 anos no nosso calendário Gregoriano.

Fonte: Wikipédia

É M.´.I.´. da Loj.´. Simb.´. Palmares do Sul nº 213 no RS juridicionada à G.´.L.´.M.´.R.´.S.´., Gr.´. 14°, membro da Loj.´. de Estudos e Pesquisas Acácia do Litoral. Publicou mais de 50 artigos sobre Maçonaria.
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sexta-feira, 15 de abril de 2011

RITO NA MAÇONARIA – A IMPORTÂNCIA DO RITUAL E DA LITURGIA NOS TRABALHOS DA ARTE REAL

Por Luis Genaro Ladereche Fígoli

Aprender e ensinar: ninguém de fato ensina ninguém e, de forma geral, não há como aprender sem a abertura da consciência. É o despertar. É o descobrir com seu proprio psiqué, as verdades que estão disponívies para serem descobertas.

Consciência vem do vocábulo latin “conscientia” que significa “com conhecimento”, “com a ciência”. A consciência nos traz o saber, o conheciemento verdadeiro que nos dá a luz da sabedoria.

Alguns afirmam existir uma “consciência universal” onde se reúne todo o conhecimento, onde se encontra a “verdade oculta”.

Se assim for, podemos afirmar que a verdade absoluta somente é alcançada através da consciência (chave) usando-se a razão (psiqué), a intuição (o sexto sentido), a dedução e a indução.

Consciência é uma qualidade psíquica, isto é, que pertence à esfera da psique humana, por isso diz-se também que ela é um atributo do espírito, da mente, ou do pensamento humano.

O objetivo deste trabalho é fazer que os irmãos pensem, meditem e reflitam sobre a essência da verdade, que é o principal objetivo do maçom: a busca da verdade, oculta através de símbolos, ritos e alegorias, que nada mais tem por missão a abertura da consciência do maçom.

Se conseguirmos que os irmãos se perguntem e possam se responder: porque estamos aqui ?? De onde viemos ?? E para onde vamos ?? , com certeza, grande parte do caminho teremos trilhado em busca da luz verdadeira.

A maçonaria é uma comunidade em cujo centro se desenrola um renascimento espiritual do homem. Trata-se de uma evolução para a maturidade, de um processo psíquico e íntimo, para uma iniciação. Para obtê-la, a maçonaria encontrou um método especial que, por meio de repetições ritualísticas e mais um desenvolvimento gradual, põe em andamento o autoencontro e a individualização do homem.

São os rituais e símbolos em que inicialmente se inspiraram os costumes das antigas irmandades de pedreiros.

Além disso, entraram nos rituais dos maçons ideais do gnosticismo, da kabbala, dos pythagoraeas e do cristianismo.

O ritual maçônico torna-se, para cada participante, um portador de venturas e um centro dos seus pensamentos e ações. Em todas as lojas do mundo, os rituais, no seu desenrolar essencial, são parecidos, de tal maneira que cada um poderá entender sentido e conteúdo, mesmo não entendendo a língua do respectivo país. O ritual é a parte essencial. Com efeito, pela eficácia de sua forma, deve produzir um ambiente geral positivo, que se eleva por cima dos acontecimentos da vida cotidiana. Eis por que, durante o ato ritualístico, a música também é de grande importância. Por meio do ritual maçônico, a experiência de ensino é transmitida.

O ritual maçônico revela ao participante que existe algo mais que números e lógica, algo mais que aquisição e concorrência, algo mais que a luta pela existência, que preocupações e incômodos. Num ritual, evidentemente, só se revela aquele que está disposto a vivê-lo. Apresenta-se de certa forma como envelope para um recado que foi levado por todos os países e povos, para todos os tempos e que também deverá continuar nesse caminho. É pouco provável que exista uma idéia cujo objetivo é o homem, pura e simplesmente, e mais a procura da origem, da razão e do destino na vida humana, e que não se possa encontrar num ritual maçônico.
A maçonaria chama esse trabalho também uma arte real.

Como se disse já, a maçonaria tem apenas três tipos de segredos: os rituais, os meios de reconhecimento e a identidade dos seus membros. Debrucemo-nos hoje sobre os rituais.

Conceitos:

Ritos – são um conjunto de graus que formam um todo coerente, organizado de acordo com um ou alguns simbolismos particulares: corporativo, alquímico, místico, metafísico, esotérico, cabalístico, etc.

Ritual – é a forma grafada ou não do rito, que descreve, regula, orienta e preceitua o catecismo ritualístico;

Ritualistica – confunde-se com rito. É tudo aquilo que é próprio de um ritual e compreende a interpretação coerente dos símbolos, prática continuada dos mistérios, sem perder o fulcro nos princípios, preceitos e proposições.

Liturgia – é o rigor doutrinário que estabelece ordem e sequência entre os eventos da celebração do rito, garantidos os significados de todos os eventos. A liturgia é a cerimônia ritualística.

“Rito é elo entre o profano e o sagrado”.

Cerimônia mágica

A cerimônia mágica, que é a ritualística maçônica de suas sessões, é o caminho do maçom para atingir estados alterados de consciência e poderes que estão no transcendente, mais além da imediata existência humana.


Rito
-forma (do rito)
-dinâmica (do uso dos símbolos)
-ordenação (sequência lógica de eventos)
-significações (conteúdo do rito)
-codificação (simbolismo e chaves)
Liturgia:
- cerimônia (ritualística)
- transmissão (oral)
- vestes apropriadas (explicar)
- gestos rituais (mudras )
- orações rituais (mantras )
- símbolos visuais (yantras )

tende a = formação da egrégora

tende a = Estágio elevado da consciência

tende a = Verdades ocultas

tende a = Aproximação da Criatura com o Criador

Para atingirmos este estagio elevado da consciência (e assim possamos “descobrir” as verdades ocultas em nossa simbologia) não podemos praticar nossa ritualística de forma mecânica e displicente sob pena de estarmos transformando uma prática iniciática milenar em uma medíocre representação teatral, vazia e sem finalidade.

Correta prática Ritualística:
- compenetração
- seriedade
- vibração mental positiva
- postura em loja
- correta circulação
- silêncio

As vibrações equilibradas do procedimento do ritual maçônico propaga-se por uma correspondência sutil, além do corpo físico, na forma psíquica, onde elas estabelecem um estado de harmonia e de serenidade necessário à obtenção dos estados superiores do ser. É a saída do “tempo ordinário” entrando no “tempo simbólico”.

Simbolismo ritualístico

Os símbolos maçônicos podem ser tangíveis (esquadro, compasso, pedra bruta, etc) ou de natureza oculta, a qual desenvolvida em uma forma de cerimonial, controlada e dirigida pelo ritual da ordem, pode ser designada como o simbolismo ritualístico da maçonaria.
Nesta ordem encontram-se os rituais:
- de descalçamento;
- do despojamento dos metais;
- da investidura;
- da circunvolução;
- da investidura das luvas;
- da aceitação;
- da purificação;
- da luz.

BIBLIOGRAFIA:
- MACKEY, Albert G – O Simbolismo da Maçonaria;
- CARVALHO MONTEIRO, Eduardo – O Esoterismo na Ritualística Maçônica;
- GOULART JACQUES, WALNYR – Uma Loja Simbólica REEA;
- LOPES CASALS, Pedro Henrique – Casos da Maçonaria;
- D´ELIA JUNIOR, Raymundo – Maçonaria 100 Instruções de Aprendiz;
- NOGUEIRA FILHO, Samuel – Maçonaria Religião e Simbolismo;
- QUEIROZ, Álvaro de – Os Símbolos Maçônicos REEA;
- VALZACCHI, Paulo – O Diário de Um Maçom;
- GUIMARÃES, João Francisco – Aprendiz, Conhecimentos Básicos da Maçonaria;
- GERVÁSIO DE FIGUEIREDO, Joaquim – Dicionário de Maçonaria;
- Wikipédia.

Abril de 2011. Apresentado na Loja Tradição, Justiça e Liberdade n° 179, Oriente de Porto Alegre.
SFU
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domingo, 13 de março de 2011

O Fato Histórico, a Fenomenologia e o Anacronismo no estudo da Maçonaria.

Por Irm.´. Luis Genaro (Moshe) M.´.I.´.


Na Maçonaria história e lenda se confundem. O limite entre o que é fato histórico e o que é lenda, nem sempre é perfeitamente delimitado para o estudioso da Maçonaria, trazendo aos menos especializados, dúvidas e equívocos que acabam se perpetuando.

Não podemos esquecer, que na Maçonaria e nas Ordens Iniciáticas secretas (ou discretas como é a Maçonaria), todas simbólicas, o conhecimento se transmite, em grande parte, através da tradição oral. Se houver um erro de um determinado fato histórico, um excesso, ou uma deformação histórica, ela tende a se perpetuar entre seus adeptos.

Não é difícil encontrar Maçons que defendem a ideia que o primeiro maçom foi Adão (o homem primevo segundo a Bíblia), ou que Jesus teria sido o fundador da Maçonaria, de que a Maçonaria teria surgido durante o Império do Antigo Egito, de que Pitágoras teria sido um dos principais ícones da Maçonaria antiga, etc. Há os que afirmem que a Maçonaria está ligada diretamente à Criação do Universo. Nestas afirmações, não há nenhuma fundamentação histórica, baseada em fato histórico científico, perdendo-se completamente em “atos de fé” ou de deformações no conhecimento sobre as verdadeiras origens da Ordem.

Todo “ato de fé” é traduzido num Dogma. E dogma (ou a presença dele) é a característica mais comum de uma Religião. A Maçonaria propugna não ser uma Religião (embora tenha religiosidade) e, portanto, não pode ser defensora de dogmas, sejam eles quais forem. Como temos uma Crença comum (da existência de um principio Criador que denominamos Grande Arquiteto do Universo) e devido as grandes influências da Igreja Católica e da religião Hebraica (ligado às origens da Maçonaria que se desenvolvera paralelamente ao Cristianismo, principalmente no final da Idade Média e na Idade Moderna), existem elementos comuns que podem confundir os menos estudiosos.

Mais complexo (e não menos polêmico) é a história sobre a Construção do Templo de Salomão e a Lenda de Hiram, que é a coluna vertebral da Maçonaria, principalmente nos Graus Simbólicos. O que se sabe sobre a construção do Templo, é que consta na Bíblia, no 3° Livro de Reis (Primeiro Reis) Capítulos 5 a 9 . Não há registros históricos da Construção deste Templo, em nenhum dos documentos originados pelas diversas sociedades da época (como por exemplo o Antigo Egito, o Império Chinês, Hindu, nem nos outras populações que residiam na Terra naquele período). Não foram encontrados registros arqueológicos do Templo de Salomão (que segundo a própria Bíblia teria sido destruído e reconstruído 3 vezes). Restaram apenas, ruínas do que fora o Templo de Herodes que, segundo a histografia, poderia ter sido construído no mesmo lugar onde teria existido o famoso Templo do Rei Sábio. Se o Templo de Salomão é uma dúvida razoável, a saga de Hiram é uma Lenda. Nem na Bíblia encontramos o desenrolar da estória que se conta na Maçonaria. Isso sem considerar o aprofundamento que se faz, nas instruções dos Graus chamados filosóficos. Mas este é um assunto para outro artigo.

Importante para o estudioso na Maçonaria é separar o que é fato histórico, lenda, invencionice, fenomenologia e anacronismo.

O Historiador trabalha com hipóteses, coisas que, em última instância não deixam de serem especulações, mas, mesmo assim, ele faz sobre essas especulações uma análise dialética, ou seja, baseada em proposições e contra proposições, que torna o que é Histórico impossível de ser construído sem um elevado grau de abstração. Busco e defendo que a abstração é científica, existe até uma metodologia de trabalho baseada nela.

Chama-se Fenomenologia. Uma metodologia segundo a qual não existe uma verdade definitiva, todos os fatos só existem quando acontecem, mas é impossível retrata-los tal como eles realmente são, pois toda e qualquer tentativa de fazê-lo será apenas mais uma interpretação e, como tal, extremamente parcial, baseada em juízos de valores e características individuais que, como o nome diz, são diferentes em cada um. Sendo assim, duas interpretações de um mesmo fato não serão iguais nem mesmo se forem dadas por duas testemunhas oculares.

Ninguém pode negar que, em sua época, Platão foi um cientista, no entanto, ele não se baseava em fatos comprovados ou mesmo em documentos totalmente dignos de credibilidade. Mesmo assim, até hoje não ficou comprovado que ele tenha inventado nada, nem mesmo a História de Atlântida, afinal ele a atribuí a Sólon, o famoso político grego. O que Platão fazia então? Ele abstraía em cima de acontecimentos que presenciava ou dos quais tomava conhecimento. Suas abstrações foram tão brilhantes que ele iniciou uma corrente de pensamento tão forte que até hoje é tida como válida. Agora vejamos. Se Platão podia faz Ciência através, única e exclusivamente, da abstração, porque nós também não podemos?

Temos que ter em mente que nossas concepções pessoais estão e sempre estarão envolvidas em tudo o que escrevermos, dissermos ou pensarmos, mas não podemos deixar que elas (que são os nossos paradigmas) nos retirem do eixo que deve ser o fundamental de cada trabalho sério e, sendo assim, científico: a busca da verdade.

A busca da verdade é ingrata, pois por mais que a busquemos, tudo o que encontraremos será nossa própria construção do que é real.

Um erro comum para quem estuda a história é o anacronismo. O anacronismo é o ato de se atribuir coisas de um tempo a outro, de se colocar um costume, uma organização, uma arma, um pensamento... Em um tempo que não é o dela. Em geral o anacronismo se dá em relação a tempos mais remotos, por exemplo, é comum se acreditar que Roma foi sempre um Império, que sempre teve um Imperador, afinal, sempre ouvimos falar de César, do Império Romano, mas isso é uma inverdade, o Império Romano só pode ser considerado como iniciado em 27 a.C., quando Otávio é considerado Augusto, ou ainda, em 14 d.C., quando depois de sua morte, Tibérius assume como o primeiro Imperador
Romano, visto que Augusto é considerado pela historiografia como Príncipe, mas não como imperador. Depois dessa explicação, pode-se constatar uma coisa, Júlio César, o famoso César de Roma, aquele que enfrenta Asterix e Obelix em suas histórias, nunca foi Imperador, ele era apenas um dos Cônsules da Roma Republicana, e sendo assim, anterior ao nascimento do Império. Considera-lo Imperador seria um anacronismo.

Muitas conclusões de Maçons em trabalhos apresentados (inclusive em Livros e Artigos) estão baseadas em anacronismos. Em algumas ocasiões, estes anacronismos se revelaram e se incorporaram em nossos Rituais, modificando o fundamento inicial dos mesmos, alterando, logicamente, o significado e interpretação original. Neste sentido, podemos citar a questão do uso do bastão, o uso da Bíblia, o acendimento das luzes (no REAA), o uso de sinos ou sinetas, a incorporação de uma harmonia (música) sacra e religiosa, etc.

Tudo na Maçonaria é simbólico. Mas é muito importante que possamos resgatar os conceitos originais, reestabelecer a verdade histórica, retirar de nossos estudos e rituais àquilo que represente anacronismos, como forma de ficar mais claro para os neófitos e para todos os Maçons, qual a Verdade (que é o principal objetivo de nossa busca dentro da Ordem). A tese de que todos nos temos uma interpretação sobre a Verdade (fenomenologia) não impede que tenhamos a condição de “depurar” o conhecimento para que as nevoas da ignorância se dissipem com mais facilidade.

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